Relatório demonstra como seguradoras estão superando obstáculos
O mercado de seguros no Brasil enfrenta desafios significativos em um cenário global marcado por incertezas e pressões inflacionárias. O World Report Series 2024: Property & Casualty Insurance, elaborado pelo Capgemini Research Institute, trouxe à tona questões cruciais para o setor, com base na opinião de 294 executivos de seguros, 201 subscritores e 3.323 segurados em 18 países, incluindo o Brasil.
O estudo destaca aspectos como volatilidade de riscos, dificuldades na precificação e um reposicionamento estratégico dos subscritores.
Gustavo Leança, líder de Soluções para Seguros da Capgemini Brasil, compartilhou uma análise exclusiva sobre o cenário nacional, apontando os desafios e as estratégias adotadas pelas seguradoras brasileiras para lidar com questões como acesso a dados, transparência e uso de tecnologias avançadas.
Segurados e as barreiras na relação com as seguradoras
No Brasil, 46% dos segurados demonstram preocupação com a coleta de dados pessoais, embora 68% estejam dispostos a compartilhá-los em troca de privacidade garantida, recomendações personalizadas e descontos.
No entanto, 73% dos consumidores afirmaram ter dificuldades com a complexidade dos questionários de subscrição. Apesar de uma menor preocupação dos brasileiros com seus dados, quando comparados aos europeus, as seguradoras precisam entregar valor imediato ao cliente para garantir a continuidade do compartilhamento de informações, destaca Gustavo Leança.
Segundo ele, estratégias baseadas em benefícios claros, como descontos e personalização de serviços, podem ser diferenciais competitivos importantes, similar ao que deve ser feito no Open Insurance.
Entre os clientes PJ, 74% esperam maior transparência de preços e 17% desejam entender melhor como seus dados são utilizados.
Nesse sentido, o canal de comunicação com corretores se mostra essencial, ajudando a mitigar riscos e ajustando tarifas de acordo com o comportamento do cliente.
Subscrição: entre desafios e oportunidades
O estudo revelou que em média 42% do tempo dos subscritores no continente americano é dedicado a tarefas manuais de baixo valor agregado, um reflexo direto da baixa utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (ML) e outras que aportem automação em escala.
Apesar disso, 93% dos executivos consideram essas tecnologias essenciais para a melhoria dos processos de subscrição e a redução de fraudes. A falta de confiança nos dados e a complexidade tecnológica são barreiras relevantes para a utilização dessas tecnologias pelos profissionais de subscrição.
Para contornar esses obstáculos, a Capgemini recomenda envolver subscritores no desenvolvimento dos projetos de IA/ML, treiná-los para compreender as ferramentas e promover maior interação entre humanos e máquinas. A construção de confiança não é apenas uma tarefa técnica, mas um desafio de gestão de pessoas. Incluir os subscritores desde o início é crucial para que eles se sintam parte do processo e compreendam as decisões das ferramentas de IA, ressalta Leança.
Ações das seguradoras brasileiras
As seguradoras no Brasil têm se destacado globalmente por seu investimento em modelos preditivos de risco (47%, contra uma média global de 27% segunda autoavaliação das seguradoras) e por sua comunicação ativa com corretores, que contribuem diretamente para a mitigação de riscos.
Além disso, iniciativas para simplificar os processos de subscrição estão sendo implementadas, como o uso de dados públicos ou de ecossistemas para preencher automaticamente questionários, embora esse recurso ainda esteja amadurecendo.
O futuro do setor de seguros Com a crescente preocupação com catástrofes naturais e novos riscos, o mercado brasileiro tem buscado maior eficiência operacional e melhorias na experiência dos clientes.
A adoção de tecnologias inovadoras e a adaptação às demandas regulatórias, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), são fatores essenciais para o avanço do setor. O dado é o novo petróleo, mas só será útil se houver uma entrega de valor real para o cliente, finaliza Leança. O World Report Series 2024 reforça a necessidade de uma abordagem equilibrada entre tecnologia, transparência e personalização para que o mercado de seguros continue relevante e competitivo em um cenário cada vez mais desafiador.
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