Seguradoras usam cartão de crédito para ampliar vendas
Os cartões de crédito não servem mais apenas para pagamentos e saques. Viraram uma vitrine para a venda dos mais diferente tipos de seguros. A investida das seguradoras começou com as tradicionais apólices que protegem contra perda e roubo do plástico, mas agora já é possível comprar seguro de vida, acidentes pessoais, residencial e desemprego, tudo via cartão.
Com preços na casa de R$ 3, vender esses seguros não é tarefa das mais difíceis para os bancos emissores dos cartões. Além da venda fácil, o seguro tem rendido milhões para os bancos, mostra um estudo inédito da CardMonitor, consultoria especializada nos meios de pagamento eletrônicos.
Uma simples apólice de perda e roubo gera R$ 17 de lucro para o banco por ano por cartão ativo. Um cartão de crédito doméstico com o seguro gera um lucro (antes dos impostos) 85% maior do que o plástico sem o seguro. No caso de um cartão internacional, o lucro é menor, mas ainda assim 31% acima do plástico equivalente sem a apólice. No cartão doméstico, um plástico sem seguro rende R$ 20 para o banco em média. Com a apólice, o lucro anual fica em R$ 37. No caso internacional, o resultado sobe de R$ 54 para R$ 71.
“Os custos para o banco são muito baixos”, avalia José Antonio Camargo de Carvalho, sócio diretor da CardMonitor que fez o estudo junto com José Roberto Neves, o outro sócio da consultoria. A razão é que a sinistralidade costuma ser muito baixa e os custos operacionais vão por conta da seguradora.
Por ano, o seguro gera despesas de R$ 16,10 por cartão ativo, segundo as estimativas da CardMonitor, considerando a remuneração da seguradora, sinistro e processamento.
Para fazer o levantamento, os executivos pesquisaram no mercado os bancos e seguros oferecidos junto com os cartões. O estudo levou em conta apenas o seguro de perda e roubo e considerou que 60% dos clientes aceitam o seguro quando recebem a proposta, número em linha com o divulgado por alguns bancos e seguradoras.
As seguradoras também investem cada vez mais na busca de parceiros para a venda de seguros, sejam bancos, financeiras ou redes de varejo. “As empresas têm buscado alternativa de rentabilidade mais atraente e maior margem. Por isso o interesse nessas parcerias”, avalia Ricardo Fiúza, presidente da Assurant Solutions, seguradora especializada na venda de apólices por meio de acordos, incluindo o seguro de perda e roubo de cartão, acidentes pessoais e garantia estendida. A Assurant tem acordos com mais de 60 empresas. Depois de crescer 27% em 2008, a meta é aumentar os negócios em pelo menos 30% este ano. São cerca de 1 milhão de seguros vendidos por mês.
Luis Maurette, presidente do Grupo Liberty Seguros no Brasil, a maior no ramo de seguros massificados (também chamado de “affinity”) nos EUA, diz que a empresa está investindo para ampliar essas operações no Brasil. “Investimentos muito nesse segmento no Brasil nos últimos quatro anos e estamos colhendo os resultados.” Só nos EUA, a Liberty tem 10 mil parcerias e 2,7 milhões de itens vendidos.
Segundo Thomaz Menezes, presidente da Marsh Brasil & América Latina e Caribe, a venda de seguros massificados (por meio de parcerias) tem crescido consideravelmente. Em 2008, as vendas da corretora subiram 15% e movimentaram R$ 392 milhões. Foram emitidas 3,6 milhões de apólices, incluindo perda e roubo de cartão, acidentes pessoais, residencial e seguro de vida. Nos primeiros meses desse ano, as vendas surpreenderam e têm apresentado crescimento na casa dos 10%.
Fonte: Valor