Mercado de SegurosNotícias

Teles são atrativas, mas risco é elevado, alertam analistas

Olhando as fortes oscilações recentes dos papéis, no entanto, e com a indefinição sobre as condições do negócio, a maioria dos analistas recomenda muita cautela, apesar de os papéis estarem baratos. Além de não se saber detalhes importantes, como valor final do negócio, há ainda dúvidas sobre o que vai acontecer com as ações da BrT depois de a empresa ser absorvida pela Oi.
O setor apresenta grandes desafios, principalmente na parte de telefonia fixa, que vem perdendo espaço. Essa situação, no entanto, está sendo compensada com o aumento no uso de banda larga e telefonia móvel. Além disso, crescem os chamados pacotes – combinações de serviços de telefonia fixa, móvel e TV por assinatura. “Isso ajuda as empresas a terem algum crescimento de receita”, diz Luciana Leocadio, chefe de análise da Ativa Corretora.
Na avaliação de Luciana, uma possível compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) traria ganho de escala, já que as duas empresas têm redes complementares. A BrT atua nas regiões Sul, Centro-Oeste e em três Estados do Norte. Já a Oi opera em todas as regiões restantes, com exceção de São Paulo. A analista lembra, entretanto, que a Oi venceu leilão para oferecer telefonia móvel em São Paulo. “Mas não acho que seria prejudicial para o consumidor porque as duas empresas praticamente não concorrem entre si.”
Mas a parte societária merece atenção. As duas companhias têm controladores não ligados ao setor de telefonia, o que traz riscos. A Telemar, por exemplo, é controlada pela Andrade Gutierrez, GP e governo. Já a BrT é controlada pelo Citigroup e fundos de pensão. “Nos dois casos, o grupo controlador detém ações ordinárias, o que contribui para que não haja um alinhamento de interesses entre ONs e PNs”, diz Luciana.
Caso a aquisição realmente aconteça, as ordinárias da BrT (BRTP3) teriam direito ao “tag along” – prêmio de controle pago aos minoritários. Por isso, as ONs seriam mais indicadas, inclusive de Telemar (TNLP3), na opinião da analista. As preferenciais teriam um risco maior, por não contarem com “tag along”, diz Luciana.
O setor ficou jogado às traças nos últimos dois anos e os preços estão muito atrasados em relação a outros segmentos, diz Alexandre Espírito Santo, sócio da Plenus Gestão de Recursos e chefe do departamento de Economia e Finanças da ESPM-RJ. “A integração entre as duas empresas vem sendo muito bem recebida pelo mercado, pois haveria ganhos de escala”, avalia. Mas ele ressalva que se o investidor resolver correr esse risco, é melhor optar pelas ONs.
O mercado ainda está trabalhando muito em cima de hipóteses e cautela nunca é demais, recomenda Jacqueline Lison, analista de telecomunicações da Fator Corretora. Ela está recomendando a ação ON da holding da Oi/Telemar e a PN da Contax, empresa de atendimento telefônico. “Mas temos recomendação de compra para as PNs da Brasil Telecom, com base nos fundamentos da empresa, e não no cenário especulativo”, diz ela, lembrando que há um fator de risco maior nesse papel por não ter direito a “tag along” e pertencer à empresa comprada, ou seja, a parte mais fraca na operação. “Mas ao mesmo tempo são ações baratas, pois caíram nos últimos três meses junto com as ações de segunda linha”. Pelo mesmo motivo, ela recomenda também as ações da operadora de celulares Tim e a empresa de tevê a cabo Net.
Para Jacqueline, é difícil traçar um cenário sobre o setor porque não há até agora informações concretas sobre a operação. “Temos o sai nos jornais e as informações do ministro das Comunicações, Hélio Costa, e todo o movimento das ações é fruto de especulação”, diz. Mas, trabalhando com os dados divulgados pela imprensa, como o valor de R$ 4, 8 bilhões pelo controle da Brasil Telecom, já se poderia estimar que as ações ordinárias (ON) da operadora estariam no preço. “Talvez a ON da Brasil Telecom tenha um potencial de alta de 10%, com o ´tag along´ para os minoritários entre R$ 52 e R% 56 por ação”, diz ela. Essa diferença existe porque não se sabe se as ações ON que o fundo de pensão Previ possui entram no bloco de controle. Se estiverem incluídos, o valor é o menor. Se não, é o maior.
Olhando do ponto de vista do acionista da Oi/Telemar, Jacqueline vê o negócio como positivo, pois o preço, se confirmado, é justo e a operação agregaria valor à empresa. Já as PNs da Brasil Telecom vão depender de uma segunda fase, onde o racional seria a Telemar deve tentar reduzir o número de ações no mercado, explica.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?