PL de Seguros voltará a tramitar ainda neste mês
Enquanto Lula promove confraternização com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco nesta terça-feira, 5, numa tentativa de conseguir avançar com os projetos na casa, o setor de seguros busca o líder político para aprovar o PL 29. Estivemos com Rodrigo Pacheco e ele nos disse que o projeto deve voltar a tramitar neste mês de março, contou Dyogo Oliveira, presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 4, na sede do SindSeg-SP (Sindicato das Seguradoras de SP).
Um ano de PMDS, avanços do setor e revisão para cima do crescimento de 2024 também foram temas desta conversa. Em discussão há duas décadas, o PL 29 foi desarquivado no final de março de 2023 pelo Senado e lá continua, mesmo após as atualizações acordadas com a CNseg e publicado o texto final pelo relator Jader Barbalho em outubro passado.
As alterações agradam as seguradoras que atuam nos seguros massificados, mas contrariam os resseguradores acostumados a atuar com normas internacionais. O tema ganhou a militância do ministro Fernando Haddad, que se reuniu com Pacheco assim que publicado o relatório final. A promessa de encaminhamento do Senado para a Câmara dos Deputados para votação em 2023 passou para o início de 2024.
Como nada andou, Haddad se reuniu com banqueiros, donos das maiores seguradoras, em meados de fevereiro deste ano e pediu ajuda para projetos que tramitam no Congresso, incluindo o PL 29, na sede Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Segundo Oliveira, o projeto consolida em uma lei o que hoje já é praticado pelas seguradoras e está disperso em diversos normativos, como o Código Civil, resoluções da Susep, jurisprudências de decisões judiciais, entre outros. O PL organiza regras que já são consideradas pelo setor, que já é bem regulado e resiliente, como mostrou na crise financeira de 2008 e na pandemia.
O setor seguiu solvente, pagou as indenizações e não tivemos registros de problemas em companhias do setor, afirmou. Já a maioria dos resseguradores estrangeiros, responsáveis pelo seguro das seguradoras, luta para que o resseguro siga com um normativo próprio, uma vez que os contratos envolvem riscos específicos de grandes contratos, como petróleo, embarcações, usinas, aviões e grandes fábricas.
São contratos comprados por especialistas, diferentes de seguros pessoais, quando muitas vezes o consumidor desconhece o que está comprando. O IRB RE foi um dos raros resseguradores que publicou nota em apoio ao PL. Outra mudança pleiteada pelos resseguradoras é que a arbitragem, em caso de desacordo de segurado e seguradora em relação ao pagamento da indenização, seja realizada no país de origem do ressegurador. No entanto, o PL determina que seja no Brasil. Defendemos que isso não fosse incluído no PL.
Nossa percepção é que pode ser livremente negociado entre as partes, comentou o presidente da CNseg.
Na visão dos resseguradores, o projeto tem como argumento proteger o direito dos segurados com a intervenção do Estado, mas no final engessa as coberturas para as grandes empresas, que podem vir a sofrer com restrições de capacidade financeira de resseguro para proteger seus riscos vultosos e possível aumento no custo do seguro. Revisão do arcabouço regulatório para estimular o crescimento Fora este imbróglio do PL 29, o setor segue com avanços relevantes em diversas frentes. A regulação do setor de seguros tem sido eficaz, tanto na garantia da solidez do sistema de seguros como um todo, como na garantia das relações de consumo. O mercado brasileiro de seguros é competitivo, moderno e sofisticado, ressaltou, citando diversas iniciativas.
A primeira delas foi a resolução BCB nº 324, publicada em junho do ano passado. Ela incluiu o seguro como um instrumento mitigador do risco de crédito das instituições financeiras no ano passado e agora será regulada, sendo o percentual de mitigação de risco a ser adotado um dos pontos altos da discussão.
A expectativa é de que a resolução estimule o crescimento do seguro de crédito no país, uma vez que tem como função mitigar o risco de crédito dos bancos, o derivativo de crédito ou garantia fidejussória providos por seguradoras.
O presidente também destacou a Lei de Licitações nº 14.770, publicada em dezembro passado, com destaque para a obrigatoriedade de contratação do seguro garantia em licitações de obras públicas com valores acima de R$ 200 milhões, sendo o seguro garantidor de até 30% do valor do contrato. Também passou a permitir o uso de títulos de capitalização como garantia na contratação de obras e serviços pelo poder público. Outro destaque de mudanças de regras vem da previdência e produtos de sobrevivência.
As resoluções CNSP 463/24 e 464/20 divulgados em fevereiro deste ano atualizam as regras até então em vigor, o que deve gerar mais interesse da população pelos produtos e maior competitividade no setor, além de promover educação financeira e salientar a importância do planejamento para a aposentadoria, visto que cada vez mais a longevidade cresce no país, pontuou o executivo.
Ações institucionais
Oliveira também contou que a CNseg tem realizado encontros para divulgar a importância do seguro em Estados e Municípios em todo o Brasil. Aumentar o controle das rodovias e das ruas, por exemplo, pode resultar em seguros mais baratos para a população, que tem seu patrimônio protegido por perdas involuntárias como acidentes, foi um dos exemplos citados sobre as diversas pautas institucionais a serem trabalhadas com gestores públicos.
PMDS
No dia 16 de março, o PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros) completa um ano. A CNseg pretende destacar um balanço das ações e receber novas propostas.
Todos os participantes do mercado poderão mandar sugestões.
Das 67 ações propostas, sete foram concluídas, 37 estão em andamento e duas foram excluídas. Estamos otimistas com as iniciativas, que mantém o setor de seguro num ciclo virtuoso. Já estamos revisando o crescimento de 11,5% estimado no final de 2023 para 2024. A economia cresce, o setor de seguros avança na casa de dois dígitos, as empresas estão solventes. Isso comprova que a regulamentação do setor tem sido eficiente para manter um mercado em evolução constante.
Fonte: NULL