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Porto aceita guerra de preços da concorrência e vê lucro cair 30%

Sob forte ataque dos concorrentes, sedentos por ganhar mercado, a Porto Seguro escolheu não vender fácil a liderança no segmento de apólices de veículos, o mais rentável do setor segurador brasileiro, responsável pela movimentação de mais de R$ 15 bilhões em 2008. A guerra de preços foi uma das principais razões para justificar a queda de 30,9% do lucro líquido da seguradora no ano passado, para R$ 290,2 milhões – em 2007, o desempenho foi de R$ 419,9 milhões. No quarto trimestre, no entanto, o ganho subiu 10,7%, para R$ 78,6milhões, frente ao mesmo período de 2007.
O diretor de relações com investidores da Porto Seguro, Tadeu Mota, conta que a empresa respondeu com a mesma munição dos competidores: baixou preços e ofereceu descontos, sacrificando o prêmio médio das apólices. “A concorrência se fortaleceu em 2007 e continuou no primeiro semestre de 2008. Isso nos levou a oferecer descontos para manter carteira.” Mas o executivo acredita que, com a economia em desaceleração neste ano, as seguradoras têm margem menor para usar a arma do preço baixo. “Os concorrentes chegaram no limite dos ajustes, já estão praticando o preço técnico e não o comercial”, avalia Mota. O analista da corretora Fator Iago Whately lembra que a Porto entrou nessa batalha com a Azul Seguros, coligada que comercializa seguro de carro mais barato. “A Azul foi mais agressiva, enquanto a apólice da marca Porto é um produto premium, não precisa baixar preço para brigar.”
Enquanto o faturamento em prêmios da Azul cresceu 62% em 2008, para R$ 566,1 milhões, as vendas das apólices Porto Seguro Auto no mesmo período passaram de R$ 2,410 bilhões para R$ 2,538 bilhões, expansão bem abaixo da média de mercado, de 5,3%. Somando as duas companhias, o prêmios cresceram 12,5%, para R$ 3,104 bilhões. No último trimestre de 2008, essas receitas totalizaram R$ 806,9 milhões, alta de 10,9% sobre os R$ 727,3 milhões registrados nos últimos três meses de 2007.
Mas não é só a guerra de preços que justifica a queda do lucro anual da Porto Seguro. O aumento da sinistralidade geral também contribuiu. Em 2008, foram gastos R$ 2,454 bilhões com sinistros, ante R$ 1,982 bilhão no ano anterior, crescimento de 23,8%. O índice de sinistralidade registrou elevação de 2,3 pontos percentuais no ramo automóvel, para 52,3% dos prêmios ganhos. As enchentes em São Paulo no começo de 2008 causaram mais perdas totais nos carros segurados.
As despesas no segmento seguro saúde passaram de 70,4% para 78,2%, alta de 7,4 pontos. “Aceleramos as vendas dos planos corporativos. O plano corporativo não tem carência e quando a empresa vem para a gente, seja por não ter seguro saúde ou por mau atendimento pela seguradora, a utilização do plano é muito maior no início. A cada três meses nos reunimos com as empresas clientes para repactuar o valor dos prêmios e calibrar a operação”, explica Mota. No ano, os prêmios dos seguros saúde cresceram 25,5%, para R$ 684,4 milhões.
Nos segmentos de seguros pessoais e patrimoniais, a sinistralidade foi melhor. Os prêmios também cresceram. As apólices pessoais registraram receita de R$ 267,1 milhões, desempenho 26,2% maior. As apólices para cobertura de risco residencial, empresarial e de condomínio apontaram R$ 260,6 milhões em 2008, com crescimento de 26,2% em confronto com o ano anterior.
O índice combinado, que mede a eficiência operacional da companhia, piorou, subindo de 94,1% para 98,7%. O resultado financeiro anual da Porto Seguro caiu 6,1%, passando de R$ 640,8 milhões para R$ 601,8 milhões. No último trimestre de 2008, os investimentos atingiram R$ 156,6 milhões, rendendo 92,8% do CDI. Segundo Iago Whately, da Fator, os retornos financeiros da seguradora deixaram a desejar. “No momento em que a crise financeira deu sinais mais fortes, a Porto estava com uma carteira mais arriscada. O ajuste do mix de investimentos veio depois, mas já era tarde demais.”

Fonte: Gazeta Mercantil

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