Preço do vinho chileno sobe mas Brasil segue comprando
A perversa combinação de peso forte em relação ao dólar, falta de energia barata e mão de obra e uvas mais caras, leva vinícolas chilenas a enxugar custos, apertar margens de lucro e subir o preço no atacado e no varejo. Mas o Brasil aumenta as compras no Chile, apostando que o consumidor acomoda o reajuste.
“O preço do vinho, em dólar, deve subir entre 5% e 7% neste ano”, disse ao Valor Gerardo Arteaga, presidente da Corporação Chilena de Vinho (CVC), que reúne 400 empresas (produtores de uva e de vinho). Este aumento mantém a tendência de 2007, quando o preço subiu 7%, em média.
A Santa Rita, uma das quatro vinícolas do empresário Ricardo Claro, um dos mais poderosos do Chile, confirma o cenário de alta nos preços. Neste ano, diz o diretor de exportações da Santa Rita, Roberto Lecaros, a meta é exportar ao Brasil 30 mil caixas (com 12 garrafas cada uma) a um preço médio de US$ 40, no atacado. Em 2007 foram despachadas ao Brasil 20 mil caixas, a US$ 35 cada uma. O aumento, neste caso, é de 14%. O volume vendido ao Brasil ainda é pequeno em relação ao total de 1,3 milhão de caixas que a Santa Rita exporta, mas o consumo no Brasil vem crescendo a passos largos, colocando o país como o quinto maior comprador de vinho chileno no mundo.
Exportar tornou-se atividade fundamental para as vinícolas chilenas. Nos últimos 15 anos os chilenos organizaram-se, melhoraram a qualidade do produto e conseguiram até ultrapassar a Argentina como fornecedor mundial.
O mercado externo é o caminho natural diante do tamanho do mercado chileno, com 15 milhões de habitantes, e da mudança de hábito da população: o chileno que há quatro décadas bebida 50 litros de vinho por ano, bebe apenas 14 há oito anos. “O consumo da cerveja cresceu muito, em especial entre os jovens”, diz Arteaga.
O mercado externo compra 70% da produção de vinho chileno, que foi de 850 milhões de litros em 2007, segundo dados da CCV. Essa aposta inevitável no exterior, no entanto, desenha um 2008 de contornos delicados, de despesas crescentes e margens apertadas.
Fonte: Valor