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Quem tem medo da seguradora AIG?

Em meio a uma enxurrada de notícias negativas que relacionam a seguradora AIG aos piores momentos da crise financeira internacional, entre eles a apresentação do pior resultado trimestral da história corporativa dos Estados Unidos – prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre de 2008 – e a polêmica liberação de bônus a executivos às custas do suor dos contribuintes norte-americanos, a unidade brasileira da seguradora aparece como uma das protagonistas de dois grandes negócios em andamento no País.
Mas qual empresa, em tempos de incertezas como os atuais, se arriscaria a fechar uma série de apólices, cujas coberturas somam cerca de R$ 10 bilhões, com uma companhia com as dificuldades enfrentadas pela AIG? A construtora Odebrecht destinou parte dos riscos de engenharia e de garantia da construção da usina de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), e dos investimentos da concessão da rodovia Dom Pedro I (SP) justamente para a AIG Brasil Companhia de Seguros. A Unibanco Seguros e Previdência, ex-sócia da norte-americana, lidera esses contratos, ao lado de outras grandes companhias estabelecidas no País.
Segundo profissionais do mercado segurador brasileiro consultados pela Gazeta Mercantil, a participação nos negócios da Odebrecht pode ser encarada como um sinal de que a área de seguros da AIG não está totalmente contaminada pelas terríveis perdas financeiras e está se estruturando para voltar a ser competitiva no País, depois da dissolução da sociedade com o Unibanco, em novembro último.
“Eles vão voltar a operar fortemente, contrataram um monte de gente. Só da Unibanco foram buscar dez executivos, que já estão trabalhando”, revela um corretor de resseguro, que pediu para seu nome não ser publicado. A fonte acrescenta que a AIG Brasil vem trabalhando apenas nas linhas garantia e aviação, mas pretende solicitar permissão à Susep para atuar com todos os produtos do mercado sob um novo nome: American Home – a AIG já usou essa marca no País nos anos 1990. “A estratégia é se desvincular da AIG. O Hamilton Silva, CEO da AIG para América Latina, que fica em Miami, esteve no Brasil nas últimas semanas para tocar isso.”A mudança de marca já ocorreu no campo do resseguro. No mundo inteiro, a capacidade financeira que a AIG oferece para seguradoras emitirem apólices é assinada pela American International Underwriters (AIU), inclusive no Brasil. James Hodge, diretor da corretora UIB Re Brasil, não pensa duas vezes em fazer cotações com a AIU. “É um player que tem que ser lembrado. Sempre tiveram muita tradição em grandes riscos aqui no Brasil e continuam sólidos, aqui e lá fora, não vão dar default”, diz Hodge. Outro especialista do mercado lembra que o problema enfrentado pela AIG ocorreu na holding responsável pela gestão de ativos financeiros. “A área de seguros foi afetada, mas não sofreu tanto porque as subsidiárias devem ser capitalizadas e solventes para atender a legislações específicas. Além disso, no caso da Odebrecht, a AIG participou porque tem longo relacionamento com a construtora, da época do Unibanco.”
Katia Luz, diretora da OCS, corretora responsável pela contratação de seguros da Odebrecht, garantiu que, além do tempo de parceria, a construtora considerou a classificação de risco. “Apesar dos problemas que todos conhecem, a AIG ainda apresenta rating sólido.” Pela agência Fitch, a nota atual é “A”, com perspectiva estável, considerada satisfatória para operações de resseguros. Há, entretanto, seguradoras brasileiras que não se arriscam trabalhar com a AIG. “Muitos clientes ficam preocupados e não aceitam colocações com a AIG”, diz o diretor de outra corretora de resseguro, se referindo às seguradoras Allianz, Bradesco e SulAmérica. Procurada, a AIG Brasil preferiu não comentar a reportagem, mas adiantou que em breve detalhará sua estratégia para as operações no País.

Fonte: Gazeta Mercantil

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