Regulador do mercado de capitais americano exige divulgação do salário de CEOs
Os diretores-presidentes das empresas, os CEOs (Chief Executive Officer, em inglês), ganham mais do que empregados comuns. Em um futuro próximo, a partir de 2017, os cidadãos americanos poderão descobrir o quão grande é a real disparidade dentro das empresas de capital aberto.Os reguladores federais, sob mandado de uma lei de 2010 que reformulou a regulamentação após a crise financeira, vão exigir que as companhias relevem a entensão das próprias diferenças salariais. O órgão regulador do mercado de capital americano, a SEC (Securities and Exchange Comission, em inglês), aprovou por três votos a favor e dois contra a adoção da regra, que obriga empresas abertas a divulgar a diferença entre os pagamentos anuais dos CEOs e dos empregados médios.Segundo cálculos da AP com base em dados do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, um diretor executivo recebeu 205 vezes mais do que o trabalhador médio em 2014 em comparação a 257 vezes em 2013. A diminuição da diferença se deve à elevação do salário médio dos trabalhadores.A revelação pública dessa discrepância provavelmente não vai resultar em uma corrida para cortar os salários dos chefes ou para aumentar a remuneração dos funcionários. Os números significariam, no entanto, um golpe simbólico ou pelo menos chamaria atenção dos dirigentes das empresas a respeito dos excessos dos executivos, afirmam os apoiadores da divulgação dos dados.Como esperado, o voto na audiência pública da SEC dividiu os cinco integrantes de acordo com suas linhas partidárias, como aconteceu quando a regra foi proposta.Interessados do setor comercial, como a Câmara do Comércio dos Estados Unidos, fizeram pressão contra a exigência, afirmando que será custoso e demorado para as companhias reunirem a informação. A câmara sustenta que o custo às empresas americanas ficará acima de US$ 700 milhões por ano, comparado à estimativa da SEC de US$ 73 milhões. Isso vai impor às empresas e seus acionistas uma exigência extremamente custosa e onerosa, e vai forçá-las a revelar informação imaterial, se não ilusória afirmou na segunda-feira Mike Ryan, vice-presidente de governança corporativa da Business Roundtable, que representa os CEOs das maiores empresas americanas.Em contrapartida, investidores, grupos de acionistas e sindicatos de fundos de pensão se posicionam a favor da relação da diferença de pagamento CEO/empregado. Eles afirmam que o fosso cresceu cerca de 10 vezes desde 1950. Além do mais, altos pagamentos de executivos não necessariamente acompanham forte desempenho financeiro das companhias, afirmam os críticos. Achamos é informação muito importante, muito clara afirmou Ed Mierzwinski, diretor do programa de consumo do Grupo de Pesquisa de Interesse Público dos Estados Unidos. Será uma mensagem aos investidores.O salário anual médio de empregados americanos foi de US$ 47.230 em 2014, segundo o Departamento de Trabalho do país. O salário médio difere da média da regra da SEC a mediana é o ponto salarial no qual metade dos empregados da companhia ganham mais e metade ganha menos.Em acordo com a indignação pública estimulada durante a crise, os detentores de ações já exercem influência no pagamento dos executivos. Em 2011, a SEC concedeu aos acionistas de empresas de capital aberto o direito de registrar suas opiniões a respeito da remuneração dos chefes em votos sem vínculo.O respaldo negativo à questão inclui algumas grandes marcas: Bed Bath & Beyond, cujo CEO Steven Temares ganhou US$ 19,1 milhões em 2014; Kate Spade & Co., em que Craig Leavitt recebeu US$ 26, 2 milhões, e a Restoration Hardware Holdings, cujo diretor-presidente Gary Friedman viu seu salário anual cair de US$ 36,4 milhões para US$ 2,6 milhões em 2013.
Fonte: O Globo