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Retomada do crédito deve começar pelos bancos privados

Uma avaliação do saldo das carteiras dos bancos públicos e privados no acumulado em 12 meses reforça a percepção do Banco Central (BC) de que o mercado de crédito esboça reação, além de sugerir que a retomada pode começar pelo setor privado.
Confirmado tal movimento, haverá a quebra do paradigma inaugurado em 2009 pelas políticas anticíclicas – e reforçado pela chamada nova matriz macroeconômica do governo anterior- que tornou os bancos públicos, notadamente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), indutores do crédito independentemente do ciclo.

Naquele período a carteira dos bancos públicos e do BNDES crescia em ritmo superior a 40% ao ano, não em resposta às condições econômicas e de mercado, mas sim como mais uma ferramenta de política fiscal. Desde a gestão de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda uma nova diretriz foi adotada, e reforçada agora por Henrique Meirelles, sugerindo que bancos públicos e privados deverão promover o ciclo de crédito em consonância com o ciclo econômico.

O que os dados mostram são os bancos públicos, sem levar em conta o BNDES, reduzindo o ritmo de crescimento da carteira em 12 umeses até março, para 0,15%, ante 0,56% verificado em fevereiro, enquanto os privados nacionais mostram aceleração de 3,6% para 4,4% no saldo da carteira na mesma base de comparação, na melhor leitura desde os 12 meses encerrados em abril de 2015.

Olhando só a carteira dos bancos privados estrangeiros, o ritmo de queda em 12 meses recuou de 13,6% em fevereiro para 11,9% no mês passado, como influência da compra do HSBC pelo Bradesco. Assim, o conjunto dos bancos privados, nacionais e estrangeiros, ainda mostra queda de 1% no saldo de crédito em 12 meses, mas menor que a retração de 2,1% vista nos 12 meses até fevereiro.

De volta aos bancos públicos, mas considerando o BNDES no conjunto, a queda do saldo em 12 meses é de 3,9%, menor que os 4,6% de fevereiro. O BNDES continua puxando a queda, mesmo que em intensidade menor. A carteira do banco de fomento, que representa 30% do total dos bancos públicos, tem uma redução de 11,9% nos 12 meses até março, mas há melhora sobre janeiro e fevereiro quando a queda estava acima dos 14%.

O estoque de crédito como um todo alcançou R$ 3,076 trilhões, acumulando baixa de 2,7% em 12 meses até março. Ritmo também menor que a contração de 3,5% registrada em fevereiro e de 3,9% de janeiro.

Em termos de participação, as instituições públicas seguem na liderança respondendo por 56% do crédito do país, os privados ficam com os 44% restantes, sendo 31% dos nacionais e 13% dos estrangeiros. Já a fatia do BNDES no saldo total está em 17%, após rondar os 50% em meados de 2010 e começo de 2011.

 

Fonte: Valor

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