Toyota investe R$ 1 bi para montar novo carro no país
Ao perceber os primeiros sinais de recuperação da economia brasileira, o presidente da Toyota na América Latina, Steve St Angelo, concluiu que chegara a hora de começar a produzir mais um tipo de veículo no país. “Um par de meses atrás a matriz, no Japão, nos deu a autorização”, disse ontem o executivo, poucos minutos antes de anunciar que a montadora investirá R$ 1 bilhão para produzir em Sorocaba (SP) o Yaris, um modelo de carro médio já produzido na França, China, Tailândia e Taiwan.
Apesar da turbulência que ronda o país por conta, principalmente, da crise política, o executivo explicou à matriz da segunda maior montadora do mundo que havia vários sinais positivos que favoreciam um novo projeto no Brasil. “A inflação sob controle, queda nos Juros e estabilidade do Câmbio, entre outros, nos indicavam que era o momento de investir para não perder a chance de lançar o novo modelo quando a atividade econômica estiver ainda melhor”, afirmou o executivo.
A produção da nova linha vai exigir a abertura de 300 postos de trabalho que se somarão aos 1,9 mil já existentes naquela unidade. Além desses, outras 200 vagas serão abertas entre os fornecedores.
Com o Yaris, que começará a ser vendido no segundo semestre de 2018, a Toyota passará a concorrer em um segmento do qual ainda não participa. O novo modelo, que disputará consumidores que hoje compram, por exemplo, o Fit, da Honda. Estará numa categoria intermediária entre o sedã Corolla, que a Toyota produz em Indaiatuba (SP), e o compacto Etios, fabricado em Sorocaba.
O novo investimento se soma aos R$ 600 milhões anunciados pela Toyota em novembro para quase dobrar a capacidade de produção de motores na fábrica de Porto Feliz, vizinha a Sorocaba. Essa unidade produzirá os motores de toda a linha Toyota fabricada no Brasil, contrastando com a excessiva dependência de importação do Japão, que caracterizava os motores dos carros da montadora num passado recente.
Segundo o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, desde 2012, quando foi construída a fábrica de Sorocaba, a Toyota já investiu no Brasil total de R$ 4,2 bilhões e, durante a crise, não fez demissões. Hoje 5,8 mil trabalham na empresa. A Toyota também foi uma das poucas montadoras a não adotar ferramentas de afastamento temporário de pessoal, como o “layoff”.
Com o Yaris, a montadora japonesa pretende não só ampliar sua participação no mercado nacional, onde ocupa o sexto lugar, com quase 9%, mas também ampliar a exportação, que hoje absorve 28% da produção.
Steve, como é conhecido na companhia, disse saber que não será fácil disputar mercados externos com outras fábricas da montadora, principalmente a da Tailândia, que é bastante competitiva. Mas o executivo americano já conseguiu dar passos largos nessa direção desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2013.
“Quando cheguei no Brasil era meu sonho exportar para países vizinhos, que compravam de fábricas mais distantes. Em alguns mercados da América Latina eram vendidos Corollas importados da fábrica do Mississípi, nos Estados Unidos. Mas, graças às lições de produtividade, aprendidas com a crise, e a estabilidade no Câmbio, disse ele, a filial brasileira vende hoje para Argentina, Paraguai, Uruguai, Peru, Honduras e Costa Rica e em janeiro vai começar a exportar para a Colômbia.
“O Brasil precisa de boas notícias”, disse Steve. O executivo reconhece que o país precisa ainda melhorar muito a sua competitividade para inserir-se no mercado global. Ele aponta as necessidades de melhorias na infraestrutura e logística no país. Mas não se importa com a demora na aprovação de reformas anunciadas pelo governo.
Ele disse que aprendeu muito com a paciência oriental dos japoneses. “É preciso sempre planejar, entender, explicar e depois executar. Para um ocidental às vezes é difícil entender isso. Se o Brasil demorar muito tempo para executar certas reformas isso não deve ser um problema. O importante é que todos entendam para que servem”.
Fonte: Valor