Seguradoras têm realizado uma travessia menos turbulenta
Ninguém estava preparado para a crise global provocada pela pandemia do coronavírus que ativa a covid-19, uma infecção respiratória supercontagiosa. No entanto, setores da economia bastante integrados ao mundo digital, como o de seguros, com empresas lastreadas por planos de contingência organizados, têm realizado uma travessia menos turbulenta. Ouvimos os grupos MAG, Mapfre, Porto Seguro, Prudential e SulAmérica para saber como, em questão de dias, eles se adaptaram à nova conjuntura. Segundo as companhias, os negócios continuam rodando, sem prejuízo para os consumidores.
MAG
‘Todo mundo teve que procurar o melhor ajuste e de forma rápida’, diz Luis Felipe Maciel, diretor corporate da MAG Seguros. O executivo pegou covid-19 e em março passou quatro dias internado em um hospital do Rio de Janeiro.
Voltou ao trabalho no início de abril. Em pouco mais de uma semana, a seguradora inteira já funcionava em home office.
Segundo Maciel, investimentos feitos em tecnologia nos últimos anos estão atrelados à agilidade obtida na manutenção das operações.
Os corretores individuais respondem por pelo menos 70% dos negócios da MAG. Por motivos óbvios, eles passaram a atuar o tempo todo sem os habituais encontros presenciais com os clientes. ‘Claro que tivemos perdas [em vendas], mas conseguimos segurar muito a queda e os corretores, que trabalham em casa, também. Eles conseguem fazer tudo de forma remota.’ A estimativa é que as vendas em abril tenham queda de até 20%.
A sociedade está passando por uma situação atípica e muito difícil. Assim como todas as empresas, temos nossos planos de continuidade, mas não tinha ninguém exatamente preparado para o que estamos vivendo’ Luis Felipe Maciel, diretor corporate da MAG Seguros
PORTO SEGURO
O envolvimento dos negócios nos braços tecnológicos também ajuda a Porto Seguro a se posicionar na nova realidade.
Para o presidente da companhia, investir em ferramentas tecnológicas há anos trouxe uma contribuição importante para este momento. Dentre as plataformas que facilitam a vida dos corretores, a Porto Educ é voltada ao treinamento. Para os clientes, há canais de aproximação e serviços.
No App Auto, para quem tem seguro de carro, uma das soluções é o aviso de sinistro com possibilidade de vistoria digital.
‘Nossa missão é estar ao lado dos consumidores, trabalhando para cuidar e continuar a merecer sua confiança.’ A Porto Seguro informa que aderiu ao movimento de preservação dos empregos durante a crise e que está facilitando o pagamento de seus produtos.
A Porto Seguro já investe em ferramentas tecnológicas há alguns anos e essa inovação nos permitiu um diferencial importante neste momento’ Roberto Santos, presidente da Porto Seguro
SULAMÉRICA
A SulAmérica atribui seu desempenho atual a um aprendizado rápido. ‘Apesar de já termos um programa de home office implementado há cinco anos, os colaboradores atuavam de casa uma ou duas vezes por semana em rodízio com a equipe, ou seja, sempre tinha alguém in loco’, diz Gabriel Portella, presidente do grupo. ‘Durante a pandemia, tivemos de aprender a trabalhar com todos a distância, porque praticamente 100% da companhia está em regime de home office. E o resultado está sendo excelente, as pessoas se adaptaram e não tivemos perda de produtividade e de interação’, afirma o executivo. A empresa preparou um hotsite para ajudar na continuidade do trabalho dos corretores.
Praticamente 100% da companhia está em home office. O resultado está sendo excelente e não tivemos perda de produtividade e de interação’ Gabriel Portella, presidente do Grupo SulAmérica
MAPFRE O CEO da Mapfre Seguros, Luis Gutiérrez Mateo, acredita que a normalidade voltará, mas, antes disso, haverá ainda um período de instabilidade.
A empresa tem dado continuidade a seus negócios, segue preocupada com a saúde de todos e, assim como a Porto Seguro, informa que aderiu ao movimento de preservação dos empregos durante a crise.
E que está facilitando o pagamento de seus produtos. (Leia na pág. 4 a entrevista completa com Luis Gutiérrez Mateo).
PRUDENTIAL A Prudential diz, em comunicado institucional, que em menos de uma semana colocou a empresa inteira em trabalho remoto e segue operando normalmente. No mesmo texto, a companhia informa que pagará integralmente indenizações de morte decorrentes de diagnóstico de covid-19 para todas as apólices de seguro de vida individual e em grupo contratadas até 25/3/2020, ‘mesmo com a cláusula de exclusão de risco para pandemias e epidemias presente nas condições gerais das apólices de nossos seguros de vida’.
O comportamento do consumidor No dia a dia da crise, o comportamento do consumidor ainda está sendo analisado pelos principais grupos do setor de seguros que atuam no País. Em um primeiro momento, houve um recolhimento natural, o que dificulta a venda de produtos. Mas em alguns segmentos existe mais um processo em andamento. ‘As pessoas não estão querendo, nem podendo receber ninguém.
Profissionais liberais ou pequenos empresários estão com suas rendas comprometidas’, diz Luis Felipe Maciel, diretor corporate da MAG. ‘Infelizmente, entretanto, o assunto foi ficando mais grave e o tema da morte aparecendo mais no noticiário, por causa da preocupação com a seguridade de uma forma geral. Apesar de ser sempre difícil vender seguro, os clientes ficaram mais propensos a ouvir durante as visitas remotas.
É difícil de chegar, mas, uma vez que a gente consegue, o assunto não é mais tão árido’.
É por aí Para Aura Rebelo, vice-presidente de Marketing & Digital da Prudential do Brasil, ainda é cedo para projeções sobre novos comportamentos. ‘No entanto, podemos adiantar que o pós-crise na saúde trará ainda mais consciência e reflexão das pessoas sobre vulnerabilidade e finitude da vida’, diz Aura. ‘A necessidade de proteção e de cuidados consigo e com quem amamos será ainda mais estimulada e a abertura para conversar sobre seguros, ampliada.’
Fonte: NULL