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Protecionismo pode limar US$ 18 tri do PIB global

O avanço do protecionismo pode limar US$ 18 trilhões do PIB global até 2035, de acordo com um relatório da seguradora Zurich.

De acordo com o documento, os maiores prejudicados por um retrocesso no comércio internacional seriam os países emergentes. As estimativas de crescimento do Brasil, por exemplo, seriam reduzidas entre 2,6% e 3,3%, caso o aumento do protecionismo resulte em um conflito comercial aberto entre os Estados Unidos e a China.

O alerta é feito em um estudo sobre riscos geopolíticos encomendado pela Zurich e o Atlantic Council, um think tank sediado em Washington.

O estudo alerta para os desafios que três grandes riscos geopolíticos vão criar para os governos, mas também para as empresas nas próximas décadas.

O avanço do protecionismo preocupa muitos analistas desde o ano passado, quando a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia revelaram o quanto tais ideias ganharam força nos países desenvolvidos nos últimos anos.

A eleição presidencial francesa, em que dois candidatos de discurso protecionista acumularam mais de 40% dos votos, confirmou que esta tendência não está restrita aos países anglo-saxões.

Com relação aos governos, os autores estimam que uma eventual vitória abrangente de forças protecionistas nos debates comerciais levará a um aumento do número de pessoas que vivem em extrema pobreza, além de fomentar instabilidade em nada menos do que 64 países.

Já no caso dessas últimas, as repercussões serão sentidas tanto no acesso a mercados externos quanto em turbulências em suas cadeias de suprimento, entre outros efeitos. O relatório convoca as empresas a dar ênfase à gestão de riscos geopolíticos em suas estratégias de negócios.

Além do protecionismo, os outros cenários analisados são uma crise energética derivada de um conflito no Oriente Médio, que pode custar até US$ 54 trilhões ao PIB global até 2035, e uma piora acentuada no acesso à água, agravada por maior escassez de alimentos, com um custo de até US$ 7 trilhões.
Protecionismo

O estudo da Zurich projeta dois cenários para um dos riscos geopolíticos analisados, olhando também para as interligações entre eles.

Os cenários ligados ao protecionismo preveem uma vitória convincente das forças protecionistas ou uma reversão da tendência atual que levaria a uma retomada do processo de globalização.

Ambos os casos são comparados ao que os autores chamam de cenário-base, ou seja, que se materializaria caso as condições atuais fossem mantidas.

No cenário-base, o estudo projeta que o PIB global chegará a US$ 141,4 trilhões em 2035. Caso o protecionismo se reforce, este número seria US$ 18 trilhões mais baixo. No cenário otimista, haveria um aumento de US$ 25,9 trilhões na riqueza global.

Um mundo duramente protecionista contaria com 743 milhões de pessoas vivendo em estado de extrema pobreza em 2035, o que seria 33 milhões de pessoas a mais do que no cenário-base. A classe média perderia 54 milhões de membros com base nos mesmos critérios.

O crescimento seria afetado em todo o mundo. Os autores preveem por exemplo que a América do Sul crescerá 2,5% ao ano no cenário-base, mas o número cairia para 1,9% no cenário pessimista. Caso a globalização ganhe novo ânimo, a expansão do GDP poderia chegar a 3% anuais.

Além do custo direto para as pessoas e as economias, os autores também alertam para outras possíveis consequências de um mundo mais protecionista, como o aumento da instabilidade em 64 países e uma maior possibilidade de conflitos armados.

O relatório diz que, caso o protecionismo continue avançando, as empresas terão que desenvolver planos de continuidade de negócio que levem em conta altos níveis de turbulência em suas cadeias de suprimento. Os custos de produção também podem aumentar como resultado de imposições de tarifas de importação mais elevadas.

Os governos também devem tentar entender como os problemas causados a cadeias de suprimento podem afetar sua própria capacidade de prover serviços fundamentais à população.
Crise energética

A interligação entre os riscos políticos é exemplificada pela possibilidade de uma crise energética causada pelo acirramento dos conflitos no Oriente Médio.

Os autores notam que, caso o protecionismo aumente a instabilidade nos países emergentes, áreas do mundo já problemáticas, como o Oriente Médio, se tornarão ainda mais combustíveis.

Além disso, a região é fortemente afetada pelo terceiro risco analisado, o de escassez de água e alimentos, que já foi um dos motivos das revoluções árabes do começo da década.

O relatório diz que o risco de conflitos mais graves no Oriente Médio é real desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, já que a instalação de um governo xiita no país afetou o equilíbrio de forças da região. Os dos grandes rivais regionais, Irã e Arábia Saudita, têm governos xiitas e sunitas, respectivamente.

Os conflitos podem ganhar um caráter militar mais forte, mas também tomar outras formas, como a guerra cibernética, já manifestada por um poderoso ataque sofrido pela estatal petrolífera saudita Saudi Aramco em 2012, notam os autores.

No cenário mais pessimista elaborado pelos analistas, que prevê grandes restrições ao acesso de energia como resultado dos conflitos, o preço do petróleo chegaria a US$ 76 por barril e o PIB global cairia US$ 54 trilhões, na comparação com o cenário-base.

No cenário “otimista”, em que as energias renováveis recebem incentivos para compensar parcialmente os problemas causados pelos conflitos da região, o preço do petróleo chegaria a US$ 54 por barril, com o PIB global perdendo US$ 46,4 trilhões comparado com o cenário-base.

Fonte: Risco Seguro Brasil

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