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Telemar adia oferta e reestruturação

SÃO PAULO – Sem conseguir uma valorização consistente das ações, a Telemar adiou a oferta pública secundária que visa à pulverização do capital da empresa na bolsa.
Prevista inicialmente para julho, a venda das ações – estimada em cerca de R$ 3 bilhões – não deverá acontecer antes de setembro, conforme deixa transparecer comunicado enviado na sexta-feira pela operadora à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Outra megaoferta de ações, a da empresa de celular TIM, também está em compasso de espera. Segundo fonte próxima ao assunto, a Telecom Italia avalia que, diante da turbulência na bolsa, não há condições para colocar agora no mercado as ações de sua controlada e não deverá fazê-lo ainda que receba autorização da CVM. O grupo estuda vender entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões em papéis preferenciais. Procurada, a Telecom Italia não quis se manifestar.
No comunicado, a Telemar informou que poderá fazer em julho a convocação da assembléia geral extraordinária que discutirá a reestruturação societária do grupo. Isso significa que a assembléia deverá ocorrer em agosto, na melhor das hipóteses. Embora a Lei das S.A. exija que os acionistas sejam chamados com antecedência de 15 dias, fonte ligada à operadora diz que a empresa deverá conceder intervalo de um mês, conforme orientação da CVM para casos complexos e que envolvem investidores estrangeiros.
Agosto, entretanto, é mês de férias no Hemisfério Norte e a Telemar tem ADRs na Bolsa de Nova York. Fontes próximas à empresa já disseram que, se não fosse possível fazer a oferta em julho, ela seria transferida para setembro.
A Telemar disse que o processo deverá ser concluído na segunda metade de 2006. A operadora atribuiu o adiamento ao fato de a Bovespa, CVM e Securities and Exchange Commission (SEC, regulador do mercado americano) terem solicitado informações adicionais sobre a reorganização societária.
Porém, é evidente que o desempenho das ações nos últimos dois meses não ajudou. Desde a véspera do anúncio da operação, que ocorreu em 17 de abril, as ações mais líquidas do grupo – as preferenciais e ordinárias da Tele Norte Leste Participações – acumulam queda de 18% e 3,24%, respectivamente.
Os papéis estão abaixo do preço estipulado para a oferta, de R$ 2,7 a quase R$ 3 por ação. Esses valores implicariam que a Telemar fosse negociada a um múltiplo de cinco vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, o que não aconteceu. A instabilidade na bolsa contribuiu para reduzir o apetite dos investidores.
” O mercado está muito ruim e, agora, existe risco de a oferta não sair. Faz sentido a Telemar esperar mais ” , afirma Shay Chor, analista do Santander.
Somou-se a esse quadro uma reclamação que a Brandes Investment Partners, gestora americana de recursos, fez à SEC sobre a reestruturação – o que motivou os questionamentos dos órgãos reguladores brasileiro e americano.
No documento, a Brandes afirma que a relação de troca das ações prejudica os preferencialistas. Além disso, critica o fato de a votação ser a mesma para detentores de papéis preferenciais e ordinários, o que também seria ruim para os primeiros. A gestora, que representa ADRs equivalentes a 8,75% das PNs da Telemar em circulação, diz que votará contra a proposta na assembléia, nessas condições.
Para o analista Roger Oey, do Banif, a combinação do preço das ações com a situação do mercado e a queixa desse minoritário provocou o adiamento. Segundo ele, não faria sentido a Telemar reduzir o preço da oferta para implementá-la agora. ” Isso seria um próximo passo. Por enquanto, a empresa vai fazer de tudo para mostrar que a operação vai sair. ”
Os sócios da Telemar querem enxugar a estrutura atual, com a migração dos acionistas das empresas negociadas em bolsa (Tele Norte Leste e Telemar) para uma holding, a Oi Participações. Paralelamente, os controladores deverão ofertar parte ou a totalidade de suas ações. São vendedores GP, Andrade Gutierrez e La Fonte. Outros, como a Previ e o BNDES, ainda avaliam se participarão da oferta.

Fonte: Valor

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