Um futuro sem Kadafi
Se depender da coalizão internacional e dos rebeldes líbios, o ditador Muamar Kadafi está com os dias contados. Enquanto os insurgentes conquistam importantes posições no front, no campo diplomático os países envolvidos na guerra contra o ditador começam a planejar a transição política em Trípoli. Denis McDonough, conselheiro adjunto de segurança nacional da Casa Branca, afirmou que uma reunião marcada para hoje, em Londres, definirá a situação da Líbia quando o coronel deixar o poder. ´Acreditamos que seja muito importante definir um objetivo, uma visão de futuro. Não vamos liderar a reunião, que será dirigida pelo Reino Unido, mas esperamos que se definam o objetivo político final e aquela meta que os líbios podem esperar`, explicou McDonough. Mais cedo, o premiê britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, deram uma prévia do que será debatido durante o encontro, que contará com a participação de ministros das Relações Exteriores de 40 países. ´O regime atual perdeu toda legitimidade. Kadafi deve partir imediatamente`, advertiram os dois governantes. Confiantes com as retomadas de cidades-chave – como Bin Jawad, Brega e o porto petrolífero de Ras Lanuf -, os insurgentes já se preparam para o futuro. Em entrevista à TV France 2, Mustafá Abdeljalil, presidente do Conselho Nacional Transitório (CNT), afirmou que Kadafi será julgado na Líbia pelos próprios rebeldes, ´após a vitória`. ´Precisamos com urgência de armas leves, porque o combate nos impõe`, declarou o ex-ministro da Justiça, em um local secreto na região de Benghazi (leste). ´Tentaremos construir um país livre, democrático, que respeita os direitos humanos e a alternância política`, acrescentou. Ele elogiou a população líbia por ter feito ´uma escolha difícil, a de enfrentar um tirano`. Por e-mail, o tunisiano Jabeur Fathally, professor de direito da Universidade de Ottawa (Canadá), admitiu que a situação de Kadafi é complicada. ´Suas forças perderam boa parte das capacidades operacionais e logísticas. Agora, o coronel tenta manter suas tropas na região da capital, porque pensa que a guerra real será a Batalha de Trípoli`, disse. O especialista reconhece que o avanço dos rebeldes no leste da Líbia é o resultado dos ataques da coalizão internacional. ´Kadafi não tem poder para mover suas tropas a outras cidades sem a ajuda da aviação, praticamente destruída pelos bombardeios`, comentou. Fathally também garante que os líbios e o Ocidente gostariam de colocar um fim rápido à guerra civil e, para isso, ainda buscam um acordo para que o ditador recorra ao exílio no Catar. De acordo com o historiador Rashid Khalidi, os insurgentes estão longe de derrotar as tropas do coronel e de derrubá-lo, mais ainda de levá-lo a julgamento. Ele sustenta que a ideia de uma solução negociada apoiada pela Turquia – que incluiria a renúncia e fuga de Kadafi – implicaria em menos mortes, mas também em impunidade.”Tentaremos construir um país livre, democrático, que respeita os direitos humanos e a alternância política` Mustafá Abdeljalil, presidente do Conselho Nacional Transitório (CNT)
Fonte: DIARIO DE PERNAMBUCO