Petrobras continua fora de índice sustentável
Atrapalhada pelas metas estipuladas pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), desde ação do Ministério Público Federal que terminou em um acordo ainda no ano passado, a Petrobras passará mais um ano sem integrar o rol de empresas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), cuja nova composição foi divulgada ontem pelo próprio Conselho do ISE.
No entanto, o analista Marcelo de Faro, autor da afirmação, diz entender que esse deve ser apenas um dos motivos levados em consideração. “Houve um comprometimento da Petrobras em aderir a um programa para reduzir o teor de enxofre no diesel, mas esse assunto nunca mais voltou à tona”, afirmou.
Segundo o Ministério Público Federal informou em janeiro de 2008, foi firmado um acordo com a companhia no ano passado para distribuir óleo diesel do tipo S50 (com menos enxofre) a partir de janeiro deste ano em todo o País. Produtos ainda mais limpos devem ser produzidos e distribuídos até 2016. De acordo com o texto, a Petrobras diz que não conseguiria atender o prazo por conta de um atraso de 22 meses da Agência Nacional de Petróleo na regulamentação da norma que prevê a exigência, publicada em outubro de 2007.
Em nota, a empresa afirmou que já disponibiliza o combustível apenas para ônibus em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Postos de Fortaleza, Belém e Recife já vendem o combustível também para outros veículos. Ainda segundo a nota, outras capitais e regiões metropolitanas devem ter o combustível nas bombas entre 2010 e 2011. Mesmo assim, a petrolífera se manteve pelo quarto ano consecutivo, segundo o blog da empresa, no índice de sustentabilidade do Dow Jones (DJSI, na sigla em inglês), composto por 318 empresas de 57 setores de todo o mundo – das quais 19 do setor Petróleo e Gás.
Diversidade
De olho na diversificação da carteira, com direito a aumento no número de companhias e ações, o Conselho do Índice de Sustentabilidade Empresarial (CISE) divulgou ontem a nova composição da carteira, com a entrada de oito companhias e a saída de duas outras. Agora são 43 ativos de 34 empresas – ante 36 ações de 28 empresas -, mas a carteira entra em vigor somente no dia 1º de dezembro.
Os novos representantes são Copel, Even, Itaúsa, Indústrias Romi, Redecard, SulAmérica, Usiminas e Vivo, consagrando a entrada de três novos setores: Seguradoras, Construção Civil e Máquinas e Equipamentos. Odontoprev e Celesc ficaram fora. Apesar do aumento quantitativo, o valor de mercado das companhias que compõem o índice caiu de R$ 1,21 trilhão – correspondente a 39,6% da capitalização total da BM&F Bovespa em dezembro de 2008 – para R$ 730 bilhões, ou 32,2% da capitalização atual. Para De Faro, o valor de mercado caiu porque mais ações de segunda linha passaram a integrar o índice. “Muitas das de maior valor não fazem parte do índice”, afirma.
O novo índice tem teto de 15% de participação por setor e integra até 40 empresas. O questionário, com 150 questões de seis dimensões, é encaminhado às 150 empresas mais líquidas da Bolsa; na próxima edição, serão 200.
Para a presidente do CISE, Sônia Avaretto, a entrada de mais setores no índice estimula a preocupação das empresas com a questão ambiental, trazendo, portanto, mais setores à Bolsa.
“Acreditamos em um movimento indutor. Mais empresas vão olhar para a questão ambiental”, afirmou.
Segundo ela, a evolução do índice deve trazer ainda mais estrangeiros para o mercado de capitais do País – hoje eles detêm 30% da capitalização total da Bolsa. “Eles buscam cada vez mais saber sobre a responsabilidade das empresas. Os diretores das empresas, por amor ou dor, também estão percebendo a tendência”, ressaltou, no que diz respeito à necessidade das empresas de aderir a políticas ambientais.
Sobre as empresas que não integram o índice, dentre as quais está a Petrobras, Avaretto frisou que o Conselho evita “carimbar” empresas que deixam o grupo como se tivessem deixado de desenvolver trabalhos de sustentabilidade ambiental.
“Se a empresa não entra, ou não respondeu o questionário ou não atingiu os critérios. As respostas variam de acordo com o que a empresa desenvolveu naquele ano”, disse.
“Não podemos falar individualmente o que aconteceu com cada empresa. Isso seria leviano. É melhor perguntar às próprias empresas”, ressaltou. A resposta dos questionários será enviada nesta sexta-feira.
A BM&F Bovespa aumentou o número de empresas e setores que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial, cuja nova carteira foi anunciada ontem. Mas a Petrobras continua fora do índice.
Fonte: DCI OnLine