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Transporte é carteira em crise

O mercado de seguros de transporte rodoviário de cargas está em crise no País, a ponto de algumas seguradoras já terem desistido de operar nas modalidades de coberturas que apresentam hoje margem de rentabilidade muito estreita. Se a concorrência predatória, a queda na receita de prêmios e o aumento da sinistralidade continuarem, a carteira vai naufragar, advertiu o diretor-executivo de Transportes da corretora Aon Risk, Mauro Camillo. Segundo ele, a situação atual é caótica principalmente porque, nos últimos três anos, as seguradoras passaram a atuar com mais flexibilidade para conquistar o cliente.
– Isso foi um engano, pois só trouxe dificuldades para os anos seguintes. Se um cliente conseguia um desconto na taxa com uma sinistralidade ruim, acreditava adquirir outro posteriormente. Caso contrário, mudava de seguradora. É o famoso rouba-monte. O cliente se acostumou a isso – comentou o executivo, para quem as seguradoras precisam adotar urgentemente uma postura diferente e mais coerente na avaliação das taxas.O diretor-executivo da Mapfre Seguros, Artur Santos, reconheceu que a sinistralidade da carteira está mesmo ascendente, principalmente no seguro de responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga (RCTR-C). Ele associou o aumento dos sinistros aos descontos de preços concedidos pelas seguradoras aos clientes. Segundo ele, basta observar os dados sobre a sinistralidade do RCTR-C para verificar a sua evolução nos últimos anos.Ele disse que a sinistralidade desse seguro, que em 2001 se situou em 48%, chegou a 66% em 2008 e já subiu para 77% no primeiro trimestre de 2009. Essa era a carteira que nós, seguradores, tínhamos como um colchão para sustentar o seguro de roubo de carga. No entanto, hoje, está praticamente igual, destacou Artur Santos, ao participar, ao lado de Mauro Camillo, do Ciclo Cobertura de Debates, realizado em São Paulo.ROUBO. O executivo da Mapfre acrescentou ainda que essa situação já desencadeou a saída de algumas seguradoras desse segmento. Para contornar as dificuldades da carteira, ele sugeriu que as seguradoras adotem medidas como a redução de limite máximo de indenização e o aumento da franquia, na participação obrigatória do segurado no valor inicial da importância segurada.No evento, o assessor de Segurança da Associação Nacional das Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas (NTC), Paulo Roberto de Souza, observou que o roubo de cargas cresceu até 2002, estabilizando-se nos quatro anos seguintes, para voltar a subir nos últimos dois anos.Segundo o especialista, o País registrou, em 2007, 11.850 casos de roubo e furto de cargas, que geraram prejuízos de R$ 735 milhões. Em 2008, cujos números não estão fechados ainda, estima-se em 12.400 ocorrências, com prejuízos de R$ 800 milhões. No primeiro trimestre deste ano, apenas em São Paulo, foram registrados 1.849 casos, aumento de 10% sobre igual período do ano passado.Paulo de Souza disse ainda que 54,5% das ocorrências de roubo registradas em 2008 estão ligadas a entregas de mercadorias em áreas urbanas com valores estimados entre R$ 3 mil e R$ 30 mil. Os roubos em rodovias vêm decrescendo. A razão é que as cargas de rodovias, de maior valor agregado, passaram a ter maior proteção com o gerenciamento de riscos. Em contrapartida, é notório o aumento das ocorrências em áreas urbanas, concluiu o especialista.

Fonte: Jornal do Commercio

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