Para sair do vermelho, Medial faz reestruturação
Um dos maiores planos de saúde do país com 1,5 milhão de beneficiários, a Medial está promovendo uma profunda reestruturação para voltar a operar no azul. Há quatro trimestres seguidos a Medial só fecha no vermelho, sendo que de abril a junho o prejuízo chegou a R$ 31 milhões – o maior já registrado pela operadora desde o IPO (oferta inicial de ações) em 2006.
Diante do cenário, a Medial contratou a consultoria Galeazzi & Associados, que começa a trabalhar nos próximos dias e vai se debruçar sobre os números do balancete da operadora pelos próximos seis meses. “A Galeazzi vai nos ajudar a fazer uma revisão da nossa estratégia comercial, da estrutura de custos, reavaliar índices de desempenho e o nosso plano estratégico para 2010”, disse Emílio Carazzai, presidente da Medial há um ano.
O programa de reestruturação engloba no total 47 projetos. Mas as atenções estão voltadas principalmente para a redução de custos e realinhamento de preços dos planos.
Segundo analistas do mercado, um dos motivos do resultado negativo da Medial estava em sua tabela de preços. “No passado, a empresa foi agressiva para atrair clientes e provavelmente precificou mal”, disse Daniel Gewehr, analista do banco Santander. “Houve um aumento expressivo na provisão de eventos ocorridos e não comunicados que afetou o balanço. Esse aumento pode ser reflexo de uma mal precificação”, complementou Iago Whately, analista da área de saúde da Fator Corretora. A despesa com provisão foi de R$ 35,7 milhões, em comparação com R$ 2 milhões no mesmo período do ano passado.
A expectativa é que a Medial seja mais criteriosa nas negociações com seus clientes para compensar as perdas. “Hoje, a Medial está mais seletiva. Está preferindo perder um cliente que dá prejuízo. Antes, ela manteria esse contrato”, disse Gewehr. Nas últimas três negociações de reajuste de preço nos planos empresariais, os aumentos variaram de 11% a 30%, segundo o presidente da Medial.
Outra frente que vai demandar atenção da Medial é a redução de custos médicos. Os eventos indenizáveis líquidos somaram R$ 776,8 milhões no segundo trimestre, alta de R$ 136 milhões em relação a igual período de 2008. A sinistralidade bateu em 82,2% contra 76,56% no período.
Outra ação dentro da reestruturação da empresa foi a demissão de executivos do alto-escalão. Nesse último ano, o número de diretorias foi reduzida de 12 para 8. Em agosto, quando a operadora divulgou seu prejuízo recorde, dois importantes diretores foram dispensados da casa.
O mercado não espera que a empresa volte a apresentar lucro ainda este ano. Mas o anúncio da contratação da Galeazzi, feito para os analistas financeiros em teleconferência em 14 de agosto gerou boas expectativas. Os papéis da Medial tiveram valorização de 23,4% desde essa data até 4 de setembro. Levando-se em consideração um dia antes, ou seja, 13 de agosto, dia em que a Medial enviou os resultados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sem ainda ter conversado com os analistas, a ação teve alta de 12,3%.
Fonte: Seguro em Pauta