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Papai Noel deixou… uma carteira de ações

Faltando pouco para o Natal, crianças e adolescentes viraram o novo alvo das corretoras e gestoras de recursos.
Com fundos e marketing específicos para os pequenos, elas estimulam os pais a presentearem seus filhos com uma carteira de ações e a promessa de um futuro financeiro mais planejado. Segundo especialistas, o fato de os papéis serem um investimento de longo prazo faz com que elas se tornem uma boa alternativa para quem tem tempo para acumular reservas.
Na XP Gestão de Recursos, por exemplo, são crescentes os cadastros de crianças nascidas entre 2005 e 2009. Até agora, já são 150 investidores com esse perfil.
– Ninguém pode investir mais no longo prazo que uma criança de poucos meses. Antigamente, nossos pais faziam isso dando uma poupança para as crianças. Nos últimos anos, com a queda dos juros básicos (Taxa Selic), isso está sendo substituído por ações – diz o sócio da XP Eduardo Glitz.
Indicação é para “blue chips” e distribuidoras de dividendos Na Icap Brasil, o diretor Paulo Levy tem notado uma procura maior por investimentos para as crianças e adolescentes. Ele atribui a demanda a um conjunto de fatores: popularização da internet, aumento da participação de pessoas físicas no mercado de ações, e queda da Selic.
– A criançada vai ficando mais esperta por conta do maior acesso às informações.
Eu mesmo tenho uma filha de 14 anos que há um ano e meio pede para montar uma carteira para ela – diz.
Segundo ele, neste caso, o ideal é procurar papéis de empresas consideradas blue chips (conhecidas no mercado e com grandes volumes de negociação com seus papéis, como Vale e Petrobras). Há um outro grupo de investidores, explica, que aposta nas boas pagadoras de dividendos, encontradas, por exemplo, nos setores de telefonia e energia: – Para este tipo de investimento, você não vê os clientes garimpando ações de segunda e terceira linhas porque são papéis que exigem um acompanhamento maior.
O diretor de varejo da corretora Wintrade, Paolo Mason, diz que, para abrir uma conta basta ter CPF, certidão de nascimento e um responsável legal.
Para ele, aos poucos, as carteiras de ações substituirão a caderneta de poupança: – É uma mudança de atitude e de cultura. Até sete anos atrás, a gente tinha um juro básico de 20% a 25% ao ano e só se pensava em renda fixa como alternativa de poupança. Da mesma forma, a gente não via pessoa física comprando R$ 2 mil a R$ 10 mil na Bolsa. Era muito mais caro operar – lembra.
A Wintrade tem feito simulações de investimentos com base nos últimos anos para convencer os clientes da nova tendência.
Segundo a corretora, quem investiu R$ 100 em ações da Petrobras em dezembro de 1998 tinha acumulado R$ 3.465 em novembro deste ano.
Especialista em psicologia financeira, a professora da Fipecafi Vera Rita Ferreira gosta do conceito de poupança de longo prazo com ações. Mas alerta para o cuidado que os adultos devem ter ao dar o presente: – Até sete anos, considerada a idade da razão, a criança não vai ter um grande entendimento sobre aquele presente. Seria o mesmo que fazer um plano de previdência privada ou poupança em nome dos filhos, sem significado direto para eles.
Perigo é criança achar presente sem graça Após essa idade, Vera Rita acha que a carteira de ações pode ser uma boa forma de apresentar conceitos financeiros para os pequenos. Mas o presente não deve ser isolado.
– É interessante que ela também receba um presente mais concreto, até para poder comparar a satisfação do curto prazo com o longo prazo. Se não, pode achar o presente sem graça e passar a ter uma visão até mesmo negativa do conceito de poupança – aconselha.
Já a consultora Cássia d”Aquino acha fora de propósito presentear crianças com ações.
– A criança, no mínimo, pode achar esse presente uma chatice.
Isso é mais para adolescentes, de 14 a 15 anos, depois que ele já tiver contato com outros tipos de investimentos mais tangíveis – avalia.
O consultor de sistemas Marcio Pulcinelli vai aproveitar que a filha Ana Beatriz é recémnascida – e ainda não liga para presentes – para dar a ela uma carteira de investimentos.
– O objetivo é ensiná-la a operar conforme for crescendo, aos poucos

Fonte: O Globo

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