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Superintendente da Susep avalia mercado de seguros

Seguro Total: Como você avalia o ano de 2010 para o mercado?
Paulo dos Santos: O mercado brasileiro continua crescendo em ritmo acelerado, com destaque para os ramos vida e previdência. Em 2010, o setor gerou um volume de prêmios da ordem de R$ 90 bilhões, 17,6% a mais do que o montante apurado em 2009. Essas cifras englobam todos os ramos de seguros, com exceção do saúde (segmento supervisionado pela ANS), e o PGBL.
Entre as principais carteiras, destaque para o ramo de automóveis. No acumulado de janeiro a dezembro, a receita apurada nesse ramo (excluindo o seguro obrigatório, Dpvat) somou R$ 20,05 bilhões, 15,2% a mais que no mesmo período do ano passado.
O VGBL manteve o posto de maior carteira do mercado. Em 2010, essa modalidade gerou R$ 36,7 bilhões em prêmios, o que representou um crescimento de 21,8% em relação ao exercício anterior.
Entre as carteiras de porte médio, a receita apurada com a venda do seguro viagem voltou a impressionar, com um incremento de 117,5% entre os dois períodos comparados. A soma apurada de janeiro a dezembro chegou a R$ 33,5 milhões.
O seguro prestamista também registrou um desempenho bastante positivo no ano passado, com um volume de prêmios da ordem de R$ 3,4 bilhões, 25% a mais do que em 2009.
O excelente desempenho do mercado foi favorecido ainda pela queda da taxa média de sinistralidade, de 52% para 50%, entre os dois períodos comparados, embora os sinistros retidos pelas seguradoras tenham apresentado alta de 8,1%, para R$ 22,6 bilhões. Isso significa que, em 2010, o mercado devolveu para a sociedade, na forma de indenizações, benefícios e resgates, algo em torno de R$ 65,5 milhões por dia, incluindo finais de semana e feriados; ou ainda, R$ 2,7 milhões a cada hora.
Para os corretores de seguros a boa notícia foi o incremento de 21,4% das despesas comerciais, que chegaram a R$ 10,4 bilhões no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado. Essas despesas englobam, em linhas gerais, as comissões de corretagem pagas pelas seguradoras, além de campanhas promocionais.
ST: E quais são as perspectivas para os próximos anos?
PS: As perspectivas são as melhores possíveis para o futuro. Mesmo que não mantenha o acelerado ritmo de crescimento apurado nos últimos anos, eu não tenho dúvidas de que o mercado de seguros, previdência aberta e capitalização irá manter, ainda por um bom tempo, uma média de incremento anual acima da variação do PIB brasileiro.
Assim, é quase certo que a participação desta indústria na riqueza nacional, hoje abaixo dos 4%, cresça substancialmente, atingindo um patamar bem próximo do que é visto nos países desenvolvidos.
ST: Quais devem ser as providências do mercado frente à ascensão das classes C e D?
PS: Um dos pilares desse processo de desenvolvimento do setor é a crescente recuperação do poder de compra das classes C e D, que vem inserindo uma multidão de novos consumidores no mercado de seguros.
Assim, agora é hora de desenvolver produtos que atendam as novas necessidades da sociedade. De todos os setores da sociedade, especialmente das classes de menor poder aquisitivo, que subiram um degrau na escala social e adquiriram bens que sempre sonharam e, agora, no segundo momento, esperam ter a garantia de manutenção desse patrimônio e também assegurar um futuro mais tranquilo.
Cabe à indústria atender a essa nova demanda. E ó órgão regulador tem e continuará tendo uma postura proativa para discutir com o mercado e encontrar as soluções mais adequadas.
ST: Qual é a posição da Susep diante de todo esse crescimento?
PS: Vejo com satisfação a decisão do setor privado de avançar no desenvolvimento de produtos piloto, atendendo a comunidades carentes de grandes centros urbanos.
Talvez, diante do sucesso já alcançado por esses produtos e por outras iniciativas adotadas por empresas e entidades, tais como a CNSEG, não seja exagero afirmar que o microsseguro, na sua essência, esteja bem perto de se tornar realidade.
Como já disse em ocasiões anteriores, a Susep estará sempre aberta ao diálogo, pois esse é o caminho que conduzirá a indústria do seguro a um futuro cada vez melhor. Juntos, poderemos alcançar o fortalecimento do mercado para assegurar o melhor atendimento ao consumidor.
Quando for necessário e adequado a todas as partes interessadas, principalmente o consumidor, a Susep aprovará novas ferramentas e, se for o caso, o aprimoramento da legislação vigente para que aquela meta seja mais facilmente alcançada.
Temos, em conjunto, de identificar novos canais de distribuição e formatos diferentes para os produtos que serão lançados, além de utilizar uma linguagem simples e direta, acessível a todas as camadas da população.
ST: Qual é sua opinião a respeito da regulamentação?
PS: O nosso foco estará direcionado também para a adequação das nossas regras às práticas internacionais, visando a permanente solidez do nosso mercado. Regras que, às vezes, podem parecer excessivas, mas que contribuem para assegurar o fortalecimento da imagem do setor e a consolidação da confiança junto à sociedade brasileira.
ST: Qual é a importância da Tábua de
Mortalidade?
PS: No início do ano passado foi lançada a nova tábua atuarial brasileira, criada a partir de uma ação sinérgica entre a Susep e o setor privado, representado pela Fenaprevi, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Esse é um instrumento fundamental, que trouxe novos parâmetros para precificação dos seguros de vida e modelagem dos planos de previdência, favorecendo o consumidor final.
Mas, até agora, essa nova tábua foi pouco utilizada, o que nos causa certa estranheza diante da importância de tal ferramenta. Esperamos que isso mude a partir de 2011.
ST: Qual é a importância do seguro de pessoas?
PS: Talvez mais até do que garantir bens materiais, a esta indústria cabe assegurar a qualidade de vida da população, o bem estar, a saúde e a sobrevivência da família, em caso de sinistros envolvendo o seu principal mantenedor.
O seguro de pessoas, nesse contexto, presta indispensável serviço para o bem estar social.
ST: Qual é a missão da Susep?
PS: Foram empossados, em outubro, 136 novos servidores, aprovados em concurso público e que já estão atuando para ajudar a Susep a cumprir sua missão.
Nossa missão é supervisionar e estimular o desenvolvimento das empresas do mercado, protegendo os direitos dos consumidores e os interesses da sociedade em geral.
Para tanto, em 2010, subimos mais um degrau no contexto internacional de regulação do funcionamento do mercado, procurando tanto uma melhoria no alinhamento das práticas comerciais quanto das práticas regulatórias.
Nesse sentido, o permanente diálogo entre o órgão supervisor e as sociedades supervisionadas tem nos enriquecido muito, enquanto reguladores, e essa é a diretriz que continuará norteando a administração da Susep nos próximos anos.
Por esse motivo, a Susep permanece de portas abertas para dialogar, mas agirá sempre que for necessário para corrigir eventuais distorções e buscar o que for melhor para o desenvolvimento do mercado de seguros e, principalmente, para o consumidor brasileiro, que é a nossa razão de ser.

Fonte: Revista Seguro Total

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