Petrobras sai em busca de seguro para US$ 45 bi
A Petrobras, dona da maior apólice de seguro do Brasil, começa hoje a
renegociar, com resseguradores em Londres, o contrato para proteger
plataformas, refinarias e danos causados a terceiros. Em 2005, a estatal
pagou US$ 24 milhões para garantir US$ 38 bilhões.
Este ano a Petrobras quer reduzir o custo, apesar do aumento para US$ 45,7
bilhões do patrimônio a ser protegido. O mercado internacional está caro,
porém, em função das perdas causadas pelo furacão Katrina, em agosto de
2005. “Argumentaremos que estamos fora da zona de perigo, mostraremos a
nossa robustez financeira e diremos que desde 2001, com o naufrágio da P-36,
não tivemos registros de indenizações do setor”, diz o diretor Jorge Nahas.
Petrolífera faz road show em Londres para comprar cobertura para US$ 45,7
bilhões.
Começa nesta semana o road show da Petrobras, o maior contrato de seguro do
Brasil, para a apresentação do risco ao mercado internacional de seguros e
resseguros, baseados em Londres. A apresentação será feita por executivos da
Petrobras, do IRB Brasil Re, único ressegurador autorizado a operar no
Brasil, e também pelos especialistas da Willis, que se tornou a única
corretora dos contratos da petrolífera no Brasil. A Petrobras tinha seis
corretores envolvidos na intermediação dos contratos de seguros até
fevereiro, quando foi realizada a concorrência da qual a Willis saiu
vencedora.
Neste ano, a Petrobras poderá ir ao mercado internacional buscar cobertura
de resseguros em razão da flexibilização promovida pelo IRB em meados do ano
passado, autorizando todos os clientes com valores segurados acima de US$
300 milhões a negociarem suas coberturas e as apresentarem ao IRB para
aprovação, ou não. “Em razão disso, vamos fazer um único pacote, nacional e
internacional, para ganharmos em preço pela escala”, disse Jorge Nahas,
diretor executivo de planejamento financeiro e gestão de risco da Petrobras.
O valor segurado chega a US$ 45,7 bilhões e inclui todos os ativos da
Petrobras, seja on shore, off shore, refinarias térmicas, oleodutos, apólice
de responsabilidade civil, controle de poço e transporte internacional. O
transporte nacional fica todo retido no Brasil. Em 2005, a estatal
desembolsou US$ 29 milhões para proteger US$ 38 bilhões em 2005.
Nahas conta com redução das taxas de seguro para 2006. O mercado
internacional para plataformas de petróleo está com preços elevados em
função das perdas causadas pelo furacão Katrina, em agosto de 2005.
“Argumentaremos que estamos fora da zona de perigo, o que com certeza será
levado em conta. Mostraremos a eles tudo o que temos investido em segurança,
nossa robustez financeira e também nosso histórico de sinistralidade
(indenizações sobre prêmio). Desde 2001, com o afundamento de P-36 não
tivemos mais registros de indenizações do setor.”
A franquia do contrato em vigor é de US$ 20 milhões. “Estamos avaliando se
compensa aumentarmos esse valor para obtermos um preço melhor”, disse. A
Petrobras tem uma seguradora cativa, a Bear Insurance Company Ltd.,
localizada nas Bermudas. “Ela não retém riscos. Serve só como veículo para
ter acesso ao mercado internacional. Estamos fazendo estudos para trabalhar
a cativa assumindo alguns riscos, como a franquia, por exemplo”, disse
Nahas.
O contrato tem de estar concluído em junho. A seguradora que irá emitir a
apólice no Brasil será selecionada assim que o IRB tiver a cotação externa
do resseguro, o que deve ocorrer após 20 dias do road show. Aqui serão três
contratos: dos bens patrimoniais (property), de responsabilidade civil e de
transporte. Tendo o mesmo valor de resseguro e retendo uma pequena parcela
do risco no Brasil, a margem financeira para cotar este contrato é
praticamente inexistente. Geralmente, a companhia de seguros retém entre 3%
a 5% do risco, ficando o restante com os resseguradores.
A apólice de Directors and Officers fica fora do pacote, pois foi renovada
em novembro último, com cobertura de US$ 100 milhões, na Unibanco-AIG. A
cobertura de lucro cessante não é contratada pela Petrobras, que exibiu
ganhos de R$ 23,7 bilhões neste ano. “Mas estamos fazendo um estudo para ver
se a relação custo benefício se tornou favorável agora. No passado, o custo
não compensava. Por ser uma empresa integrada, sempre um ativo pode ser
usado para cobrir a perda de outro. Mas como o portfólio muda de tempos e
tempos. Estamos revisitando esse assunto para novamente submeter o assunto à
diretoria”, explicou o executivo.
Fonte: Gazeta Mercantil