Pesquisa revela que pessoas é o ramo mais promissor na visão do mercado segurador
Se as expectativas dos dirigentes das principais seguradoras do setor forem confirmadas, o futuro da indústria de seguros até 2015 será bastante positivo. Esta é a conclusão do economista e autor do livro “Economia e Seguro – Uma introdução”, Francisco Galiza, a partir de pesquisas realizadas em 2008 e 2009 com presidentes de companhias de seguros. O resultado desse trabalho ele apresentou em palestra promovida pelo CVG-SP, nesta quarta-feira, 12 de maio, no auditório do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sinseg-SP), ocasião em que abordou o tema “Indústria Seguradora do Brasil – Visão Executiva da situação atual e perspectivas para 2015”. Primeira pesquisa, durante a crise. No auge da crise econômica mundial, em dezembro de 2008, Galiza decidiu apurar qual era o pensamento reinante na ocasião entre os principais executivos do mercado segurador e como enxergavam o futuro da atividade. Para tanto, ele enviou um questionário aos presidentes de 25 seguradoras, perguntando desde as suas respectivas projeções de participação do seguro no PIB até os fatores que poderiam influenciar nos negócios até 2015. As respostas revelaram um mercado segurador otimista e afinado com as tendências de crescimento de alguns ramos. De acordo com Galiza, o bom desempenho de alguns ramos de seguros entre 2008 e 2009 confirmou as projeções do mercado segurador. A maioria dos entrevistados (70%) acertou ao apostar no crescimento do ramo de pessoas. Dados da Susep apresentados pelo economista confirmam que esse segmento arrecadou R$ 12 milhões em prêmios em 2008 e R$ 13,8 milhões em 2009, apresentando um crescimento de 13%. A previdência, incluindo o VGBL, também cresceu, conforme previram os executivos, aumentando sua arrecadação de R$ 31,5 milhões em 2008 para R$ 38,3 milhões em 2009, uma elevação de 22%. Perguntados sobre qual seria o tamanho do mercado em 2015, 70% dos entrevistados responderam que atingiria entre 4% e 6% do PIB. Além de o mercado caminhar para atingir essa projeção, possivelmente, antes do prazo, Galiza ressalta que esse grande otimismo foi manifestado em plena crise econômica. Em 2008, quase 80% dos presidentes de seguradoras pesquisados, apostaram que as categorias que mais consumiriam seguros nos próximos anos seriam a de pessoas físicas das classes C e D. A maioria elegeu, ainda, como principais canais de distribuição no futuro o corretor, em primeiro lugar, seguido pela Internet e pelo varejo. O grupo também projetou uma queda de preços nos custos de seguros, apontando como única exceção o seguro saúde. Segunda pesquisa, em 2009. Na segunda pesquisa, realizada no final de 2009, Galiza aumentou o número de entrevistados para 30 e inseriu algumas novas questões. A primeira constatação foi que um ano após a crise o mercado segurador está ainda mais otimista. Desta feita, 77% acreditam num aumento de participação do seguro no PIB e a maioria aposta no crescimento econômico e na melhor distribuição de renda como fatores preponderantes no desempenho do setor. Sobre a crise econômica, 52% dos entrevistados disseram que suas empresas foram pouco afetadas e 84% acreditam que o setor sairá mais fortalecido desse episódio. Sobre os benefícios da abertura do resseguro, outra questão nova na enquete, as respostas revelaram certo pessimismo. “Após a abertura, o relacionamento com as resseguradoras está positivo. Entretanto, as seguradoras ainda não viram grandes ganhos para o segmento, como novos produtos, preços mais baixos ou ganhos de lucratividade”, disse Galiza. Além de continuar apostando na liderança do ramo de pessoas, os seguradores pesquisados também avaliaram as implicações das recentes fusões no setor. Quase 80% concordam que haverá um aumento na participação de empresas estrangeiras no mercado e que tendência de concentração permanecerá nos próximos anos. Desafios e dicas. Analisando ambas as pesquisas, Galiza concluiu que a concretização das projeções traçadas pelos executivos dependerá de alguns desafios. O primeiro a ser vencido será a conscientização da população, por meio de campanhas educativas, sobre os benefícios do seguro. Outro desafio será motivar os corretores de seguros a venderem seguros de pessoas e previdência. Nesse sentido, o economista forneceu algumas dicas aos corretores. “Atenção ao “cross-selling”. Aproveite as informações que já estão na casa, ou seja, datas de nascimento, estado civil, filhos, classe social dos segurados de automóvel, saúde etc., para elaborar uma apresentação de planos sob medida em ações sazonais”. Como estratégia, ele sugeriu a esses profissionais que realizem um levantamento entre os clientes pessoa física daqueles que possuem seguro de vida e, a partir desses dados, invistam em ações de atualização de capitais segurados. No mailing de clientes pessoa jurídica, seu conselho é a apresentação de proposta de planos complementares de adesão individual para funcionários que desejam aumentar o valor do seguro de vida em grupo concedido pela empresa. Desenvolver outros canais de distribuição foi outro desafio apontado por Galiza, para qual a questão será resolver a regulamentação da polêmica figura do agente. Por fim, um ponto comum nas pesquisas, que é a necessidade de desenvolvimento de novos produtos, sobretudo em vida individual, Galiza acredita que uma condição importante será a maior flexibilização na legislação em relação à remuneração dos canais de distribuição. www.midiaseg.com.br
Fonte: AIDA