Resseguro mais barato com o grau de investimento
Os investidores estrangeiros interessados na indústria de resseguros já mostravam sua confiança no Brasil mesmo antes do grau de investimento dado pela Standard & Poor?Rs na última quarta-feira. Tanto que desde o início do ano, mais de 30 empresas anunciaram investimentos no País para atuar como resseguradoras e corretoras de resseguros. Na última sexta-feira, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) autorizou a Munich Re a operar como resseguradora local. Como eventual ela já estava autorizada há quase um mês.
Antonio Trindade, vice-presidente da área de benefícios da Unibanco AIG, acredita que o grau de investimento ajudará a reduzir o custo do resseguro, já beneficiado pela abertura do setor no último dia 17. “Ter o grau de investimento ajuda a melhorar a percepção do risco de crédito e político do País e com certeza trará um desconto na taxa de resseguro para as empresas brasileiras”, avalia Trindade.
“A Swiss Re sempre acreditou no potencial do Brasil e, por isso, investe no País há 12 anos. Não temos dúvidas de que a abertura do mercado de resseguros já contribuiu para a melhora dos indicadores brasileiros”, diz Henrique Oliveira, presidente da Swiss Re no Brasil. O grupo suíço está abrindo duas resseguradoras no Brasil e atuará na categoria admitido, com investimentos iniciais de US$ 10 milhões apenas considerando-se a exigência da legislação brasileira para atuação como local.
Segundo Oliveira, o investment grade que o Brasil recebeu é uma resposta natural das agências de classificação ao estágio superior atingido pela economia brasileira. “Nós só temos a comemorar com essa notícia, já que a economia cresce, o PIB cresce e isso repercute diretamente no mercado de seguro e resseguro.”
José Carlos Cardoso, diretor regional da América Latina da Scor compartilha da opinião de Oliveira. “Sem dúvida nenhuma, esse tão esperado grau de investimento chega no momento perfeito. Seja para respaldar ainda mais a decisão daqueles que já depositaram o dinheiro aqui no Brasil ou para incentivar aqueles que ainda tinham um pouco de receio em relação a investir em nosso País”.
Armando Vergílio, titular da Susep (Superintendência de Seguros Privados), prevê a entrada de 80 empresas no mercado de resseguros, sejam resseguradoras, corretoras e empresas prestadoras de serviços até o final do ano.
Os investimentos são justificados pela ausência de catástrofes naturais na região; pela baixa penetração de seguro no PIB do País, que precisaria triplicar para ficar dentro da média de países de primeiro mundo; e também por ainda pagar a maior taxa de juro do mundo para remunerar aplicações financeiras feitas em títulos do governo.
Moody?Rs ressalta mudanças
Segundo Rodolfo Nobrega, autor do estudo “Opening of the Brazilian Reinsurance Market ?R A New Beginning”, divulgado pela Moody?Rs na semana passada, o risco de crédito das seguradoras ?R sustentadas por acordos de transferência de risco com resseguradoras ?R se tornará uma consideração essencial no processo de tomada de decisão dos clientes.O relatório destaca que as companhias de seguros locais, através do conhecimento técnico e da força financeira das resseguradoras, provavelmente irão buscar novos nichos de mercado para operar e investir no desenvolvimento de novos produtos. “O processo de transição, no entanto, pode ser difícil para algumas empresas”, a Moody?Rs ressalva, “uma vez que a maior proficiência do mercado possivelmente marginalizará as seguradoras sem vantagens competitivas evidentes”.
Expansão internacional
A agência destaca dois fatores que também contribuirão ao crescimento do setor de seguros: o desenvolvimento macro-econômico do país, incluindo projetos importantes de infra-estrutura, e a expansão internacional das empresas brasileiras, que pode resultar no desenvolvimento de meios alternativos de financiamento de risco, tais como empresas cativas de resseguro. A Moody?Rs acredita que a abertura do mercado de resseguros do Brasil irá alterar consideravelmente o comportamento do mercado de seguros local, sobretudo as seguradoras com participação significativa em riscos industriais e comerciais.
Fonte: Gazeta Mercantil