Restrições a transações levam euro às mínimas
DA AGÊNCIA ESTADO
O euro caiu ontem para uma nova mínima em quatro anos depois que a Alemanha anunciou que vai limitar certos investimentos especulativos, exacerbando a venda da moeda única europeia. O euro caiu 1,5% em relação ao dólar e teve uma queda de mais de 1,56% frente ao iene, pois os investidores – já receosos com a periferia da zona do euro, que lida com uma situação fiscal instável – tomaram as medidas da Alemanha como mais um alerta sobre um problema que ameaça levar mais turbulência aos mercados financeiros, disse Win Thin, estrategista sênior de câmbio da Brown Brothers Harriman, em Nova York.
No início da noite de ontem, o euro era negociado a US$ 1,2202, de US$ 1,2392 na noite de segunda-feira. O euro estava a 112,75 ienes, de 114,33 ienes.
O dólar estava a 92,34 ienes, de 92,50 ienes. A libra britânica era negociada em US$ 1,4328, de US$ 1,4470.
O índice ICE Dollar, que registra a cotação da moeda norteamericana ante uma cesta de moedas, estava a 87,089, de 86,149. O índice alcançou seu nível mais alto desde março de 2009, com os investidores fugindo de moedas de maior risco.
A Alemanha anunciou a proibição da prática do “naked short selling” com as ações de 10 das principais instituições financeiras da Alemanha e os credit default swaps (CDS) de bônus soberanos da zona do euro a partir de 0h de hoje, de acordo com a porta-voz do Ministério de Finanças do país, Jeanette Schwamberger.
O “naked short selling” ocorre quando um participante do mercado vende a descoberto um ativo financeiro sem antes ter tomado emprestado esse ativo ou sem ter garantias de que poderia realizar tal empréstimo.
Muitos governos da zona do euro disseram que esse tipo de transação com os CDS – um tipo de seguro contra defaults – inflou artificialmente os custos de financiamento da Grécia.
Schwamberger disse que estão sendo planejadas mais proibições à prática de “naked short selling” além das que entrariam em vigor hoje. Elas incluem a proibição desse tipo de negociação com todas as ações da Alemanha, com derivativos de ações, derivativos relacionados a bônus da zona do euro e também com derivativos ligados ao euro que “não desempenhem um papel de proteção contra riscos no mercado cambial”.
A decisão do governo ocorre em meio à crescente pressão por parte dos partidos da coalizão de centro-direita para que o setor financeiro ajude a cobrir os gastos relacionados à crise financeira. Eles defendem a introdução de um imposto sobre as transações ou atividades financeiras.
O imposto não anularia a tarifa sobre os bancos que a Alemanha pretende implementar, segundo autoridades desses partidos. A câmara baixa do parlamento do país deve votar na sexta-feira sobre a contribuição de 147,6 bilhões de euros que os alemães farão para o plano contra crises sistêmicas.
QUEDA ILIMITADA. David Gilmore, sócio da Foreign Exchange Analytics, em Essex (Connecticut), disse que, se os investidores não podem vender a descoberto as dívidas soberanas da zona do euro ou contratar seguros para se proteger contra um calote nessas dívidas, a proposta “vai simplesmente levar mais investidores e especuladores a expressar uma visão negativa sobre o câmbio”. A proposta pode significar “uma queda futura ilimitada do euro”.
“Não há nada nesse panorama que seja favorável para o euro”, disse Thin. “Eles perderam um monte de oportunidades”, acrescentou, referindo-se aos líderes da zona do euro, que lutam com suas dívidas soberanas.
“O mercado os está punindo por serem indecisos”.
Nesta altura, diz Thin, as transações são contra o euro e, com a moeda comum tendo caído. na mínima de ontem, abaixo de US$ 1,22, há poucos obstáculos no caminho para ela chegar a US$ 1,18.
Fonte: Jornal do Commercio