Santander assume Real Tokio Marine por R$ 678 milhões
Depois de mais de um ano de negociações no circuito São Paulo-Madri-Tóquio, o Santander fechou a compra, por R$ 678 milhões, de 50% do capital social da Real Tokio Marine Vida e Previdência, pertencentes à maior seguradora do Japão, a Tokio Marine Holdings, desde 2005 – a outra metade do capital social pertence ao Banco Real. Com a operação, a instituição espanhola apresenta seu cartão de visitas definitivo para a prática de “bancassurance”, quando um banco insere as operações de seguros em seu modelo de negócio, a exemplo dos competidores Bradesco e Itaú Unibanco. O negócio também é um avanço na integração entre Santander e Real, comprado do holandês ABN Amro em outubro de 2007. Em 2005, quando a seguradora japonesa adquiriu a carteira, foram desembolsados R$ 897 milhões.
Para um executivo de um banco concorrente, a aquisição é um desenho da ambição do Santander. “Bancassurance é prioritário para bancos, principalmente nesse momento de crise por se tratar de um produto com risco de crédito não tão elevado”, afirma. Solicitando sigilo, ele afirmou que o atual presidente da Real Tokio Marine, Edson Franco, deverá comandar a integração da área de previdência privada dos dois bancos.
No caso do Santander, esse movimento de “bancassurance” começa a ganhar musculatura apenas no segmento vida e previdência privada, já que a organização possui acordos comerciais com diferentes empresas para distribuir em sua rede de agências seguros gerais, como apólices de veículos e residência. A aquisição do controle acionário da Real Tokio Marine coloca o Grupo Santander Brasil, incluindo o Real, na quarta posição do mercado de planos PGBL e VGBL, com mais de R$ 11,2 bilhões em reservas de previdência privada – cerca de R$ 6,4 bilhões provenientes dos investimentos de clientes do Real.
No ano passado, a seguradora adquirida teve lucro líquido de R$ 96,7 milhões, resultado 21,1% maior do que o apurado no ano anterior. Somente previdência privada contribuiu com 48,5% do resultado total. Os seguros de vida responderam por 51%.
De acordo com informações de uma pessoa que acompanhou as negociações, o banco continuará comercializando esses planos em balcões separados: “A Santander Seguros continuará a trabalhar com os correntistas do Banco Santander; mais tarde, a Real Tokio Marine Vida e Previdência vai perder o nome Tokio Marine e se fundirá com a Santander Seguros, que passará a atender aos clientes do Real de maneira integrada”.
O presidente do Santader no País, Fabio Barbosa, destaca que, inicialmente, não haverá mudanças para clientes. “A empresa continuará operando normalmente, uma vez que a mudança se restringe ao controle acionário. De qualquer forma, prestaremos aos nossos clientes informações sobre a operação”, esclareceu Barbosa, em comunicado, ontem.
Já a Tokio Marine, que completa 50 anos no País em 2009, perde espaço para vender apólices de vida e planos de previdência privada no balcão do Real, mas mantém sua carteira de seguros de ramos elementares.
Fonte: Gazeta Mercantil