Reforma das operações de seguros do BB sai em 2009
O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, afirmou ontem que a consolidação das operações de seguros, previdência privada e capitalização da instituição será concluída ainda neste ano. O exe-cutivo destacou o crescimento de 24,9% da contribuição dessas operações para o resultado global do BB em 2008, para R$ 1,510 bilhão, e disse que o negócio está alinhado com a estratégia de expansão da organização. “Estamos detalhando um novo modelo de seguridade para o banco. O processo se iniciou de forma relevante com o controle de 100% da Aliança do Brasil em agosto último. Vamos concluir isso em 2009.” A participação das receitas de seguros no resultado do banco passou de 11% (2007) para 13%.
Atualmente, o BB opera no setor por meio de parcerias societárias (Brasilveículos, Brasilprev, Brasilcap e BB Seguro Saúde) e acordos comerciais para vendas de apólices de seguros, planos de previdência privada e dos chamados título da sorte nas mais de 3 mil agências da instituição espalhadas pelo País. Quase dez empresas fazem parte dessa composição, que incrementa os resultados do banco por três fontes de receita: corretagem de seguros, cobrada pela BB Corretora; equivalência patrimonial (participação acionária); e tarifas de serviços eventuais. De acordo com especialistas do setor, o BB considera assumir o controle majoritário de todas as operações, nos moldes da Bradesco Seguros e Previdência, ou escolher apenas uma única seguradora como parceira a fim de racionalizar a carteira de produtos.
O vice-presidente de novos negócios de varejo do BB, Aldemir Bendine, que conduz o plano de reforma das operações de seguros, lembrou que, por força de lei, a instituição pode ser obrigada a buscar um sócio para atuar na área operacional. “Uma lei da década de 1960 proíbe que um ente público detenha 100% das ações de uma seguradora. Temos um prazo legal de pouco mais de um ano para buscar um parceiro para a Aliança do Brasil, que de assumir.” Uma saída seria utilizar os mecanismos da MP 443, que facilita a aquisição de instituições financeiras privadas – inclusive seguradoras – por bancos públicos. “Estamos analisando as possibilidades internamente e em breve teremos novidades”, desconversou Bendine.
Para um experiente executivo do mercado, a estratégia do BB será partir para o ataque aos sócios atuais. “A legislação não é empecilho. Além da MP 443, o banco pode colocar como sócio alguma fundação que ele controle. O esquema será comprar participações e ficar sozinho. Já começou pela aliança, agora vai atacar saúde e automóvel, que tem a SulAmérica na sociedade. Ele vai obrigar a seguradora a vender sua parte”, argumenta a fonte, solicitando sigilo. Segundo ele, o BB tem condições de manter as operações sem parcerias. “A estrutura está disponível no mercado, redes de oficinas e hospitais podem ser negociadas, e o banco já conseguiu desenvolver sua própria expertise. Os presidentes e diretores atuais são todos do banco, as seguradoras têm apenas uma pessoa lá dentro.”
Para Gustavo Mello, sócio da Correcta Seguros e professor da Funenseg, a SulAmérica pode se beneficiar na reestruturação que o BB está preparando por conta da sinergia entre as duas empresas. “A SulAmérica precisa retomar posições perdidas no ranking e aparentemente desistiu de operar em seguros vultosos e está estrategicamente focando em seguros de varejo. Já o BB precisa da expertise técnica para dar suporte à sua força de vendas que se resume na capilaridade de suas agências”, explicou Mello.
Fonte: Gazeta Mercantil