Seguradoras preveem novas perdas com chuvas pelo País
As seguradoras continuam projetando perdas com as chuvas em Santa Catarina e mais recentemente nos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Só em Santa Catarina os prejuízos para as seguradoras, segundo pesquisa do professor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg) e sócio da Correcta Seguros, Gustavo Cunha Mello, devem chegar a quase R$ 1 bilhão. Apesar de a maioria das seguradoras não contabilizar as perdas ocorridas nos três estados, algumas já apontam resultados. A Mapfre já registrou, de dezembro até o momento, 100 sinistros por alagamento no ramo de automóveis em Minas Gerais e 50 sinistros no Rio de Janeiro.
Segundo Jabis de Mendonça Alexandre, vice-presidente de automóveis da Mapfre, em Santa Catarina os sinistros foram bem menores em relação à concentração contabilizada em dezembro.
“Essa época do ano sempre é vulnerável a chuvas. No ano passado, Minas Gerais foi mais castigada, este ano, os danos maiores ocorreram em Santa Catarina”, afirma.
O Unibanco Seguros estima em pouco mais de R$ 1 milhão as indenizações em Santa Catarina um, entre veículos, residências e empresas. A maioria dos sinistros já foi indenizada. “Nossa exposição é relativamente baixa, por que já tínhamos preocupação com o risco de alagamento da região”, aponta Ney Dias, diretor executivo da companhia.
Apesar de não registrar sinistros no Rio de Janeiro e em Santa Catarina este ano, a Allianz indicou quatro sinistros abertos por alagamento no ramo de automóvel em Minas Gerais. Até o final de 2008, a seguradora, que em Estado de Santa Catarina representa 5% do total de suas operações no Brasil, estimava perder R$ 3,5 milhões se contar o valor médio do veículo e o número de avisos que vieram com às chuvas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretoras de Seguros de Saúde, de Vida, de Capitalização e Previdência Privada no Estado de São Paulo. (Sincor-SP), Leoncio de Arruda, a Bradesco Seguros e a HDI tiveram perdas significativas no ramo patrimonial, mas o resultado real dos prejuízos só deverá ser finalizado daqui a dois meses.
“Cerca de 10% e 15% dos imóveis em Santa Catarina são segurados e o prejuízo com as chuvas vai atingir cerca de 10% dos bens com seguro, praticamente todos os bens”. Para Arruda, em Minas, o índice de imóveis segurados é bem menor do que em outras regiões, portanto as perdas serão insignificantes. Segundo Cláudio Saba, diretor de riscos especiais da Marítima Seguros, quando uma catástrofe atinge o País poucos têm seguro no ramo patrimonial para cobrir a totalidade dos danos. “A pessoas não têm consciência do que podem perder e não fazem seguro de perda total”, salienta. Segundo Saba, a companhia não vai gastar nem R$ 400 mil em sinistros no ramo de seguro patrimonial em Santa Catarina. Para ele, esse gasto é insignificante já a seguradora paga em indenizações no ramo patrimonial por mês em média de R$ 12 milhões.
Saba acredita que neste momento de vulnerabilidade decorrente das chuvas, todos lembram da importância do seguro e a procura deve aumentar, porém, com o passar do tempo, os acontecimentos são esquecidos e o seguro também. Saba lembra que na época do desmoronamento de um prédio no Rio de Janeiro, a procura por esta modalidade de seguro disparou.
Em relação ao seguro de vida, o presidente da Mongeral Vida e Previdência, Helder Molina, afirma que a seguradora não sentiu um aumento de sinistros nos três estados atingidos. “Em Santa Catarina, por exemplo, o número de sinistros foi pequeno em relação a quantidade de segurados na região”, avalia.
Mudanças climáticas
As perdas seguradas com catástrofes no mundo totalizaram US$ 38 bilhões em 2008, alta de 7% em relação a 2007, segundo estudo divulgado pela Guy Carpenter, corretora de resseguro do grupo Marsh & McLennan. Segundo o levantamento, os furacões Ike e Gustav foram os mais caros do ano, com perdas seguradas de US$ 12,8 bilhões.
A tempestade Emma, na Europa, causou perdas seguradas de US$ 1,3 bilhão, e o fogo na Califórnia em novembro trouxe danos na carteira de danos patrimoniais de US$ 500 milhões. As catástrofes feitas pelo homem totalizaram US$ 7 bilhões, com explosões e incêndios.
Segundo pesquisa da resseguradora Munich Re, a perda de 2008 é a terceira maior da série do estudo, superada apenas em 2005, de US$ 225 bilhões, marcado pela passagem do furacão Katrina, e de 1995, com o terremoto de Kobe, no Japão.
Fonte: DCI OnLine
