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Seguradoras negociam contratos com preço e cobertura melhores

Depois de mais de 40 dias da abertura do mercado de resseguros, o IRB Brasil Re, que deteve o monopólio por quase 70 anos, ainda é o principal parceiro das companhias de seguros. Isso porque ainda há poucas resseguradoras autorizadas a operar no País. Das 30 previstas, nove foram autorizadas, sendo que algumas ainda procuram lugar para alugar e funcionários para contratar. “Fechamos um contrato onde temos mais de 30 resseguradores. Apenas 20% deles estão instalados aqui. Se não fosse a parceria do IRB, o mercado estaria paralisado”, diz Jacques Bergman, diretor da Itaú XL Seguros Corporativos. A falta de concorrentes criou um nicho de mercado para o IRB. Como só ele tem autorização para fazer retrocessão (repasse do risco para outros resseguradores), cobra até 10% para fazer a ponte entre a seguradora e o ressegurador escolhido. A conta é paga pelo cliente. A Susep concedeu este poder ao IRB para proporcionar uma transição tranquila para o mercado. No entanto, a partir de outubro esse direito de retrocessão acaba.
Nesta semana a Susep aprovou mais três resseguradoras. Com mais concorrentes, as seguradoras negociam seus contratos, que se dividem em automáticos e facultativos. O objetivo do automático é agilizar e reduzir o custo da operação. Tem limite de indenização e condições padronizadas de coberturas. Já os facultativos são aqueles que excedem a capacidade da seguradora ou que eventualmente fogem das condições do contrato original. O contrato automático do IRB serviu de parâmetro para as seguradoras. Ele tem cobertura para riscos de até R$ 300 milhões. Apenas 90 programas de seguros brasileiros ultrapassam este valor e são negociados facultativamente.
A Zurich passou um grande apuro. O IRB não concordou com o contrato de resseguro desenhado pela seguradora e por isso o risco foi negociado com duas resseguradoras estrangeiras. Só que o aval da Susep para elas operarem ficou pendente. Tratava-se de um contrato com mais de R$ 180 milhões de investimentos em um projeto”, diz Luciano Calabró Calheiros, diretor de property da Zurich. “Imaginávamos que todos os resseguradores estariam operando logo no dia 17 de abril. Mas isso não aconteceu”, diz.
A Unibanco AIG fechou o segundo maior contrato automático da América Latina para riscos industriais, informa Luiz Naganime, superintendente da Unibanco AIG, que ressegura 55% da carteira de riscos empresariais da companhia. É um contrato envolvendo vários resseguradores. Serão aceitos riscos entre R$ 20 milhões e R$ 300 milhões para diversos segmentos de atuação, de fábricas a shopping-centers.
Segundo Naganime, o grupo conseguiu negociar condições mais flexíveis do que havia no contrato do IRB, mesmo tendo o próprio IRB com um dos resseguradores. “Temos mais autonomia para subscrever 100% do risco sem negociar preço ou detalhes de clausulados, exigências que eram feitas no passado. A Unibanco negocia agora um segundo contrato automático para empresas ligadas a energia, como hidrelétricas e petróleo.
A Bradesco Auto Re já terminou a revisão dos contratos automáticos, iniciada em 2007. “Chamamos os principais resseguradores e entregamos um briefing do que queríamos contratar. Falta agora finalizar os termos contratuais”, diz Ricardo Saad, diretor geral da Bradesco Auto Re. Segundo ele, são 11 resseguradores distribuídos entre os diversos nichos de atuação.
Saad informa que o grupo obteve condições positivas em preço, cobertura e também na forma de operação. “Vamos repassar esses benefícios para os nossos clientes.” Os resseguradores contratados pela Bradesco foram balizados pelo patrimônio líquido mínimo de US$ 100 milhões e rating A- da Standard & Poor.
“Se não fosse a parceria do IRB, os contratos de resseguros estariam paralisados”, diz Jacques Bergman, diretor da Itaú XL Seguros Corporativos. O grande problema é quando o IRB também não quer o risco. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por exemplo, tenta fazer com que o IRB faça o seu resseguro por meio da Justiça. O processo contabiliza nove liminares.
A Allianz previa esta fase de ajuste pós abertura e renegociou seus contratos automáticos com o IRB para vencerem cerca de dois meses após a data de abertura. “Nos próximos dias estaremos negociando alguns contratos, quando já teremos um número maior de concorrentes”, diz Arlindo Simões Filho, diretor estatutário da Allianz. A Allianz, que ainda não definiu se a resseguradora do grupo atuará no Brasil, já treinou funcionários no exterior e também conta com a ajuda de técnicos da matriz. “Eles nos auxiliam nas regras que temos de observar, tipo de documentos bem como na discussão dos clausulados”, informa o executivo da Allianz. A seguradora alemã ressegura cerca de 10% do faturamento total.

Fonte: Gazeta Mercantil

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