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Seguro para pequeno empreendedor fica mais flexível

O imponderável é uma ameaça a qualquer negócio, mas é ainda mais crítico para os pequenos empreendedores, que não têm os mesmos recursos das grandes companhias. Se não é possível eliminar os riscos, o bom senso manda buscar alguma proteção para minimizá-los.

A melhor delas para pequenos empreendedores e profissionais autônomos é o seguro. Para reduzir a insegurança desse segmento, as seguradoras estão investindo em produtos customizáveis e novos canais de contratação com foco em micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

A ideia é oferecer seguros mais flexíveis, desenhados de acordo com a realidade de cada negócio, e com custo baixo. Para quem tem pouca margem para perdas, um seguro pode fazer toda a diferença na continuidade do negócio.

O empresário carioca Antonio Carlos Ferreira sabe bem disso. Nas quatro décadas à frente da administradora de imóveis Palmares, uma empresa familiar, as apólices nunca faltaram.

Foi graças a esse cuidado que a firma foi totalmente indenizada em 2002, quando assaltantes entraram em um dos seus três escritórios, na Zona Sul do Rio, e levaram todo o dinheiro do caixa.

Hoje, a empresa diversifica as modalidades de proteção e tem apólices específicas até para móveis e equipamentos, por exemplo. — Consegui com esses seguros novos cobrir bens que não eram garantidos pelos tradicionais e minimizar meu custo em caso de sinistro — conta Ferreira.

— São adaptados às minhas necessidades, não doem no bolso e fico coberto para não ser pego de surpresa.

Além de resguardar o seu patrimônio, a Palmares introduziu o seguro nos imóveis e condomínios que administra. Firmou uma parceria com uma seguradora e agora oferece a moradores em edifícios que administra o mesmo tipo de proteção que tem, com prêmios baixos, que variam de R$ 6,90 a R$ 20 por mês.

Cerca de 40% dos 20 mil imóveis nos condomínios aderiram à cobertura residencial, e a negociação em bloco reduziu o custo.

Benefício para empregado

No ramo da construção, o empresário Gustavo Veiga Moreira, sócio da empreiteira RGW, decidiu combinar duas apólices de seguradoras diferentes para ampliar benefícios para seus 20 funcionários.

A um seguro mais “seco”, com proteção contra acidentes, ele adicionou outro com auxílio funeral, check-up anual, telemedicina e até brindes. — O check-up anual é o maior benefício porque o trabalhador da construção não tem o hábito de se consultar — diz.

Os dois seguros custam à empresa R$ 40 mensais por funcionário, um prêmio baixo para a vantagem que Moreira vê na retenção de empregados experientes, diante da alta rotatividade do setor.

Ele cogita ampliar a cobertura da firma com outras modalidades:

— Vai depender da oferta do mercado. Mesmo que seja para aumentar um pouco os benefícios, estou aberto. Para conquistar pequenos empreendedores como Moreira, as seguradoras começaram a criar produtos específicos para eles.

A Bradesco Seguros, por exemplo, tem 12 segmentações voltadas para pequenas e médias empresas, que responderam por 90% das apólices e 75% do prêmio arrecadado em seu segmento de ramos elementares no primeiro semestre deste ano.

Em 2022, a seguradora registrou pouco mais de R$ 133,4 milhões em prêmios nessa área. Além de coberturas tradicionais, como as de incêndio e patrimônio, a seguradora oferece novas proteções contra a queda ou a quebra de painéis solares (motivada pelo aumento dos investimentos dos pequenos em autogeração de energia) e até danos causados a vitrines.

Também é possível segurar jardins ou garantir recursos para arcar com indenizações em casos de danos morais a consumidores.

No caso de coberturas bem específicas, que dependem da natureza de cada negócio, o empreendedor pode optar, por exemplo, por um seguro com compensações por perda de um ponto comercial, a quebra de louças ou a deterioração de mercadorias refrigeradas e equipamentos como computadores por falhas de energia. — As empresas de pequeno e médio porte vêm profissionalizando a sua gestão e estão mais atentas quanto à importância estratégica de uma proteção para garantir a continuidade do negócio — afirma a superintendente executiva para Ramos Elementares da Bradesco, Raquel Cerqueira.

Conscientização

Segundo a executiva, a demanda por seguros empresariais cresceu 3,5% até junho deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.

A expectativa é de ao menos 7% de alta no ano que vem. O coordenador de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae-Rio, Marcos Mendes, lembra que a suspensão de atividades na pandemia deixou muitos pequenos empresários sob profundo estresse. Alguns setores que dependem da interação com o público, como padarias e restaurantes, saíram dessa crise sem precedentes mais atentos à necessidade de produtos financeiros capazes de proteger seus negócios.

No entanto, ele reconhece que a maioria ainda vê o seguro só como custo: — É preciso trabalhar mais na sensibilização dos pequenos empresários quanto ao papel dos seguros como uma ferramenta fundamental para minimizar riscos financeiros.

Na tentativa de contemplar pequenos negócios em diferentes condições econômicas, a BB Seguros criou três tipos de planos, com serviços que funcionam como atrativos. Eles podem variar entre cinco e nove coberturas e chegar a 40 assistências.

No plano Essencial, por exemplo, os clientes têm direito ao pacote de assistências ‘Empresa em Apuros’, com encanador, eletricista, chaveiro, cobertura provisória de telhado e troca de telhas, portas, janelas, divisórias e vitrines.

Os preços iniciais começam em R$ 28,33 por mês e podem ser pagos com cartões ou boletos. — Simplicidade e praticidade são ideais para que os proprietários de empresas entendam o que estão adquirindo e possam usufruir das coberturas — diz Emerson Nagata, superintendente executivo de Negócios e Soluções de Produtos de Danos da Brasilseg.

A Icatu Seguros também aposta em contratação simplificada, 100% digital, para esse público. Com prêmios a partir de R$ 30 mensais, as empresas conseguem até 30 coberturas, além de assistências e capital segurado de até R$ 500 mil. Um dos segmentos mais procurados por negócios de ramos como comércio, construção e prestação de serviços é o seguro de vida para funcionários.

Entre janeiro e agosto, a venda desse tipo de apólice para pequenas empresas aumentou 32% em relação ao mesmo período de 2022, acima da média da categoria como um todo na Icatu, que foi de 22%. — A pandemia foi um gatilho para que empresários descobrissem que podiam ter um seguro simples, de fácil contratação — diz Luciana Bastos, diretora de Seguros de Vida da Icatu.

— Nosso seguro para PMEs tem muita flexibilidade.

Parceria com ‘maquininha’

Para alcançar os microempreendedores individuais (MEIs), autônomos e informais, a Prudential Brasil firmou uma parceria com o Mercado Pago, banco digital da plataforma de comércio eletrônico Mercado Livre, para facilitar a contração de seguros. A empresa já tem 3,8 milhões de segurados.

Quando um empreendedor adquire a maquinha de pagamentos do Mercado Pago, pode fazer junto um seguro de vida e acidentes pessoais a partir de R$ 6,99 mensais, com direito a telemedicina. Segundo a seguradora, desde que foi lançado, em junho de 2022, mais de 170 mil pessoas aderiram. Para o diretor de Negócios do Canal Corretor da Prudential, Erick Kluft, é um sinal de que havia uma demanda reprimida: — É um mercado que vem crescendo muito.

Para os MEIs, a Caixa Seguridade tem uma série de seguros, com destaque nas assistências. Entre os produtos que ainda estão na fila para chegar ao público em breve está o Seguro Proteção Empreendedor que, com um prêmio mensal de R$ 29,90, dará cobertura para morte ou invalidez por acidente, com indenização de R$ 30 mil, além de diárias hospitalares no valor de R$ 200.

Esse seguro oferece ainda orientação jurídica a pequenos empreendedores, assistência funeral e descontos em consultas médicas e odontológicas. O outro lançamento da Caixa é o Seguro Residencial MEI, que estende ao cliente que contratar a modalidade residencial como pessoa física o direito de usufruir de benefícios também como empresa. Afinal os microempreendedores são profissionais como cozinheiras, marceneiros e prestadores de serviço em geral que muitas vezes trabalham em casa. Com um custo de R$ 11,90 por mês, o segurado tem direito a serviços para a casa e o negócio como chaveiro, eletricista, vidraceiro e desentupimento, além de sorteios.    

Fonte: NULL

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