Quem disse que uma andorinha só não faz verão?
Em minha palestra de Etiqueta Empresarial, tenho um slide que conta a estória do passarinho e do incêndio na floresta. Todos os bichos da floresta estavam observando o fogo consumir a floresta e nada faziam. O passarinho, desesperado, resolveu tomar uma atitude e ia até o lago, enchia o biquinho de água, voava até a floresta em chamas e despejava a água. A bicharada, vendo aquilo, caiu na gargalhada e perguntou ao passarinho se ele achava que iria, “com toda aquela água” do seu bico, apagar o incêndio de muitos acres, que estava consumindo a floresta fazia dias. Então o passarinho respondeu: – Eu sei que não vou apagar o fogo, mas pelo menos estou fazendo a minha parte. Esta semana, saiu nos jornais, uma velhinha de 80 anos, que durante dois anos filmou a ação dos bandidos na favela, vizinha ao seu apartamento, no Rio de Janeiro, além de mostrar como era feito o tráfico de drogas. Então, ela resolveu entregar 33 horas de gravação para a polícia. Resultado: mais de 15 bandidos presos e outros tantos já identificados. Nossa velhinha, com 80 anos não precisava tomar esta atitude, pois poderia achar que já estava velha demais para se preocupar com isso e que também não demoraria muito para ir desta para melhor. Mas a lição de cidadania, de amor ao país, o inconformismo e a síndrome do passarinho da floresta falaram mais alto e ela, sozinha, ajudou a polícia a desmontar um esquema de tráfico. Então eu pergunto a você, que lê os jornais todos os dias, que acha que o país não tem solução, que acha que os políticos são corruptos, que acha que o Rio de Janeiro é a cidade mais violenta do país, que vive criticando o governo, que vive criticando os políticos, que vive criticando o síndico do seu prédio: – O que você está fazendo para melhorar a situação? Que contribuição você está dando? Tendo pensamentos como – isso não me compete, não faço isso porque não é minha obrigação, não ajudo ao próximo porque ninguém me ajuda e somente posso contar comigo… – você não vai a lugar algum, nem mesmo da sala ao quarto de sua casa. Precisamos acordar e acreditar que vivemos em uma comunidade, onde todos devem colaborar e contribuir para o desenvolvimento do bem estar de nossa família e do próximo. Estou orgulhosa desta velhinha, que embora agora esteja no Programa Federal de Proteção a Testemunha, não se conformou com a situação de ver, da janela do seu apartamento, crianças de 08 a 12 anos cheirando cocaína ao ar livre. Gostaria de ser neta desta vovó, que mostrou para seus filhos, seus netos e vai certamente ser lembrada pelos bisnetos como uma vovó que contribuiu para o desenvolvimento do país, apenas fazendo a sua parte, tal qual como o passarinho na floresta. Uma notícia desta nos jornais, onde hoje em dia não aguentamos mais ler sobre corrupção, políticos ladrões e ações do governo que não dão certo e não vão para frente, me faz pensar um pouco mais em como educar minha filha, que está para nascer. Se cada pai pudesse começar a ensinar aos filhos a verdadeira lição de cidadania, de comprometimento, de amor ao próximo, certamente quando nossos filhos forem avós, eles teriam um mundo melhor para habitar. Grande abraço a todos os leitores.