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Para o G-8, crise ainda é tema central

Quando os líderes dos países mais industrializados se reuniram em Londres, em abril, para definir a resposta à recessão global, o panorama econômico era assustador. A produção mundial tinha caído muito, os mercados de capital estavam congelados por causa da recusa dos bancos em fazer empréstimos e havia sinais de retomada do protecionismo que poderia prolongar o declínio.
No dia 8 deste mês, líderes dos países do G-8 e das maiores economias emergentes se reúnem na Itália com o objetivo de avaliar o progresso obtido desde abril. A conclusão? Algumas reformas, principalmente as relacionadas aos serviços financeiros, estão tomando forma em todo o mundo. Mas uma recuperação na economia como um todo ainda não se firmou, apesar das centenas de bilhões de dólares de pacotes de estímulo e resgate injetados em países e empresas. A ausência de uma reversão mais clara pode obrigar o G-8 a prometer medidas adicionais.
“É verdade que a situação está piorando menos, mas ainda não escapamos do perigo”, disse Jonathan Loynes, economista-chefe para a Europa da empresa de consultoria Capital Economics, com sede em Londres. “O G8 pode produzir sinais estimulantes, mas a maioria das medidas precisa ser implementada no nível nacional ou local.”
Desde o encontro de abril, muito líderes estiveram ocupados com essas medidas. A grande prioridade tem sido a reforma das estruturas de regulação financeira. Em junho, o presidente Barack Obama divulgou grandes mudanças nos serviços financeiros, que refletiam propostas definidas na reunião de Londres. Essas incluíram a criação de duas novas entidades reguladoras – o Conselho de Supervisão dos Serviços Financeiros e a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor -, além de dois novos supervisores de bancos e seguradoras. O banco central americano, Federal Reserve (Fed), também vai receber novos poderes de supervisão sobre instituições que possam representar ameaça à estabilidade financeira geral.
MAIS SUPERVISÃO
A União Europeia também começou a agir, aprovando leis que aumentam a transparência dos instrumentos financeiros securitizados e a supervisão das agências de classificação de crédito – dois objetivos centrais debatidos durante a reunião de cúpula em Londres.
Os próximos itens na agenda são os planos para obrigar diretores dos fundos de hedge a se registrarem e uma proposta para transferir a negociação dos complexos contratos derivativos dos bastidores para as transações reguladas.
“Os reguladores têm apertado o cerco ao serviços financeiros”, diz Rym Ayadi, pesquisador sênior do Centro de Estudos de Políticas Europeias, com sede em Bruxelas. “Estão acrescentando novas camadas de supervisão, o que representa um passo na direção certa.”
Mas, apesar de o aumento no controle financeiro ajudar a prevenir crises, as tentativas feitas pelos governantes para retomar o crescimento econômico à força não obtiveram o mesmo sucesso. Em abril, os líderes mundiais prometeram outros US$ 750 bilhões em fundos para o Fundo Monetário Internacional com o objetivo de ajudar os países em desenvolvimento a combater o declínio.
Isto se somou às iniciativas domésticas, entre elas o chamado afrouxamento quantitativo, segundo o qual os bancos centrais adquirem ativos públicos e privados de alta qualidade e baixa liquidez, como títulos corporativos, para aumentar os fluxos de capital. O Fed e o Banco da Inglaterra adquiriram ativos desse tipo no valor de bilhões de dólares, enquanto o Banco Central Europeu, que supervisiona os 16 países da zona do euro, ofereceu financiamento de curto e médio prazo para preencher o vácuo deixado pelo congelamento dos mercados de capitais.
Apesar dessas e de outras medidas, as perspectivas econômicas seguem tempestuosas. De acordo com o Banco Mundial, o PIB mundial deve recuar 2,9% em 2009 e crescer 2% em 2010. Boa parte da responsabilidade pelo declínio recai sobre o agudo recuo no comércio global, que está 10% abaixo do seu nível anual, e à diminuição verificada este ano no investimento estrangeiro, que chega a US$ 363 bilhões em todo o mundo, quase metade do valor registrado no ano anterior.
Desde a última reunião em Londres, os políticos responsáveis pela elaboração de medidas fizeram grande progresso na reforma da regulação financeira. Mas, se não conseguirem devolver em breve a economia ao rumo certo, é possível que alguns deles façam sua última participação nas reuniões do G-8.

Fonte: O Estado de São Paulo

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