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Seguradoras lucram com jogadores

Por Simon Challis
LONDRES (Reuters) – Como milhões de outros torcedores, as seguradoras estão grudadas na tevê para assistir à Copa do Mundo, mas não para contar os gols de cada jogador, e sim para descobrir se eles vão deixar o campo sem nenhum problema físico.
Isso porque os grandes jogadores no torneio, como o alemão Michael Ballack e o inglês David Beckham, têm seguros de dezenas de milhões de dólares de seus clubes, que se preocupam cada vez mais em proteger seu maior bem – os jogadores.
“A maioria dos clubes faz seguro de seus atletas. Se não fazem do time inteiro, pelo menos dos jogadores de maior valor. A possibilidade de perder um jogador de 10 milhões de libras por causa de uma lesão faz o seguro valer a pena”, disse Dominic How, um corretor esportivo da Marsh & McLennan Cos. Inc.
Essa lição foi ilustrada pelas contusões recentes de duas estrelas: Djibril Cisse, da França, e o inglês Michael Owen, que vai ficar afastado por meses depois de se machucar a serviço da seleção.
Ambos foram segurados, e as seguradoras vão enfrentar grandes pedidos de indenização.
“Owen vai ser uma das maiores perdas no mercado este ano”, disse David Evans, diretor-administrativo da HCC Speciality Underwriters, um dos líderes de mercado desse tipo de seguro.
As seguradoras hesitam sobre os termos dessas apólices, mas fontes da indústria dizem que elas envolvem o pagamento imediato de uma bela fatia do salário de Owen, que certos relatos da mídia estimam em mais de 182 mil dólares por semana pela duração de seu afastamento.
SEGURO DA SELEÇÃO
Seleções como as da Inglaterra e da Alemanha cada vez mais contratam seguros para proteger seus valiosos jogadores. Mas essas apólices ainda são relativamente raras, já que muitas das nações pobres não podem arcar com elas. Mesmo aquelas que podem dificilmente contratariam apólices que cobrem a totalidade dos salários de suas estrelas.
“Não existe a obrigatoriedade das seleções oferecerem seguro para os jogadores. Se o fazem, é mais um gesto de relações-públicas para criar um bom relacionamento entre elas e os clubes. E pode não ser para a totalidade dos pagamentos dos jogadores”, disse Neil Paddon, um segurador da Marsh.
Graças aos avanços da medicina nos últimos 10 anos, o número de jogadores que encerram suas carreiras por causa de lesões tem diminuído. Mas a cobertura dos clubes contra o pagamento dos salários milionários de suas estrelas enquanto estão em tratamento é bastante cara.
ESCOLHENDO OS RISCOS
As seguradoras agora têm a difícil tarefa de tentar adivinhar quantos jogadores de um time podem ficar afastados com lesões graves e por quanto tempo.
Os métodos comprovados de cálculo de riscos que as seguradoras de esportistas usam não são diferentes dos de outros setores.
“Como em qualquer seguro, você seleciona quais riscos você considera serem os bons e aplica seu dinheiro de acordo”, disse Evans.
“Um jogador de 21 anos que está em forma e saudável, sem histórico de contusões, é como um bom edifício com um sistema anti-incêndio. Ele é um risco melhor do que um jogador de 28 anos com um histórico de problemas no joelho e no quadril.”
Os clubes têm a tendência de segurar seus jogadores também fora do campo, portanto batidas em seus carrões super velozes ou tombos na pista de dança de clubes noturnos também estão cobertos.
Um ataque terrorista ou um acidente grave como o desastre aéreo em Munique em 1958, quando grande parte do time do Manchester United morreu, também estão cobertos, ainda que um evento desses obrigasse as seguradoras a lidar com indenizações de dezenas de milhões de dólares.
Ainda recebem cobertura as lesões mais triviais que às vezes tiram jogadores de campo.
“As pessoas se machucam no jardim de casa. Os caras podem estar brincando com os filhos e de repente torcer o tornozelo, por exemplo, como qualquer um de nós”, disse Evans.

Fonte: Folha de São Paulo

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