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Quantidade de frotas sem seguro é desafio à imaginação de corretoras

Muitos empresários preferem assumir o risco da perda de um ou outro veículo,
seja ele um caminhão, carro ou ônibus, a bancar o custo de colocar no seguro
a frota da companhia. Os frotistas utilizam, em muitos casos, oficinas
próprias para reparos. Também é comum fazerem apenas o seguro contra
terceiros, ou Responsabilidade Civil Facultativa (RCFV), para eventuais
acidentes. Trata-se, portanto, de um mercado pouco explorado pelas
seguradoras.
Para Marco Antonio Oliveira Neves, diretor da TigerLog Logística, as
empresas pouco têm feito para mudar esse cenário. “Sabem que existem muita
fraude e o preço realmente ficaria inviável”, resume. Ele lembra que o risco
está diretamente relacionado aos valores transportados. Com isso, setores
como de cigarros, eletroeletrônicos e alimentos fazem seguro da carga ou até
do caminhão. “Em função do alto custo cobrado pelas seguradoras, preferem
investir numa gestão de riscos própria, com o uso de rastreadores e
monitoramento 24 horas”.
A AGF Seguros garante que tem focado o segmento de frotas. O diretor de
massificados Marcelo Goldman lembra que no caso das empresas que assumem o
risco dos automóveis, o RCFV é uma boa opção porque os valores de
indenização, em caso de atropelamento, por exemplo, podem ser muito
elevados. “Também é comum algumas empresas só contratarem serviços de
assistência aos veículos, como o guincho”, acrescenta.
Contudo, Neves, da Tigerlog, observa que o maior contingente das frotas é de
autônomos, que em geral não fazem seguro, deixando o mercado restrito aos
grandes transportadores. “Muitas dessas empresas vivem na informalidade.
Imagine se gastariam com seguro…” Uma saída seria haver apólices com
preços mais acessíveis, mas essa é uma situação considerada improvável
devido não só aos roubos e à precariedade das estradas. “Apenas com
tecnologia de rastreamento do veículo e da carga conseguiremos minimizar
esse problema”, afirma Neves.
Com mais de 16,7 mil veículos a ela associados, dos quais 8 mil caminhões, a
Confederação Nacional das Revendas AmBev e das Empresas de Logística da
Distribuição (Confenar) tem em sua maioria associados com frotas médias e
pequenas. “Nossa orientação é sempre estar coberto com apólices integrais
para resguardar tudo aquilo que oferecer risco”, assegura o vice-presidente,
Hamilton Picolotti. Para ele, o fato de terem frota diversificada, alto
custo de apólices e, acima de tudo, histórico de baixa ocorrência, são as
razões pelas quais grandes frotas preferem correr o risco e arcar com
sinistros.
Emerson Bernardes da Silva, superintendente de produtos Unibanco AIG,
assegura que o mercado procura oferecer modalidades diferenciadas. Uma das
mais comuns é o sistema de “gatilho”. Nele, a seguradora cobra o prêmio de
acordo com a experiência individual daquele risco. “Mas não há muito espaço
para crescer neste segmento”.
Claudio Afif Domingos, vice-presidente da Indiana Seguros, diz que tem se
movimentado para mudar tal cenário. Entre as iniciativas está um estudo para
análise mais detalhada do risco. “A intenção é tornar o prêmio mais
competitivo e acessível a determinados tipos de frotas”, antecipa. Para ele,
uma das maneiras de se elevar o percentual de frotistas com apólices seria a
exclusão daquelas consideradas de alto risco, como carros para locação
avulsa.
A Bradesco Seguros e Previdência tem feito pesquisas com os caminhoneiros.
Luiz Carlos Nabuco, diretor-gerente de produção auto/RE corporativo da
companhia, acredita que o caminho para a expansão do segmento passa por
parcerias com os clientes. Elas envolveriam gerenciamento de risco,
inclusive a colocação de rastreadores. “São ações que podem ser negociadas
para reduzir prejuízos e, conseqüentemente, melhorar o resultado da carteira
e o preço do seguro”.
Mas Picolotti argumenta que o mercado lida com as frotas seletivamente. “A
maioria das seguradoras não presta serviços para este segmento,
principalmente no caso de cavalos mecânicos e carretas. Alegam que deixam
margem negativa”, reclama. O vice-presidente da Confenar acrescenta que
muitas vezes as companhias do setor alternam ano a ano a operação de seguros
para frotas. “Isso dificulta nosso poder de negociação. O produto seguro de
frota deveria fazer parte do portfólio de toda seguradora”.
Goldman admite que o mercado costuma tratar as frotas diferentemente do
seguro individual e que o preço varia muito. “Há espaço para ampliação com o
oferecimento de novos tipos de apólice ou serviços aos veículos da empresa.
Por exemplo, o seguro de Acidentes Pessoais a Passageiros (APP) ainda é
pouco contratado para frotas de veículos”, sugere o diretor da AGF.
Seguradoras e frotistas estão de acordo quanto à necessidade de preparar
melhor os profissionais com treinamentos, estudos e orientações específicas.
A Confenar já tem parcerias com montadoras como Ford, Mercedes Benz e
Volkswagen, com empresas de fornecimento de combustíveis e fabricantes de
autopeças.
Uma das formas para ter mais segurança é fazer um bom gerenciamento de
risco, por meio de incentivos aos motoristas sem histórico de acidentes,
cursos e manutenção constante dos veículos. “Se isto for feito com
regularidade, as empresas pagarão menos no seguro e economizarão nas
franquias, enquanto estão sendo consertados”, argumenta Goldman.

Fonte: Valor

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