Seguro de executivo fica mais caro
Risco Empresas envolvidas na Lava-Jato, de óleo e gás e de infraestrutura enfrentam restrição de coberturas.
Alguns segmentos de empresas estão enfrentando dificuldades para renovar o seguro para seus executivos e conselheiros, conhecido como D&O na sigla em inglês. Diante dos escândalos de corrupção, as seguradoras estão mais criteriosas na análise dos riscos de companhias envolvidas na Operação Lava-Jato, de infraestrutura, óleo e gás e que trabalhem com concessões públicas.
O resultado é que, para essas empresas, o preço da apólice tem subido e as coberturas ficado mais restritas. As variações de preços variam muito caso a caso, mas há companhias que estão pagando o dobro do preço de um ano antes, com menos coberturas. Para as empresas de outros segmentos de atividade, as condições das seguradoras continuam os mesmos.
O D&O é um seguro de responsabilidade civil contratado pelas empresas para proteger seus executivos em caso de reclamações de terceiros (seja de regulador, funcionário, fornecedor, consumidores ou acionista) relacionadas às suas responsabilidades como administrador de empresa, muitas vezes exigindo ressarcimento com o patrimônio pessoal do executivo. A apólice cobre desde custos de defesa até uma “mesada” em caso de bloqueio ou penhora de bens.
“As seguradoras estão aumentando as taxas na renovação e aplicando exclusões de cobertura para licitações e casos de contribuições políticas, por exemplo”, diz Maurício Bandeira, gerente de linhas financeiras da corretora de seguros Aon. Segundo ele, essas empresas estão tendo dificuldade para conseguir propostas das seguradoras para a renovação do seguro e já houve caso em que nenhuma seguradora aceitou 6 risco.
A Petrobras, por exemplo, renovou seu seguro de executivos no fim do ano passado com exclusão de cobertura para a Lava-Jato e com custo cerca de 40% maior.
As companhias que têm relação societária com as empresas ligadas aos escândalos de corrupção ou que têm negócios com o governo também têm sido afetadas, segundo Paulo Baptista, líder da prática de D&O da corretora Marsh Brasil. “Essas empresas relacionadas também estão sofrendo para contratar e renovar o seguro. As seguradoras estão sendo mais criteriosas para essas companhias e eventualmente incluindo cláusulas restritivas.”
Isso ocorre porque essas empresas podem ter suas apólices de D&O acionadas, uma vez que podem ter executivos da acionista em seus conselhos, por exemplo. Muitos dos grupos de empreiteiras arrolados na Lava-Jato têm braços em outros segmentos de atividade, que vão desde concessionárias até telecomunicações.
O executivo de uma resseguradora internacional relata que o mercado internacional anda estressado com os casos de corrupção e, por isso, tem demandando um volume maior de informações.
O volume de indenizações pagas pelo D&O apresentou um aumento de seis vezes no ano passado em relação a 2013: saltou de R$ 23,2 milhões para R$ 129,3 milhões, a Susep, órgão fiscalizador do setor. Esse movimento ainda não é reflexo dos casos de corrupção, mas de um conhecimento maior do seguro pelas empresas contratantes, segundo executivos. Em 2014, as seguradoras faturaram R$ 235,5 milhões com D&O.
Fonte: Valor