Poupança, da pré-escola à universidade
Alex Krassuski só tem 6 anos de idade mas, se depender da tia, Cristiane Krassuski, a faculdade do garoto já está garantida. Há um ano, ela começou a poupar para pagar os estudos do sobrinho deposita R$ 180 por mês na caderneta de poupança.
Assim que juntar um montante maior, vou diversificar o investimento, aplicando em ações e previdência privada.
A idéia dela é que esse dinheiro possa bancar, sem apertos, os gastos com uma boa universidade para Alex. “Assim que juntar um montante maior, vou diversificar o investimento, aplicando em ações e previdência privada”, diz Cristiane. “Serão 13 anos de poupança para garantir os estudos do Alex e, nesse tempo todo, qualquer rendimento a mais fará diferença.”
A poupança para a faculdade foi um presente de aniversário. No começo, o menino não entendeu muito bem do que se tratava. Mas, depois que a tia começou a mostrar os extratos que recebe do banco, Alex passou a juntar moedas que encontra pela casa para ajudar a engordar a reserva. “Aos poucos, ele aprende a importância de economizar para o futuro”, afirma a tia.
Como ela, quem não sabe se poderá bancar os cerca de R$ 1,3 mil mensais que pode custar uma boa faculdade, deve pensar em começar a se programar financeiramente. “Quanto mais cedo começar a poupança, melhor. Isso porque os juros compostos trabalham a favor do investidor e a economia mensal pode ser menor ao longo do tempo”, afirmou o autor do livro “Terapia financeira” e consultor de finanças pessoais Reinaldo Domingos. “Além disso, quem tem mais tempo para investir, pode ser mais agressivo nas aplicações, e, assim, obter rendimentos mais altos”, destaca.
Ele cita o exemplo de um pai que começa a reservar dinheiro para a faculdade do filho no nascimento da criança. Considerando que o filho vá para a faculdade aos 18 anos, ele pode depositar R$ 150 por mês em caderneta de poupança (ren-dimento mensal líquido de 0,6%). Mas se o pai começar a se preocupar com o assunto apenas depois que o pequeno completar 5 anos, a poupança mensal precisará subir para R$ 256. “Divida os investimentos entre renda fixa e variável”, afirma Domingos. Ele recomenda a aplicação em fundos de renda fixa ou na compra direta de títulos públicos prefixados, já que a tendência é de queda dos juros no longo prazo. Em relação às ações, vale comprar dois ou três papéis de uma determinada empresa de primeira linha todos os meses. “Também há planos de previdência privada para menores de idade que fazem muito bem esse papel, com até 49% de aplicação em renda variável”, observa o especialista.
Previdência
Com o aumento da demanda por planos para menores de idade, os bancos não param de lançar produtos de previdência privada específicos para esse público. No mercado, a procura aumentou 41% entre 2006 e 2007, de acordo com o gerente de produto da Real Tokio Marine, Sidney Famelli. No caso do Real, cerca de 60% dos responsáveis pelos planos são homens entre 30 e 40 anos de idade, que depositam R$ 250 mensais para crianças de, em média, 7 anos de idade.
“A previdência é bastante procurada para esse fim porque rende mais que fundos de renda fixa e poupança, e a cobrança do Imposto de Renda pode diminuir com o passar do tempo”, diz Famelli. Para incentivar a contratação do plano, o banco oferece aos clientes transporte escolar gratuito e serviços como professor particular e aulas de reforço.
Aos pais com perfil de investimento mais agressivo, a Coinvalores Corretora de Valores administra um fundo de investimentos onde só entram menores de idade. A criança é o primeiro titular da conta e o responsável, o segundo. “Quando o filho completa 18 anos, o pai não pode mais fazer aplicações, mas pode deixar o dinheiro rendendo”, afirma a gerente de fundos e clubes de investimentos da corretora Coinvalores, Jussara Pacheco. Em 2007, o fundo da empresa nesse segmento teve ganho bruto de 54,43%, com taxa de administração de 0,5% anual. “Muitos pais investem metade da mesada do filho, explicando à criança para onde vai o dinheiro”, afirma Jussara.
Para o economista e presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Waldir Gomes, quem investe no longo prazo, como é o caso dos pais que pretendem garantir a faculdade dos filhos, não deve se preocupar com as oscilações do mercado.
“Mas é melhor diminuir a porcentagem de dinheiro em renda variável à medida que a data de entrada na universidade se aproxima. Assim, o investidor garante alto rendimento com segurança”, afirma. “Vamos ensinar à próxima geração o que a passada não nos ensinou”, diz Gomes.
Fonte: DIÁRIO DO COMÉRCIO/SP