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Por que seu dinheiro nunca chega ao fim do mês?

Quantas vezes você já viu essa história? Um amigo ou parente ganha bem, tem um carrão na garagem, viaja para o exterior todos os anos e ainda circula com o smartphone do momento e roupas de grife. Mas apesar da aparente boa condição financeira, está sempre no sufoco e reclama que o salário não dura até o fim do mês.

Não é à toa que a conta não fecha, analisa Mauro Calil, consultor e educador financeiro da Academia do Dinheiro e autor dos livros “A Receita do Bolo – Os Ingredientes Essenciais Para Seu Primeiro Milhão” e “Separe Uma Verba Para Ser Feliz” (Ed. Gente).

– Muita gente pensa: de que adianta trabalhar tanto, se eu não puder me dar alguns presentes? E é assim que o dinheiro vai acabando – alerta.

A crença citada pelo especialista, que esbarra na autoindulgência, leva até pessoas com rendimentos altos a viverem na corda bamba, muitas vezes lançando mão de empréstimos desnecessários para cobrir rombos.

Não são apenas as viagens, os gadgets e as roupas que impactam o planejamento. Calil dá um exemplo simples de como pequenos gastos podem ser nocivos. E se o objetivo é reaprender a administrar as finanças, até o cafezinho entra na conta.

– Não tem nada demais tomar um cafezinho expresso na padaria todos os dias, certo? Afinal, o que é um cafezinho? Mas vamos fazer a conta: se a bebida custa R$5 e a pessoa trabalha 22 dias no mês, o gasto será de R$1.210 em um ano, e isso já descontado o mês de férias – calcula o especialista.

Poupar deve ser um hábito Controlar os gastos é o primeiro passo, o segundo é poupar. Os livros de autoajuda financeira costumam recomendar que as pessoas apliquem 10% da sua renda líquida todos os meses. Calil, no entanto, acha que a mudança precisa ser feita por etapas, para que a prática de guardar dinheiro vire um hábito.

– Comece poupando 1% da sua renda líquida, aumente para 2% no mês seguinte, então continue progredindo até chegar aos 10% no décimo mês. Na fase seguinte, siga aumentando essa poupança até atingir os 15%. Depois dessa etapa, dê um salto maior e eleve para 20%. Uma vez confiante, tente chegar aos 30% – sugere.

Esse dinheiro aplicado não precisa ser intocável. Mas é necessário não perder de vista que o investimento deve servir predominantemente para alcançar objetivos maiores. Manter uma aplicação que funcione como uma reserva para imprevistos é outra ideia. Mas quanto guardar? Faça a conta de quanto seria necessário para viver durante um ano sem rendimentos. Esse montante deve ser investido em uma aplicação conservadora, que possa ser resgatada a qualquer momento.

“Viva o presente e pense no futuro”

A ficção já mostrou alguns personagens que representavam o estereótipo do sovina. Como Seu Nonô Correia, personagem de Ary Fontoura na novela “Amor com Amor se Paga” (1984), que colocava cadeado na geladeira e mandava a empregada vasculhar o lixo atrás de sobras. Ou o pão-duro Gastão Franco, criado por Chico Anysio. É preciso equilíbrio para não se tornar um mão de vaca na hora de decidir cortar as despesas desnecessárias. – Não faz sentido deixar de ir ao churrasco na casa do amigo porque vai ter de gastar com a farofa ou a gasolina do carro. A dica é combinar duas coisas: viva o presente e pense no futuro – alerta Calil. Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira, concorda. Segundo ele, o propósito em organizar as finanças e poupar é ter mais prazer com a vida sem que para isso seja necessário perder o sono.

“Não é quanto se ganha, mas quanto se poupa que define a sua riqueza”

COMO OS JUROS AFETAM SUA VIDA

As altas taxas de juros impactam diretamente o bolso do consumidor. Ao deixar de pagar uma fatura de cartão de crédito de R$ 1 mil, por exemplo, o consumidor acumulará uma dívida de aproximadamente 850 mil (com juros médios mensais de 15,13%) após quatro anos, conforme cálculo da DSOP Educação Financeira. Em novembro, segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a média dos juros cobrados no rotativo do cartão foi de 459,53% ao ano. No cheque especial, a mesma dívida de R$ 1 mil, após quatro anos, vai representar uma dor de cabeça de mais de R$ 200 mil ( juros médios de 11,83% ao mês).

A cobrança feita por bancos e pelo comércio utiliza o juro composto, ou juro sobre juro. No primeiro mês de atraso de uma conta, por exemplo, há incidência de juros. No mês seguinte, se você não fizer o pagamento novamente, sua dívida será o valor da parcela, corrigido pelos juros do primeiro mês de atraso e novamente corrigido pelos juros do segundo mês de atraso. Ou seja, a cada mês os novos juros são aplicados sobre o mês anterior. Na internet, você encontra várias calculadoras online que ajudam na hora de fazer essa conta.

Mas não é o desconhecimento sobre o peso da taxa de juros que faz as pessoas se enrolarem na hora de cuidar das finanças. Isso acontece normalmente pelo descontrole de gastos.

– Talvez esse comportamento comece a mudar com o passar do tempo. As pessoas podem perceber que as alterações nas regras da aposentadoria afetarão seu futuro, e que será muito importante poupar para viver melhor a aposentadoria, pois não será mais possível contar só com a previdência social – acredita Eduardo Giannetti, professor e autor de vários livros, entre eles “O Valor do Amanhã” (Companhia das Letras).

Fonte: O Globo

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