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Para o bem do país, juros devem cair rapidamente (Editorial)

Na próxima quarta-feira, o Banco Central terá tudo para dar uma importante contribuição ao país. Com a recessão ainda fazendo estragos na economia, sobretudo no mercado de trabalho, e a inflação desabando, a autoridade monetária poderá surpreender os agentes financeiros e cortar a taxa básica de juros (Selic), além do um ponto percentual no qual aposta a maioria do mercado. Não há, neste momento, nada que justifique um BC tão conservador. Se ratificar a posição dos bancos, derrubando a Selic de 12,25% para 11,25% ao ano, a instituição imporá um custo adicional à atividade.

Dada a gravidade da situação do país, com 13,5 milhões de desempregados e milhares de empresas fechando as portas todos os dias, o ideal seria que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzisse os juros em 1,25 ,ou mesmo em 1,5 ponto percentual, o que derrubaria a taxa básica para abaixo de 11%. Quanto mais conservador for o Banco Central neste momento, mais tempo levará para a economia  sair do atoleiro. O Brasil precisa de um BC mais ousado e comprometido com a recuperação da economia. A inflação está mais que controlada. Diante de recessão tão severa, não há risco de reajustes abusivos de preços.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nos três primeiros meses deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,96%. Foi a menor taxa para o período desde 1994, ano em que foi implantado o Plano Real. Todas as projeções, mesmo as mais conservadoras, indicam que, nos 12 meses terminados em abril próximo, o custo de vida ficará abaixo de 4,5%, o centro da meta perseguida pelo BC. Não é só. Até agosto, também em 12 meses, é possível que o IPCA encoste nos 3%, encerrando o ano entre 3,5% e 3,8%.

Todas as estimativas do mercado até 2020 apontam para inflação abaixo ou no centro da meta. Muito dessas expectativas positivas decorrem da posição firme do Banco Central no combate à carestia. Credibilidade, portanto, não falta à diretoria comandada por Ilan Goldfajn. Se deixar a moderação de lado e pisar no acelerador, o time de Ilan continuará gozando do mesmo respeito. Todos, sem exceção, sabem do comprometimento do BC em manter o custo de vida girando ao redor do centro da meta. Mas ninguém aguenta mais um ano de crescimento próximo de zero ou de queda do Produto Interno Bruto (PIB).

Um corte mais acentuado da Selic, porém, deve ser acompanhado de uma ação mais contundente do BC sobre os bancos. Desde que a autoridade monetária começou a reduzir a taxa básica, em outubro do ano passado, em vez de diminuírem os juros para consumidores e empresas, as instituições financeiras os aumentaram. Ou seja, o crédito ficou mais caro, sob a alegação de que a inadimplência cresceu. Os próprios registros do BC explicitam que o calote recuou. Na verdade, os bancos aproveitaram o alívio dado pela autoridade monetária para ampliar os lucros. É preciso um basta nesse tipo de comportamento. Já passou da hora de os bancos darem a devida contribuição à tão desejada retomada do crescimento econômico.

Fonte: Correio Braziliense

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