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Quando é hora de trocar o plano de previdência

Insatisfeitos com tarifas ou rendimento podem mudar de fundo na mesma instituição ou ir para outra administradora
Juliana Rangel
A cena de uma velhice tranqüila, na praia ou no campo, com um céu azul ao fundo, já povoou os sonhos de muita gente.
O que poucos sabem é que os aborrecimentos, às vezes, ocorrem durante os anos de poupança, com tarifas altas e cobranças que corroem o investimento.
Por causa disso, dizem especialistas, o aplicador deve ficar de olho na fatura e trocar de plano sempre que não estiver satisfeito, fazendo valer o seu direito de portabilidade.
O coordenador da gerência de Previdência e Seguros de Pessoas da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Marcos Peres, explica que portabilidade é a transferência de reservas de um plano para outro, sem cobrança de multas ou impostos. Ela pode ser feita entre planos da mesma companhia ou de diferentes empresas.
Mas a regra só vale quando o usuário ainda está em fase de acumulação de recursos, sem receber benefícios.
– Basta respeitar um prazo de carência, que é de até 60 dias – ensina.
A portabilidade também só é permitida entre planos com características parecidas. Existem no mercado o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Geradora de Benefício Livre). O primeiro é classificado como plano de previdência, enquanto o VGBL é um seguro de vida. Por isso, não é possível fazer transferências entre as duas classes.
Dados mais recentes da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), que reúne as empresas do setor, mostram que foram transferidos R$ 2,5 bilhões entre diferentes planos entre abril de 2006 e março de 2008. Em março, foram cadastradas 3.379 operações, que somaram R$ 137,917 milhões.
O diretor de Previdência e Vida da entidade, Luiz Peregrino, diz que o principal motivador é a insatisfação com a rentabilidade e as taxas.
– Mas a portabilidade também pode ser usada por aqueles que desejam diversificar suas aplicações, com mais de uma operadora – avalia.
Investidor deve ter alguns cuidados antes da troca
Basicamente, são duas as taxas que incidem sobre os planos de previdência: a de administração, que remunera o administrador do fundo pela aplicação dos recursos, e a de carregamento, cobrada para ressarcir a seguradora de custos com a oferta do plano (como envio de extratos pelo correio).
Para Peres, a taxa de carregamento é a que mais pesa.
– Ela acaba afetando a rentabilidade do plano – explica.
Na maior parte das instituições, a taxa de carregamento é gradual e varia conforme o tempo de permanência no investimento e o valor da reserva financeira. Em outras, ela é cobrada apenas na retirada dos recursos.
Segundo o professor de Finanças do Ibmec-Rio Nelson de Souza, o investidor deve fazer uma análise cuidadosa antes de trocar de plano: – Tem que averiguar o grau de confiabilidade das instituições e se o benefício, na data futura, é igual ou superior ao que está contratado – diz.
Outra observação importante é avaliar o perfil do plano antes de comparar as rentabilidades. Alguns produtos aplicam apenas em renda fixa, e são voltados para quem tem perfil conservador.
Outros permitem aplicações em mercados alternativos e alguma exposição a risco. A rentabilidade dos planos pode ser encontrada nos sites das operadoras.
Peregrino lembra que é possível negociar, dentro da própria operadora, a transferência para opções com rentabilidade melhor.
Aos 30 anos, o designer Daniel Mazzarela não pensa em mudar de plano: – Como já tenho conta há mais de dez anos no mesmo banco e tenho outros fundos lá, tenho um bom relacionamento com o gerente e nunca pensei em mudar. Mas estou sempre olhando as condições e a rentabilidade da concorrência.

Fonte: O Globo

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