Seguro de Linhas Financeiras, custo ou benefício?
Há muito que se explorar nessa discussão quando se fala em seguro de linhas financeiras, em especial, o de Erros e Omissões, mais conhecimento como Responsabilidade Civil Profissional.
Mas antes de adentrarmos a discussão, vale uma reflexão sobre o atual cenário pandêmico vivido no mundo e darmos um foco especial a profissão do médico, profissional da saúde em geral.
Muito tem se falado sobre a importância de manter a saúde mental, o bem estar físico e emocional durante esse processo difícil que todos estamos vivendo, adequar rotinas, criar novos hábitos, proteger-se, agir com responsabilidade pensando no coletivo ao não deixar de usar a máscara e demais itens de higienização das mãos por exemplo. Isso do nosso lado, enquanto sociedade em geral, porém, quando olhamos para estes profissionais que estão na linha de frente, se arriscando para salvar vidas, saindo de casa todos os dias, trabalhando muitas das vezes mais de 24horas sem parar, estes também precisam de proteção, segurança e incentivo, não é mesmo?
Voltemos a discussão principal provocada no título desse artigo, quando falamos em um seguro de responsabilidade civil profissional já ouvi de alguns profissionais liberais, frases do tipo: “mais um custo? Não, obrigada, já tenho muitas contas pra pagar”, ou “seguro para erros e omissões, como assim, está dizendo que eu erro? Ou omito algo do meu paciente ou cliente?”.
Bem, costumo responder o seguinte, o seu bem físico, carro, casa ou qualquer outro, podem sofrer danos ou avarias e por isso, dentre outros fatores, você enxerga importância em ter um seguro que o proteja dessas situações, porque seria diferente com o exercício da profissão? Todo e qualquer profissional está sujeito a cometer um dano involuntário no exercício de sua profissão, entenda, dano involuntário não intencional que prejudique de alguma forma um terceiro, seu cliente ou paciente, falando mais especificamente da classe médica. É um fato, e nos tempos atuais, com tantas nuances diferentes em torno da atuação médica, será que vale mesmo o risco de ser acometido por um processo judicial em plena crise global?
Os seguros de responsabilidade civil médica é um importante aliado ao profissional, pois lhe dá a segurança e proteção contra eventuais judicialização da relação médico-paciente, garantindo o pagamento da indenização e assessoria jurídica.
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), são de 20 a 30mil ações desse perfil no país a cada ano. Com os processos, médicos e profissionais da saúde sofrem prejuízos financeiros bastante expressivos, o que pode abalar sua estrutura familiar, emocional e inclusive, sua saúde mental.
É importante reforçar que os erros médicos (caracterizados como imprudência ou negligência) são raros e a maior parte dos problemas são provenientes da estrutura de trabalho em si, dos recursos que o profissional possui, que costumam ser precários e limitados, a grande quantidade de pacientes, más condições para atendimento, assim como a jornada de trabalho exaustiva, são fatores que também prejudicam o exercício de profissionais da saúde. Importante aqui, o estabelecimento de empatia para com estes profissionais e a visão clara de seguradoras sobre a relevância da sensibilização ao benefício do seguro para este público.
Nos Estados Unidos, um médico recém-formado só passa a atender se tiver uma apólice. O Brasil já atinge hoje os números de processos dos norte-americanos, mas essa obrigatoriedade não é uma realidade em território nacional. O seguro ainda é uma medida preventiva, que deve partir do profissional, logo o papel do mercado segurador é o de sensibilizar, não apenas vender, não estamos falando disso, estamos falando de aculturamento, proteção para com estes profissionais tão importantes no dia a dia de qualquer família.
Proteger o exercício de uma profissão é tão importante quanto o de um bem físico. Sentir-se seguro quando exerce uma atividade, neste caso especificamente, a classe médica tão sobrecarregada em tempos de pandemia, é uma importante ferramenta de gestão de riscos, planejamento financeiro, proteção, segurança e bem estar para estes profissionais.
E sim, o seguro de responsabilidade civil profissional não é um custo e sim um investimento e uma aceitação natural de que problemas ocorrerão e que todos precisam ter um plano para que uma crise não vire uma catástrofe.
Vanessa Rocha
MBA Executivo em Gestão Estratégica e de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas, Certificação PMP – Project Management Professional pelo PMI Global. No mercado de seguros há 8 anos, na liderança e condução de processos de estruturação, criação e transformação digital de unidades de negócios B2B, conhecimento técnico em linhas financeiras e riscos diversos e atuação em seguradora multinacional e corretora de grande porte.
