S&P: é importante que Brasil continue com as reformas
A diretora para ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor´´s (S&P), Lisa Schineller, enfatizou hoje a necessidade do Brasil de perseguir reformas econômicas que contribuam para a redução da carga da dívida pública. Segundo ela, mesmo com a relação entre a dívida e Produto Interno Bruto (PIB) acima do nível de 40%, estimado como ideal para um país que já tenha um grau de investimento, “o Brasil pode ser grau de investimento” por causa “do maior grau de confiança na capacidade e disposição do governo de reduzir esta dívida”.
A reforma da Previdência é essencial para que o Brasil seja considerado um investimento ainda mais seguro no mercado internacional. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (2), por analistas da agência de classificação de risco Standard & Poors, em teleconferência a jornalistas de todo o mundo. A agência concedeu ao país, na última quarta-feira, o grau de investimento.
A reforma no sistema previdenciário brasileiro seria muito importante para que o país continuasse subindo no rating, ajustasse os gastos e tivesse um crescimento significativo em sua receita, afirmou a analista da S&P Lisa Schineller.
Com a elevação da nota do Brasil pela S&P que passou de BB+ para BBB-, o país atinge o primeiro degrau da classificação chamada de grau de investimento. Permanece, no entanto, a nove passos do topo onde estão países como Estados Unidos e Alemanha, considerados sem risco de inadimplência. Nos degraus acima do Brasil, estão ainda países como Croácia, México, Tailândia, Chile e Itália.
Mercado informal:
O maior ponto fraco do Brasil, para a Standard & Poors é o mercado informal, algo que não deve mudar tão cedo, acreditam os analistas da agência, mas que já foi bastante minimizado nos últimos anos.
O nível de formalização subiu muito nos últimos quatro anos, agora está em 44% da força de trabalho, e está é a direção correta. Mas a informalidade é algo que não deve ser mudado no país tão cedo diz Schineller.
Resultados da última década:
Um alto nível de confiança no Brasil foi citado pela Standard & Poors para justificar a nova classificação concedida ao país. Para a agência, o Brasil ter conseguido o grau de investimento é resultado de uma década de boas escolhas. Esse modelo macro mais forte, em quase dez anos, está dando frutos. Há também uma melhora nos indicadores externos.
Números robustos registrados no primeiro trimestre deste ano e planos concretos de ajustes do governo fizeram com que a agência concedesse o grau de investimento em contraposição a um ambiente global desafiador, segundo a agência. O timing da concessão da nova classificação foi questionado por alguns dos analistas ouvidos pelo G1. Para a S&P, resultados positivos apesar de uma crise mundial apontaram que o momento era a hora exata.
Nós poderíamos ter elevado a classificação do Brasil em maio último. Reafirmamos isso em dezembro do ano passado. Mas, vemos, de lá para cá, planos mais concretos de ajustes e bons resultados no primeiro trimestre. Foi sazonal, diz a analista.
Dívida e PIB:
A agência acredita que o forte crescimento registrado pela economia brasileira em 2007, quando o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 5,4% não deve se repetir. Projetamos um crescimento entre 4% e 4,5% em 2008, afirma Schineller, que cita a política fiscal do país.
Apesar de a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB ser maior que em outros países, temos uma perspectiva para a manutenção de uma política fiscal pragmática como base para o ritmo deste crescimento [de até 4,5%].
Fonte: O Globo