Pronto para oferta de ação, IRB eleva lucro e reduz sinistralidade
Pronta para uma eventual oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a companhia de resseguros IRB registrou números fortes em 2016, com crescimento de dois dígitos nos prêmios e no lucro e queda na sinistralidade. Um dos principais focos da empresa tem sido o aumento da eficiência, o que a levou a esse resultado em meio a um período de dificuldades enfrentadas pela indústria brasileira de seguros.
“A companhia vem passando por um processo nos últimos anos. Deixou de ser monopólio, foi privatizada e então os acionistas começaram a cobrar mais eficiência. Há dois anos, a discussão era como deixar ela eficiente para ir a mercado, hoje podemos viabilizar esse processo muito rapidamente”, afirma o presidente Tarcísio Godoy. Ele reitera, no entanto, que essa decisão depende exclusivamente dos acionistas. Hoje, o governo tem 27,44% do capital do IRB, seguido por BB Seguros, com 20,43%, Bradesco Seguros, com 20,43%, e Itaú, com 14,94%, além de participações menores.
O lucro líquido registrado no ano passado foi de R$ 850 milhões, avanço de 11,3% em relação ao ano anterior, e os prêmios emitidos somaram R$ 4,9 bilhões, alta de 13,6% na mesma base de comparação. Segundo Godoy, esse ritmo deve continuar em 2017 e a expectativa é que o lucro do IR atinja a casa de R$ 1 bilhão nos 12 meses.
Para o ano passado, as operações dos ramos patrimonial, rural e vida contribuíram para esse resultado e o avanço beneficiou inclusive o índice de sinistralidade da resseguradora, que recuou 1,9 ponto percentual e foi para 61,9%.
Seguindo a estratégia destacada por Godoy de ganho de eficiência, as despesas administrativas recuaram 6,7% em termos reais e a relação entre as despesas e os prêmios ganhos apresentou redução de 1,3 ponto percentual, para 6,5%. Nesse contexto, aliado à ampliação de parcerias com principais clientes do mercado, o IRB teve crescimento de cinco pontos na participação de mercado, que chegou a 39%.
A empresa também acaba tendo números mais resilientes mesmo com a situação macroeconômica por atuar no atacado, e não no varejo, como as seguradoras. Além disso, a presença no ramo de grandes riscos acaba blindando a companhia. “Uma fábrica pode reduzir a sua produção, mas não vai cancelar o seguro patrimonial”, exemplifica o executivo.
Uma das grandes vantagens competitivas do IRB frente os concorrentes, em grande parte players globais, é o conhecimento regional e o tempo de atuação nesse mercado. “Estamos ou já estivemos em todos os grandes riscos da região, então conhecemos mais a fundo esse mercado, que foi aberto apenas em 2007 à concorrência”, explica o presidente. Ele reitera, por outro lado, que apesar do foco regional, é preciso ter atuação no exterior como maneira de mitigar riscos. Atualmente, quase 25% dos prêmios foram emitidos fora do país. A resseguradora tem escritórios em Buenos Aires, Nova York e Londres, mas os riscos são distribuídos em todos os continentes.
“Temos parcerias na Ásia, Europa e Estados Unidos para mitigar risco. Eu passo o risco para as empresas estrangeiras e pego parte do delas para mim. No Brasil, um dos focos principais é o agronegócio e eu tenho mostrado para parceiros o grande potencial”, diz. Godoy assumiu a presidência em junho do ano passado. Desde 2015, ocupava o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda e atuou no passado na diretoria do grupo Bradesco Seguros, além de ter passagem na BrasilPrev.
Outro aspecto que contribuiu para o lucro de 2016 foi o resultado financeiro positivo em R$ 1,04 bilhão, avanço de 18,3%. No fim do ano, a carteira de investimentos totalizava cerca de R$ 6,1 bilhões, com um retorno nominal de 18,08% no ano, gerando um desempenho equivalente a 129% da taxa interbancária (CDI).
Contribuíram para esse desempenho a posição em títulos públicos indexados à inflação (NTN-B) com ganhos de 111% do CDI, a posição em títulos públicos prefixados (LTN) com ganhos de 134% do CDI e a posição em renda variável, com ganhos nominais de 35% até dezembro.
Fonte: Valor