Resseguro fica mais rápido e barato após abertura
Em três semanas, a seguradora Zurich, a corretora Marsh e a resseguradora Munich Re fecharam a primeira apólice de riscos de engenharia do mercado aberto de resseguro, que teve monopólio estatal por 69 anos. O seguro cobre a construção de instalações industriais avaliadas em R$ 180 milhões da Zeppelin Empreendimentos.
Com o mercado fechado, conseguir o resseguro para apólices semelhantes podia demorar até três meses. O preço do resseguro da Zeppelin também caiu significativamente, segundo os participantes da operação. No mercado fechado, poderia ser até o dobro do valor fechado. Operações mais rápidas e quedas das taxas. Essas foram as duas principais mudanças que ocorreram no mercado de resseguro após a abertura ao setor externo, no dia 17 de abril.
Com o mercado fechado, todas as operações passavam pelo IRB-Brasil Re, controlado pelo governo federal. Era o IRB quem procurava as outras resseguradoras para repassar os riscos. O contrato da Zeppelin chegou a ser oferecido ao IRB, que recusou participar do resseguro por já ter outros riscos semelhantes. “O IRB tem ficado cada vez mais seletivo”, diz Armando Bandechi, responsável pela área de infra-estrutura da Marsh Brasil.
Com o IRB fora da operação, a Zurich e a Marsh consultaram a Munich Re, que havia acabado de receber autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuar como ressegurador local no país. A resseguradora aceitou participar. No princípio, iria ficar com 50% do risco, mas acabou ficando com 80%. Para aumentar sua capacidade de operar no Brasil, a Munich, segunda maior resseguradora do mundo, criou duas resseguradoras no país. Uma vai ficar com parte do risco assumido pela outra.
Segundo Rodrigo Beloube, especialista da Munich Re, o fato de a Zurich ser uma seguradora especializada no segmento de grandes riscos e o total de informações disponíveis sobre o contrato e a empresa foram os fatores que garantiram que o negócio fosse fechado em tempo recorde. Sem esse nível de informação, o contrato demoraria muito mais tempo.
“O processo foi muito mais rápido e as condições ficaram alinhadas com o mercado internacional”, afirma Luciano Calheiros, da Zurich. Sem a participação do IRB nas negociações, foi o momento de a seguradora colocar em prática a preparação que vem sendo feita para operar no mercado aberto, que inclui maior capacitação técnica dos executivos. Toda a operação, desde o início da cotação até o fechamento, levou três semanas.
Mesmo já contando com competidores, o IRB segue líder no mercado local. O faturamento nos primeiros cinco meses do ano ficou em R$ 1,3 bilhão, queda de 7% em relação ao igual período de 2007. O IRB já tem dois concorrentes diretos. Além da Munich Re, há a J. Malucelli Re. Outras novas resseguradoras locais devem aparecer. A Mapfre e a XL já anunciaram que querem operar como locais. Pelas regras, 60% dos prêmios têm que ser oferecidos primeiro para essas resseguradoras.
Fonte: Valor