Um Horizonte promissor para o mercado segurador
As seguradoras e demais agentes deste setor jamais estiveram, em toda a sua história, diante de um cenário político- econômico e regulatório tão favorável à livre competição e a novas oportunidades de crescimento. A ampliação do acesso ao crédito e o decorrente boom do segmento imobiliário, o ligeiro aumento da renda do trabalhador brasileiro e os programas assistencialistas, os recordes de venda da indústria automobilística e a própria condição estável da economia são elementos externos não diretamente ligados ao ambiente segurador que, por si sós, passaram a refletir positivamente nos resultados das seguradoras.
Somente em 2006, segundo dados da Susep, o órgão regulador do segmento, a arrecadação do mercado de seguros no Brasil totalizou cerca de R$ 50 bilhões em prêmios emitidos, um crescimento de mais de 17,8% em relação a 2005. Caso esta tendência se mantenha, não será nenhum exagero confirmar as previsões de analistas que projetam uma elevação da participação dos seguros, sem incluir saúde e previdência, no PIB brasileiro dos atuais 3,39% (Susep) para 5% no médio prazo. Por outro lado, não resta dúvida de que existe ainda um longo caminho a percorrer para se chegar a tal patamar.
Não é demais lembrar que o mercado segurador permaneceu, por longas quatro décadas, estagnado e relegado a uma posição secundária dentro da indústria financeira. Essa condição decorreu, em parte, de um misto de excesso de regulação, que engessou os processos e limitou os planos de expansão, e conseqüentemente a criatividade.
Historicamente, a ausência de um mercado consumidor preparado para adquirir produtos de seguros acabou por cercear o espírito inovador necessário para que os seguradores brasileiros acompanhassem, no mesmo ritmo, aqueles de países desenvolvidos. Por conta deste atraso, o Brasil, apesar de seu imenso potencial, ainda figura como coadjuvante no ranking mundial. Este cenário parece estar mudando, o que, de certa forma, revela o gradual amadurecimento e valorização deste setor. Desde o início de 2006, por exemplo, investidores estrangeiros injetaram somas importantes no desenvolvimento de ramos elementares.
Partindo do princípio de que, na virada do milênio, não havia sequer um único investidor interessado em colocar capital na indústria de seguros brasileira, este já é um relevante termômetro de que o mercado está, sim, em uma etapa ascendente. Este interesse crescente é fruto, por exemplo, do fim do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e da conseqüente abertura do mercado de resseguros brasileiro – que ainda aguarda a definição do órgão regulador sobre as regras de atuação das resseguradoras internacionais neste novo ambiente.
Além disso, aquelas que já têm experiência global neste tipo de atividade serão as mais preparadas para atender a novas demandas, já que, em termos de operação de resseguro, tudo é novidade no Brasil. Outro aspecto positivo é o nível de qualificação e profissionalismo crescente de nossos corretores especializados, cada vez mais antenados às potenciais oportunidades em energia, transportes e construção civil.
Trata-se de aprendizados que não se fazem da noite para o dia. Portanto, quem tiver mais experiência, com certeza, sairá na frente no curto e médio prazo. Em paralelo à flexibilização do resseguro, a Susep também anunciou um conjunto de resoluções que determinam a revisão do modelo de margem de solvência adotado no Brasil pelas seguradoras. A medida é a confirmação de que o mercado segurador está realmente caminhando para o amadurecimento.
Em um cenário de redução de juros e das margens de rentabilidade de aplicação das reservas técnicas, a busca por eficiência operacional e a criatividade serão o grande diferencial competitivo das seguradoras. Ou seja, investir em gente, tecnologia e inovação, reduzir burocracias, aprimorar o relacionamento com os canais de distribuição e criar novos produtos, olhando para as reais necessidades dos clientes, serão a postura esperada deste mercado. Todos os ventos conspiram para que a indústria seguradora cresça de forma sustentável e ocupe uma posição condizente com a grandeza e as oportunidades deste novo Brasil. E, vale dizer, nunca o setor de seguros dependeu tanto apenas de si mesmo para chegar lá! (Luis Maurette – Presidente da Liberty Seguros no Brasil)
Fonte: CQCS