Planos para crianças já representam 5%
Os fundos de previdência privada tornaram-se hoje sinônimo de poupança para os filhos. Pais, mães, avós e até padrinhos começam a enxergar o produto como alternativa de acumulação de recursos de longo prazo para a criançada, às vezes, desde a maternidade. As empresas de previdência privada investem em campanhas de marketing e na rede de captação, principalmente em outubro, mês da criança e em outras campanhas na maioria das instituições.
Os planos para crianças e jovens já representam 5% dos 7,5 milhões de planos de previdência do mercado, segundo o presidente da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp) e diretor executivo para áreas de seguros, previdência e capitalização do Itaú, Osvaldo Nascimento. No Itaú, por exemplo, os 150 mil planos para jovens já equivalem a 7% do total de toda a carteira. Em reservas, somam R$ 450 milhões dos R$ 15 bilhões totais de reservas de todos os planos.
Desde setembro de 2003, as provisões para os planos para menores da Vida e Previdência saltaram 168%, para mais de R$ 828 milhões até setembro deste ano, o que representa 2,2% do total dos R$ 38 bilhões em reservas totais. “Somente na campanha realizada em outubro, acrescentamos à nossa carteira mais 62 mil novos planos para jovens. Apenas nesse período, captamos R$ 151,9 milhões, mais do que tudo o que foi captado durante o ano até aquele mês”, comemora o diretor executivo de marketing da Seguros e Previdência, Jorge Nasser.
Não foi à toa que a Santander Previdência escolheu a mesma época para relançar o seu produto com foco em menores. Segundo o superintendente-adjunto de previdência privada da empresa, Flávio Perondi, entre setembro e outubro, as vendas superaram em cinco vezes o que era vendido por mês até então. Os planos para filhos representam 1,5% das reservas de previdência do banco. “A tendência é chegar até 5% do total dentro de quatro ou cinco anos”, prevê Perondi.
“Nos últimos 12 meses, as receitas com planos para menores cresceram 111% , bem acima da média de outros produtos”, diz o diretor-presidente da Real Tokio Marine Vida e Previdência, Edson Franco. Ele prevê que, que nesse ritmo, a carteira de previdência para jovens deve dobrar para 2% a participação no total e quase triplicar o volume de reservas para R$ 70 milhões, contra os atuais R$ 25 milhões.
Os gestores de fundos de previdência dizem que existem vários fatores para esse desempenho. Para Nascimento, o tratamento fiscal diferenciado para a indústria de fundos contribui para alavancar as captações. “De cada R$ 100 que os pais colocam nos fundos, R$ 27,50 se transformam em dedução do IR”.
Para Franco, o ponto forte da previdência é a flexibilidade. “A pessoa decide quanto vai contribuir para a poupança de longo prazo do filho, mas pode rever as metas, mudar os valores e ajustar o plano”, ressalta.
O diretor-executivo da Previdência diz que há uma demanda reprimida por essa modalidade de previdência no Brasil. “Existe um mercado grande e, a partir da estabilização da economia, o público começou a enxergar essa possibilidade de investimento, com menos preocupação com as incertezas”, frisa Nasser.
Embora não haja nenhuma obrigatoriedade de vincular à educação o destino dos recursos acumulados, a maioria das empresas de previdência com planos para menores foca o marketing na educação. “A sugestão de uso dessa reserva é a educação, porque é a primeira grande preocupação dos pais com os filhos”, explica Franco.
Com a possibilidade de aplicação de quantias a partir de R$ 50, os fundos de previdência para menores tornam-se acessíveis também a um público cada vez maior. “Quem tem renda de R$ 500 por mês pode comprometer 10% para a previdência do filho”, afirma o gerente comercial da Porto Seguro Previdência. As companhias estão de olho até em quem não tem filhos, como tios, tias e padrinhos, por exemplo. “Talvez tenhamos algo para esse público no próximo ano”, adianta Kasahaya.
Com o mercado de trabalho cada vez mais aberto para as mulheres, o público feminino começa a se destacar nas carteiras. “Neste ano, 47% dos novos contratos foram adquiridos por mulheres, mães ou responsáveis pelos menores”, afirma o diretor da Previdência.
A venda dos planos de previdência privada para menores tem um forte apelo emocional. “Quem não se preocupa com o futuro dos filhos”, pergunta Kasahaya. Segundo ele, um exército de 8 mil corretores em todo o Brasil tem esse produto na prateleira para oferecer aos seus clientes, junto com os demais seguros da companhia.
A capilaridade de instituições como B radesco, Itaú, Santander e Real, que têm milhares de agências em todo o território nacional, também contribui para o crescimento das vendas. Só o tem 3.400 agências pelo país afora.
Fonte: CQCS
