Seguradoras cortam custo na área de automóveis
A seguradora SulAmérica fechou parceria com a Basf para trazer ao mercado de seguros a tinta à base de água. Ecologicamente correta, a nova tinta não tem solventes e será usada nos reparos dos carros nas oficinas credenciadas da seguradora.
O produto já foi testado em três oficinas em Porto Alegre e agora chega a São Paulo, em oito oficinas. A tinta a base de água é obrigatória na Europa, tanto para as montadoras quanto para as oficinas de reparos. No Brasil, existe desde 2005 e é utilizada por algumas montadoras, mas o uso não é obrigatório. No mercado de seguros, porém, não era utilizada até agora.
Segundo Carlos Alberto Trindade Filho, vice-presidente de automóveis e massificados da SulAmérica, o produto, além de não agredir o meio ambiente, reduz custos e tem melhor acabamento que as tinhas com solvente. No caso da tinta com água, um computador consegue a cor exata da tinta da fabricação do veículo – na tinta com solvente, chega-se a cor por proximidade. Outra vantagem é que a pintura é mais simples e demora menos tempo. A com tina convencional é feita em sete etapas. A com água, em cinco. Com isso, o cliente fica menos dias com o carro reserva, economizando custos para a seguradora. “O custo do sinistro se reduz”, diz Trindade.
Pelo lado da oficina, há o ganho de produtividade vindo da pintura ser feita em tempo menor, além de ser menos tóxica ao funcionário. Segundo a Basf, que fabrica a marca Glasurit, a tinta reduz em 90% a emissão de poluentes. No acordo com a Basf, que é de exclusividade, a empresa alemã dá consultoria gratuita à oficina, que muda toda sua forma de atuação e organização.
Trindade acredita que, por ter essas vantagens, mais seguradoras vão começar a oferecer o produto no futuro. No caso da SulAmérica, vão participar as oficinas credenciadas ao Centro Automotivo de Super Atendimento (Casa), o local de atendimento da seguradora, que conta com 15 filiais pelo Brasil e mais duas em processo de abertura (uma em São Paulo e outra no Rio).
A seguradora também prepara o lançamento de versões menores do Casa, para cidades de menor porte ou bairros de grandes cidades. Cada um desses Casas tem um grupo de oficinas credenciadas. No ano passado, essas centrais registraram 19,4 mil atendimentos.
Depois de um período complicado, marcado por forte guerra de preços entre as seguradoras, Trindade conta que o mercado vem se recuperado e as perspectivas melhoraram. Para os clientes, os preços estão em alta este ano, depois das quedas em 2006 e 2007. Com enchentes mais fortes em vários Estados, juros em queda (que reduz os ganhos financeiros), as seguradoras estão procurando reduzir custos. O uso da tinta com água, por exemplo, está dentro dessa estratégia.
No ano passado, o setor movimentou R$ 15 bilhões, expansão de 13%. Depois das fracas vendas nos piores momentos da crise a partir de outubro, o setor voltou a se recuperar este ano, influenciado pelo aumento da venda de carros novos com a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).
A SulAmérica é a segunda maior do país no setor, liderado pela Porto Seguro e seguida de perto pela Bradesco Seguros. São 1,9 milhão de carros segurados e prêmios de R$ 2,3 bilhões. Em janeiro, último dado oficial disponível, o segmento cresceu 4% no país e movimentou R$ 1,2 bilhão. A sinistralidade, porém, disparou, batendo nos 70% (frente a 65% em 2008).
Fonte: Valor