Proteção financeira não tem sexo nem dia internacional
Faça seguro e ganhe um colar. Faça seguro e ganhe um espelhinho. Faça seguro e ganhe uma massagem. Todo ano, nessa época do Dia Internacional da Mulher, as seguradoras investem milhares de reais; em campanhas publicitárias que espalham mensagens como essas. O objetivo, óbvio, é aumentar as vendas de seguros de vida e acidentes pessoais com o apelo do “desenho” especial para as mulheres.
O diferencial do tal “seguro mulher” é, geralmente, uma cobertura para diagnóstico de câncer de mama ou de útero, em que a segurada recebe uma indenização definida em contrato para esse evento para fazer o que quiser, inclusive investir no tratamento.
Na opinião da consultora de finanças pessoais Sandra Blanco, criadora do site “Mulherinvest”, para aquelas pessoas que têm histórico familiar de câncer, contratar uma proteção pode ser uma atitude de bom senso. Mas não só para mulheres, os homens também têm que pensar nessa possibilidade. “O seguro é um instrumento para minimizar riscos financeiros”, explica Sandra Blanco. Independente de idade, sexo ou dia internacional.
Formada em Matemática pela PUC-SP, pós-graduada em Administração Financeira pelo Ibmec e atualmente cursando o mestrado em Economia no mesmo lbmec, Sandra decidiu, há cinco anos, usar a experiência que acumulou em 10 anos de trabalho no mercado financeiro, inclusive na corretora Merrill Lynch dos Estados Unidos, para levar educação financeira às mulheres.
Por que mulheres? “Porque percebi que, apesar de elas estarem cada vez mais assumindo sozinhas o comando da família, elas nunca aprenderam a formar o patrimônio e, em geral, gastam mais que economizam. E não havia nada no mercado brasileiro para elas, é um nicho interessante”, responde.
Ela diz que não sabe se o motivo é cultural ou histórico, o fato é que sempre se atribui ao homem a tarefa de formar e gerir o patrimônio e a riqueza e sobra para as mulheres aquela imagem de que só querem saber de gastar.
Sandra, que tem mais de duas mil mulheres cadastradas em seu site e 40 clientes na consultoria financeira, afirma que na hora de fazer seguro as mulheres costumam reproduzir as preocupaçôes masculinas com o carro e o plano de saúde. “Não é só com isso que você tem que se preocupar, tem que avaliar suas reais necessidades”, afirma a consultora.
O primeiro passo, antes mesmo de decidir o seguro a fazer, é equilibrar o orçamento e encontrar uma forma de poupar, não apenas para garantir o sustento e educação dos filhos, mas também para a aposentadoria.
Quando se conscientizam sobre a importância de gerir bem o dinheiro, reclamam da dificuldade de somar mais uma tarefa às tantas que já acumulam: acompanhar o mercado financeiro. “Eu digo a elas que não tem saída, você tem que ser independente também na hora de cuidar do seu dinheiro”, diz a consultora.
O seguro de vida é muito importante enquanto os filhos são pequenos, mas vai perdendo a relevância à medida que eles crescem, até ficar desnecessário depois que eles ficam independentes. O valor a ser contratado num seguro de vida depende do nível de renda do segurado, diz Sandra. Para quem é de classe média, tem filhos pequenos e patrimônio baixo e imobilizado (em bens móveis e imóveis), o ideal é contratar um valor de cobertura suficiente para, em caso de morte ou invalidez, cobrir as despesas dos beneficiários (marido/mulher, filhos e dependentes) durante um ou dois anos, até que eles possam se reestruturar.
Por outro lado, quem já tem um património mais elevado, talvez precise mais de um seguro de vida em valor suficiente apenas para garantir a cobertura de despesas com advogados e documentação até que o patrimônio seja liberado do inventário – o que pode levar Meses ou anos, depende do tamanho dos valores envolvidos e cio nível de disputas familiares. “Não faça seguro só para ganhar uma massagem. É melhor pagar a massagem e fazer um seguro bem feito”, recomenda Sandra Blanco.
Fonte: Valor