Shell mira aquisições na distribuição e área de biocombustíveis
A Shell está fora do processo de venda dos postos da Esso na América do Sul mas não descarta a possibilidade de buscar outras oportunidades de aquisições para continuar a crescer no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis. Mas, por enquanto, a expansão da empresa no país deve ser garantida menos por aquisições e mais pela migração de postos chamados bandeira branca, como são identificados os estabelecimentos que não usam uma marca conhecida.
No ano passado, a companhia anglo-holandesa agregou 200 novos postos à sua rede. Muitas vezes, o negócio tem envolvido a assinatura de um contrato entre o dono do posto e a distribuidora pelo qual o proprietário se compromete a usar a marca da Shell (ou bandeira, no jargão do mercado) e a comercializar apenas os combustíveis fornecidos por ela em volumes previamente pactuados. Em troca, e dependendo da negociação, pode ganhar a reforma do posto, ou o pagamento do aluguel do imóvel, além da garantia de suprimento.
Rob Routs, diretor mundial da área de combustíveis, transportes, refino e petroquímica da Shell disse ao Valor que a companhia tem boas perspectivas de crescer “organicamente e muito rápido no Brasil”, uma vez que carrega uma marca de respeito, que é bem vista pelos brasileiros e é reforçada por uma parceria com a Ferrari na Fórmula 1, o campeonato mundial de automobilismo. O presidente da Shell Brasil, Vasco Dias, diz que a companhia continua “buscando boas oportunidades de crescimento”. Por aí, passam compras de ativos.
Routs evitou comentários sobre o processo de venda de ativos da Esso, que está ainda na fase de avaliação das propostas. Mas disse que a Exxon – controladora da distribuidora – não é a única companhia de petróleo a analisar seu próprio portfólio e a vender partes dele. Ele aponta exemplos. Em 2004, a Shell decidiu sair da América Latina, após ter vendido parte de suas operações no Brasil em 2001: foram transferidos 300 postos para Agip. Em 2006 vendeu toda a rede de postos no Paraguai, Uruguai e Colômbia para a Petrobras. Mas depois reviu sua estratégia e decidiu ficar apenas na Argentina, Brasil e Chile, os maiores mercados da região.
“Nos últimos três anos vendemos aproximadamente US$ 14 bilhões em ativos no mundo. Vendemos participações na Espanha, Portugal, Caribe, Romênia e América Latina. A Shell analisa oportunidades e decide se fica ou deixa”, informou Routs.
O executivo evitou falar mais detalhes sobre a operação da concorrente. Destacou que no Brasil, “os negócios da Shell vão bem”. Uma área de grande interesse da multinacional no país é a de biocombustíveis. A companhia comercializa 5 bilhões de litros de etanol para os mercados da Europa e Ásia, o que tem trazido bons resultados financeiros. No Brasil, a Shell compra anualmente 1,8 bilhão de litros de álcool contratados de grandes usinas como a Cosan e a Cooperçúcar e foi a primeira a comprar biodiesel em leilões. E vê agora oportunidade de aumentar as compras para ampliar as vendas de álcool para outros mercados, aproveitando sua estrutura de logística e comercialização de combustíveis.
Fonte: Valor