Seguro para celular tem alta de 20% nas vendas
O mercado de seguros para smartphones e tablets apresenta crescimento de até 20% ao ano no Brasil, segundo empresas do setor. O número de clientes vem aumentando em razão do alto índice de roubos e furtos desses aparelhos. Para se ter uma ideia, 47% dos assaltos ocorridos no Estado entre janeiro e abril envolveram telefones celulares, segundo dados da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo).O preço da apólice é definido com base em percentual do valor informado na nota fiscal do equipamento, geralmente na faixa de 20%. No caso de um iPhone 6 Plus com memória de 128 gigabytes, vendido a R$ 4.699, o seguro vai custar cerca de R$ 950. Não é tão barato, mas a frequência de roubos é tão alta que vale a pena. O custo, inclusive, varia de acordo com a sinistralidade. Se há muitos casos, não tem como cobrar menos, reconhece o gerente de produto de ramos elementares da Porto Seguro, Marcelo Santana.O gerente avalia que há possibilidade de os preços caírem nos próximos meses, como consequência da lei estadual sancionada em maio que restringe a venda de aparelhos que alterem ou desbloqueiem o Imei (equipamento internacional de identificação móvel, na tradução). O número é como se fosse um RG do celular e, se bloqueado, o aparelho fica inutilizável. A expectativa é de que a medida enfraqueça o mercado paralelo de venda de smartphones roubados.A Porto Seguro registrou aumento de 17% no total de clientes desse produto em 2015 na comparação com o ano anterior. Já o grupo Banco do Brasil/Mapfre registra evolução anual de 20%, segundo o superintendente de sinistros massificados, Tulio Carvalho. Apesar de projetarem tendência de alta, as seguradoras não informam o percentual estimado, pois a informação é considerada estratégica.No Grande ABC, a estimativa de crescimento também gira em torno de 20%, segundo o delegado regional do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguro do Estado de São Paulo), Sady Viana. Cada vez mais as pessoas estão comprando smartphones, pois têm necessidade de estar conectadas à internet durante todo o tempo. E, mesmo diante da retração econômica, acredito que o aumento deve continuar nesse patamar para os próximos anos.Apesar de também ser possível fazer seguro de notebooks e câmeras fotográficas, o smartphone é o carro-chefe. Cerca de 80% das apólices da Porto Seguro para equipamentos eletrônicos são destinadas a esse tipo de aparelho.COBERTURA O segurado tem direito a pedir o ressarcimento do valor do aparelho em caso de roubo e furto qualificado quando o crime é cometido com destruição de um obstáculo (arrombamento de porta, por exemplo); com abuso de confiança; com uso de chave falsa ou com a participação de mais pessoas. É necessário realizar o bloqueio do telefone pela operadora, além da apresentação de boletim de ocorrência. Também é possível incluir cobertura por danos acidentais e panes elétrica. Nesses casos, o cliente precisa de laudo técnico identificando a causa e as peças atingidas.Assim como ocorre em seguros de automóveis, é cobrada franquia em caso de acionamento, na faixa de 15% a 20% do valor de nota fiscal. Na Porto Seguro, a franquia mínima é de R$ 200.Para poder fazer apólice, o usuário tem que estar atento às exigências de cada seguradora. No caso do BB/Mapfre, a aquisição pode ser feita de duas maneiras: No momento da compra do aparelho, de forma que o cliente já deixa a loja com o celular segurado, e em sites de venda de seguro on-line. No caso da segunda opção, o aparelho deve ter idade de até um ano de aquisição, sendo necessário apresentar a nota fiscal do aparelho emitida no Brasil, explica Carvalho. Santana, da Porto, ressalta que, em caso de sinistro, o valor só será ressarcido se houver apresentação da nota.OPERADORAS A TIM informa que, em média, a cada três smartphones vendidos, um já sai da loja segurado. As apólices dos clientes são feitas pela empresa Assurant. A Vivo oferece seguro para clientes (inclusive os de portabilidade) que possuam aparelhos com até dois anos de uso. Os valores variam entre R$ 6,99 a R$ 54,99 mensais. A Oi afirma que há aumentos mensais na quantidade de usuários com seguros, mas não divulga os números. A operadora cobra de R$ 5,99 a R$ 27,99 por mês pelo serviço. A Nextel não tem parceria com seguradoras, mas oferece programa de proteção contra vírus e ameaças digitais, como quebra de privacidade. A Claro não respondeu aos questionamentos.CLIENTES NÃO ABREM MÃO Embora os seguros para smartphones ainda sejam caros, usuários desse serviço dizem não abrir mão da cobertura. Considerando o preço da apólice fixado em 20% do total do aparelho e mais 20% do valor original como franquia, a economia é de 60% para o cliente que solicitar restituição em caso de roubo ou furto qualificado.Por exemplo: no caso de um aparelho de R$ 2.000, o proprietário paga R$ 400 para fazer o seguro e, se houver sinistro, mais R$ 400 de franquia. Portanto, o gasto para reaver o valor total do equipamento será de R$ 800. Sem a apólice, teria de gastar novamente os R$ 2.000 iniciais.A gerente de bar Jennifer Jessi Mendes, 27 anos, de Santo André, comprou, há cerca de sete meses, um smartphone no valor de R$ 1.500. Para fazer a apólice de seguro, desembolsou mais R$ 388, pagos em quatro parcelas.Em pouco tempo, ela já precisou recorrer ao serviço. Após uma tentativa de furto, o aparelho caiu no chão e teve o visor danificado. Ao acionar a empresa, pagou a franquia, de R$ 180, para liberar o conserto, que custou R$ 560. Ou seja, economizou R$ 380. Recomendo, pois eles cumprem o prometido. O atendimento e ressarcimento do dano são rápidos e sem muita burocracia, comenta. Ela já pensa em renovar o seguro ao final do contrato.Já a jornalista Elsa Villon, 26, de São Bernardo, teve problemas com uma seguradora. Após ser assaltada, aguardou por cerca de um mês até receber a restituição do valor do aparelho. A demora ocorreu por erro de processamento dos meus dados. Tenho mais de 12 protocolos de atendimento, critica.Apesar de toda a dor de cabeça, Elsa planeja continuar tendo o seguro, desde que com outra prestadora de serviço. Eu tive muitos problemas com a seguradora, mas faria de novo porque é uma garantia caso seja roubado, principalmente para quem tem smartphone mais caro, pondera.Outra reclamação é em relação ao valor utilizado como referência pela empresa para definir a restituição. Segundo ela, foi levado em conta o preço promocional, e não a quantia informada na nota.
Fonte: Diário do Grande ABC