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Telemar mantém plano de reorganização

RIO – Após passarem a manhã reunidos, enquanto as ações ordinárias enfrentavam uma das piores quedas diárias do histórico – em dia de vencimento de opções – executivos e advogados da Telemar decidiram manter a operação de reorganização societária para unificar as ações numa companhia, a Oi Participações, que teria apenas ações ordinárias e seria listada no Novo Mercado.
O comunicado divulgado na tarde de ontem diz que a operação será mantida, sem alteração dos valores estipulados para a relação de troca de ações e informa que está avaliando os termos do parecer emitido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira, sem esclarecer se irá contestá-los. Pelos termos do parecer, tanto controladores quanto acionistas minoritários que detém ações ordinárias não poderiam votar na Assembléia Geral Extraordinária (AGE) na qual a operação será avaliada.
A informação que circulava no grupo Telemar ontem era a de que a empresa não pretende contestar formalmente o órgão regulador do mercado de capitais. A interpretação foi de que é necessário seguir a determinação da autarquia. Por outro lado, também se comentava que os próprios investidores que possuem ações ON devem apresentar reclamações por terem seu direito de voto retirado.
O presidente da Telemar, Luiz Eduardo Falco, disse ao Valor que acredita que, para o mercado de capitais brasileiro, seria importante que uma operação como essa fosse bem-sucedida, mas disse que os investidores é que vão avaliar. ” Nós continuamos tocando o cronograma, tentando obter as aprovações necessárias ” , disse ele. Falco acrescentou que interpretou como sinal positivo a alta das ações preferenciais ontem. Com o fechamento do papel a R$ 31, a cotação chega mais perto dos R$ 34 que se avaliava como ponto de equilíbrio para a operação.
Ontem, no início do dia, começou a haver uma especulação sobre se a empresa negociaria os valores de troca com os preferencialistas em função dos novos fatos. Mas isso não ocorreu. ” Se a empresa começar um leilão, os investidores de PN ganham muito poder ” , lembrou um gestor de fundos.
Segundo apurou o Valor, os controladores não estão dispostos a negociar a relação de troca e nem haveria clima entre eles para isso. ” Com um bloco de controle tão heterogêneo, já se chegou ao limite das negociações ” , disse uma fonte.
Além disso, muitos dos controladores consideram que reduzir o prêmio atribuído a eles na operação significaria receber uma remuneração abaixo do que estão dispostos a aceitar pelo investimento.
O raciocínio é que ainda há boas chances de os minoritários aprovarem a operação, dada a reação positiva que os papéis preferenciais tiveram depois que a companhia desistiu da oferta secundária. Mas os controladores sabem que, se a operação não sair, os papéis deverão cair muito.
A Telemar trabalha para convocar no início de setembro a AGE que vai avaliar a operação. O parecer da CVM avalia que em operações de incorporação nas quais há diferentes preços para as relações de troca, os acionistas que forem beneficiados por essa diferença não devem votar para a aprovação da operação, a não ser que haja um critério ? objetivamente verificável ? para a definição do valor. Com isso, apenas os detentores de ações preferenciais devem votar na AGE.
Outra mudança que deve ocorrer diz respeito ao que se chama voto ” afirmativo ” . Inicialmente, o fato relevante divulgado pela Telemar dizia que 50% mais 1 do conjuntos de acionistas da Telemar teria que votar negativamente para barrar a operação. Mas a CVM avaliou que o correto é que a maioria tenha que votar a favor do plano para que ele seja aprovado.
Para Luiz Fernando Figueiredo, presidente da Associação dos Investidores do Mercado de Capitais (Amec), o parecer da CVM tem efeito positivo. Segundo ele, a relação de troca agora tem condições de ser discutida, e não imposta ao minoritários. Mas ele já adianta que não acredita que os minoritários aceitem a relação atual proposta pela empresa. ” A diferença é que agora temos condições de discutir. ”
A proposta de pulverização nasceu depois dos sócios controladores da Telemar buscarem, sem sucesso, compradores para a operadora. Como não havia propostas na mesa, o desenho – seguindo as operações realizadas com sucesso pela Embraer e pela Perdigão – começou a tomar fôlego.
GP Investimentos e BNDEs foram os principais defensores da pulverização do controle como saída para o imbróglio societário que vinha penalizando o valor da companhia. Nem todos os sócios eram favoráveis.
Mas a inclusão da oferta secundária atrelada à reestruturação societária foi decisiva para convencer até aqueles que estavam contra. Isso porque previa um preço elevadíssimo pelos papéis. Alguns controladores avaliaram que a oferta àquele preço poderia inviabilizar por desagradar os minoritários, mas foram adiante para viabilizar a pulverização. Na Andrade Gutierrez, que preferia continuar na empresa, a constatação é de que o retorno que se obteria já justificaria deixar a companhia. O grupo, então, pretendia reinvestir em setores em que continua tendo interesse na área de infra-estrutura, através da empresa criada batizada de Andrade Concessões.
(Heloísa Magalhães, Catherine Vieira e Vanessa Adachi | Valor Econômico. Colaborou Angelo Pavini)

Fonte: Valor

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