“Sou Segura Summit”: primeiro dia supera expectativas
O primeiro dia do “Sou Segura Summit” superou todas as expectativas, que já eram bem otimistas. Seja pela qualidade das palestras e debates ou pelo fato de o auditório estar lotado, com mais de 400 participantes, o que se viu consolida esse evento como o maior encontro de lideranças femininas do mundo corporativo.
Empolgante desde a abertura, feita pela presidente da Sou Segura, Liliana Caldeira, o evento esquentou ainda mais já no primeiro painel sobre o tema “ESG em foco: Lideranças Setoriais em Movimento para um Mercado mais Inclusivo”, que reuniu o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani; a diretora da autarquia, Julia Lins; a presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber), Rafaela Barreda; a superintendente de Relações de Consumo e Sustentabilidade da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Luciana Dall’Agnoll; e a corretora de seguros Simone Fávaro, que representou a Fenacor.
Coube a Luciana Dall’Agnoll indicar dados surpreendentes levantados por pesquisa recente da CNseg: 40% das seguradoras participantes promovem ações visando a formação de novas lideranças femininas e impressionantes 80% possuem programas de diversidade. A má notícia é que, apesar disso, segundo a palestrante, o quadro permanece ruim quando se olha para cargos mais elevados. “Os homens ainda ganham 32% a mais que as mulheres”, lamentou.
Já Rafaela Barreda foi enfática ao defender que a diversidade seja utilizada como um instrumento acelerar a inovação e a criatividade no setor de seguros. “Pessoas que não sentem a necessidade na própria pele não podem criar uma solução para o que não conhece”, argumentou.
O superintendente da Susep também admitiu que ainda há muito o que fazer em termos de inclusão no mercado. Para ele, uma luz no fim do túnel pode ser a chegada de novos atores ao mercado, como as associações de proteção patrimonial. “Essas associações têm origem social mais diversa e podem trazer a pluralidade que necessitamos”, pontuou Octaviani.
Já Julia Lins se mostrou entusiasmada com o que viu e ouviu nas reuniões do grupo de trabalho que discutiu uma nova política de acesso ao seguro. “Queríamos ouvir o mundo real e convidamos representantes de vários grupos plurais para entender como o seguro está sendo visto pela sociedade. E verificamos que há muitos setores que reclamam de produtos inadequados”, afirmou a diretora da Susep.
Por fim, Simone Fávaro demonstrou otimismo quanto ao avanço das mulheres no mercado. “No passado, as mulheres ocupavam apenas cargos administrativos. Hoje, muitas são donas de Corretoras de Seguros”, comemorou.
ASSÉDIO
O segundo painel, sobre o tema “O Silêncio que Dói: Assédio e Saúde Mental – Relatos Reais de Mulheres e a Conexão com a NR-1”, teve como moderadora a diretora de Comunicação da Sou Segura, Solange Guimarães.
No bate-papo sobre assunto tão delicado para as mulheres, Karina Uchôa, especialista em Prevenção a Violência Organizacional e pesquisadora em assédio no ambiente corporativo, afirmou que vê como uma missão falar sempre sobre o assédio para que a mensagem chegue mais longe. “O assédio mata por dentro e tem matado muitas mulheres no mundo corporativo”, disparou, acrescentando que o problema causa um elevado nível de absenteísmo e perda de “trilhões de reais” perdidos porque muitas pessoas não conseguem voltar ao trabalho.
Já a diretora de Contratos da BMS Re Brasil, Sandra Levandovski, frisou que já passou da hora das empresas adotarem “políticas claras” de combate a esse problema. “É importante ter uma mão para ajudar, escutar e acolher e não minimizar”, pontuou.
Por sua vez, a advogada Regiane Andressa Pellegrino ponderou que talvez os canais formais usados pelas empresas não sejam tão efetivos. “É preciso algo mais seguro”, frisou.
INOVAÇÃO
O terceiro painel, mediado por Valéria Chaves, conselheira da Sou Segura, foi centrado em um dos temas mais discutidos do momento: “IA no Seguro: Desafios, Oportunidades e o Caminho para o Protagonismo Feminino”.
No debate, a empresária, comunicadora e escritora, Valéria Carrete, sublinhou que o grande dilema é saber se a Inteligência Artificial (IA) é perigo ou oportunidade, tira empregos ou abre novos acessos. “Na verdade, a IA é agnóstica, apenas um instrumento, que não é bom ou ruim. Uma nova linguagem, que abre horizontes”.
Já Valéria Chaves lamentou o fato de haver poucas mulheres na área de TI. “Fomos afastadas, desde crianças, das ciências exatas”, acrescentou.
Sobre essa questão, a diretora de Tecnologia para o Brasil na Swiss Re Corporate Solutions, Anna Bacelar, disse que a empresa vem trabalhando para trazer mais mulheres para a área de tecnologia. Como há carência no mercado, a Swiss Re busca na própria empresa mulheres que queiram seguir carreira nessa área.
Por fim, o diretor de Operações e Tecnologia da Youse¸ Taiolor Morais, revelou que a empresa “nasceu usando a IA”. Segundo ele, desde quando foi criada, em 2016, como a primeira insurtech da América Latina, a companhia tem um processo de subscrição totalmente automatizado. “A IA é acelerador. Facilita todas as ações. Nós, desde cedo, emitimos apólices em 5 minutos, quase em tempo real”, ressaltou.
O painel seguinte abordou outra questão de extrema relevância: “Você Está Pronta Para uma Vida sem Crachá? Como se Preparar ou Planejar a Hora de Mudar de Vida”.
A mediação ficou a cargo de Priscila Russo, diretora jurídica e de ESG da Sou Segura, que apontou um cenário novo no mundo corporativo. “hoje, é mais comum uma trajetória profissional em ziguezague. Não há mais uma carreira linear. Há uma redefinição do que é sucesso profissional”, comentou.
Já a diretora Financeira da Sou Segura, Camila Máximo, comentou a própria trajetória até optar pela consultoria e, em seguida, voltar para o mundo corporativo. “A Sou Segura teve papel importante nesse processo de transição”, pontuou.
Em seguida, a criadora de conteúdos e estrategista de marcas, Aline Maia – palestrante mais jovem do evento – enfatizou o fato de a sua geração ter consciência de que pode sempre “recomeçar quando quiser”. Na visão dela, o caminho profissional jamais precisa ser linear. Aline apontou ainda um dado curioso: “Cerca de 70% dos jovens do ensino médio querem ser criadores de conteúdo”.
O público pode ouvir ainda o depoimento da escritora Maristela Gorayb – autora do best-seller “A Primeira Segunda-Feira Após a Sua Carreira Executiva” – que é consultora em gestão de carreira e sócia da Ancor Consultoria. “Era focada em planejamento financeiro, queria resolver os problemas do futuro. Até encontrar executivos que se encontravam destruídos emocionalmente e fragilizados após a aposentadoria. Surgiu a curiosidade, fiz entrevistas e decidi escrever sobre isso”, explicou.
Em seguida, coube a Thalita de Jesus (conhecida como “Chefinha” nas redes sociais) apresentar interessante palestra sobre o tema “Mundo Corporativo: Ambiente Tóxico ou Vida Adulta?”.
Após afirmar que “liberdade é compreender que o doce não é bom se for comido o dia inteiro”, ela listou os pilares que devem dar sustentação a um processo de inteligência emocional, incluindo a auto regulação, a motivação e a empatia. “O importante é começar algo e terminar. Tem muita gente que inicia um projeto, mas não tem motivação para concluir. A capacidade de viver em grupo é também uma importante habilidade comportamental”, exemplificou.
Segundo ela, o gestor ou gestora precisa saber ver se a equipe tem alguém tóxico. E as pessoas devem evitar tocar nas outras ou contar piadas tendo um colega como alvo, o que pode virar assédio.
MAPA
O último painel do dia teve como tema “Trabalho, Gerações e Gênero: o Novo Mapa da Liderança” e, inicialmente, foi moderado pela consultora, mentora e palestrante Alessandra Trigo, que emocionou a plateia ao falar sobre acessibilidade, diversidade e inclusão. “Acredito em um mundo melhor com rampas, degraus que tenham piso tátil e surdos possam se comunicar. A diversidade não demanda julgamentos. As lideranças devem olhar para o que cada pessoa tem de melhor. Todos temos defeitos”, ponderou.
Em seguida, o sócio da Boyden Brasil e executivo com mais de três décadas de experiência em liderança global, Giancarlo Alcalai, ressaltou a importância de as empresas atuarem como educadoras, treinando e formando pessoas da sua própria equipe para uma carreira sólida. “A companhia que não for educadora não conseguirá reter bons valores”, frisou, acrescentando ainda que a nova geração precisa ser mais líder que gestor. “Então, é preciso encontrar líderes que saibam lidar com pessoas”, concluiu.
Já a diretora de Pessoas, Gestão e ASG no Banco BMG, Andrea Milan, disse que a era das “trilhas de liderança” acabou. “Hoje, a gente não sabe o que vem depois. Precisamos encontrar novas formas para desenvolver líderes. O BMG já busca romper aquele formato tradicional”, assinalou, frisando ainda que a busca estimula o protagonismo e procura por líderes autênticos, que sabem encontrar seus caminhos.
Esse painel foi mediado por Ana Carolina Mello, sócia-diretora da Avanza e conselheira da Sou Segura.
Fonte: Sou Segura