Pesquisa avalia impactos da crise
O pior da crise financeira internacional ainda está por vir na opinião de executivos brasileiros. Pesquisa realizada em conjunto pela Advance Marketing, pelo Grupo Cherto e pela ESPM com 580 dirigentes de empresas, mostra que para a maior parte deles (75%) o grande impacto da crise será sentido no primeiro semestre de 2009. Para 15% dos executivos consultados, o grande impacto já está sendo sentido neste final de ano e para os outros 10% o efeito maior virá no segundo semestre de 2009.
O estudo foi realizado no mês passado com empresas de segmentos variados, desde varejistas até empresas de tecnologia e telecomunicações, passando por logística, educação e serviços financeiros. O estudo mostra que a crise deve reduzir, em média, em 11,86% o faturamento das empresas este ano. Já para 2009, os entrevistados calculam que a crise financeira internacional deve impactar negativamente seus faturamentos em 16,12%.
Sem a crise, 66% das empresas cresceriam entre 10% e 49% este ano, de acordo com o estudo. Com a crise, a expectativa desse nível de crescimento só é esperada por 39% das companhias entrevistadas. “Além disso, 20% das companhias consultadas esperam faturar menos este ano em relação a 2007”, afirma o presidente da Advance, Dagoberto Hajjar.
Para 2009, os cenários traçados pelas empresas são um pouco mais pessimistas. Sem a crise, o crescimento entre 10% e 49% poderia ser atingido por 70% das companhias entrevistadas. Já com a crise, o número cai para 31%. “E o número de empresas que esperam reduzir faturamento em relação a 2008 sobe para 25%”, diz Hajjar.
Segundo o estudo, o porte das empresas não interfere muito nas expectativas de crescimento. É o segmento de atuação que determina maior ou menor estimativa de expansão. Assim, os segmentos automotivo, de serviços financeiros e de seguros são os que sentem as maiores reduções de crescimento para 2008 e 2009. Já os segmentos de fast-food/ restaurantes, saúde e bem-estar e mídia e comunicação são os que sentem menos o impacto da crise em suas taxas de crescimento.
A retração do mercado é o principal efeito da crise de acordo com os executivos entrevistados. Mas o aumento dos preços em virtude da valorização do dólar em relação ao real também ganhou peso entre os impactos negativos. “Um dos comentários feitos por executivo diz respeito às notícias e ao efeito psicológico da crise que fazem com que até empresas que não seriam afetadas adotem medidas de redução de custos, prejudicando o consumo e o mercado”, diz Hajjar.
Apesar das estimativas de redução em vendas, os executivos conseguem enxergar efeitos positivos provocados pela crise financeira internacional. “Não é possível mudar os ventos, mas dá para ajustar as velas”, afirma o presidente do Grupo Cherto, Marcelo Cherto. Na opinião do consultor, o pequeno empresário normalmente é mais otimista porque está muito mais perto do consumidor, é mais flexível e capaz de enxergar toda a empresa com mais facilidade. “O pequeno varejo reage muito no dia a dia, e isso pode ser perigoso”, pondera o coordenador do Núcleo de Estudos do Varejo, professor Ricardo Pastore.
Fonte: Gazeta Mercantil